sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

A CONTA DO TEMPO - Soneto de António Fonseca Soares

Jorge Lage
Uma obra prima!
Pode ser resumida em «carpe die!»
Foi um amigo que mo fez chegar, mas o título foi modificado por mim.

Jorge Lage
jorgelage@portugalmail.com







Soneto, obra-prima do trocadilho, escrito no século XVII por António Fonseca Soares.

  A CONTA DO TEMPO

Deus pede estrita conta de meu tempo.
E eu vou, do meu tempo, dar-lhe conta.
Mas, como dar, sem tempo, tanta conta,
Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo?


Para dar minha conta feita a tempo,
O tempo me foi dado, e não fiz conta.
Não quis, sobrando tempo, fazer conta.
Hoje, quero fazer conta, e não há tempo.


Oh, vós, que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passatempo.
Cuidai, enquanto é tempo, em fazer conta!


Pois, aqueles que, sem conta, gastam tempo,
Quando o tempo chegar, de prestar conta
Chorarão, como eu, o não ter tempo...


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