Barroso da Fonte |
Dos oito titulares da I República (Teófilo
Braga, Bernardino Machado, Sidónio Pais, Canto e Castro, António José de
Almeida, Manuel Teixeira Gomes e Bernardino Machado), distinguiu-se Manuel Arriaga que exerceu o cargo entre 24
de Agosto de 1911 e 26 de Maio de 1915. Era oriundo de famílias aristocráticas
e descendente de flamengos. O pai deixou de lhe pagar os estudos e deserdou-o.
Trabalhou, dando lições de inglês para poder continuar o curso. Formou-se em
Direito;advogado,professor,escritor,político e deputado;Também foi vereador da
Câmara Municipal de Lisboa; Reitor da
Universidade de Coimbra;Procurador-Geral da República.
Passou cinquenta anos da sua vida a defender
uma sociedade mais justa. Com 71 anos foi eleito Presidente da República. Disse
na tomada de posse: "Estou aqui para servir o país. Seria incapaz de
alguma vez me servir dele..."
Recusou viver no Palácio de Belém, tendo
escolhido uma modesta casa anexa a este. Pagou a renda da residência oficial e
todo mobiliário do seu bolso. Recusou ajudas de custo, prescindiu do dinheiro
para transportes,não quis secretário, nem protocolo e nem sequer Conselho de
Estado. Foi aconselhado a comprar um automóvel para as deslocações, mas fez
questão de o pagar também do seu bolso. Chamava-se Manuel de Arriaga e foi o
primeiro Presidente da República Portuguesa.
A
segunda República viveu-se entre 1926 e 1974 com cinco titulares(Mendes
Cabeçadas,Gomes da Costa, Óscar Carmona, Craveiro Lopes e Américo Tomás).
Carmona foi aquele que mais tempo permaneceu no cargo de chefe de Estado; entre
1926 e 1951: 25 anos. Ele e Salazar, conseguiram fazer o jogo do «Roque e da
Amiga».Isolaram-se no casulo da férrea submissão popular, reprimiram a
libertinagem pela redução da liberdade e,impuseram um clima de vigilância
serrada contra a corrupção.
Os 48
anos de republicanismo exacerbado, não permitiram ao Povo português uma
abertura expansionista como seria desejável,antes mantiveram uma situação
social controlada que evitou indisciplina laboral,fidelidade no respeito pelos
valores morais e ausência de escândalos que são hoje o pão nosso de cada dia.
Infelizmente
a terceira República nos quarenta anos que leva de liderança constitucional não
tem primado pela transparência política. Se Spínola e Costa Gomes não tiveram
tempo para aquecer os lugares e nada tenham que se lhes aponte, a não ser de
ordem política, já o mesmo não aconteceu com os três seguintes que já
terminaram os seus mandatos: enquanto Ramalho Eanes passou incólume à corrupção
e a aproveitamentos ilícitos, Mário Soares não soube ser «o pai da democracia
portuguesa». Deu várias voltas ao mundo à custa do erário público, fez vista
grossa a excessos perdulários e, nem pouco mais ou menos prescindiu de
mordomias, como fez Arriaga. O Estatuto que promulgou a seu favor (e contra o
seu antecessor) e os rancores que ainda agora saem da sua boca, não abonam, em
nada, o epíteto que aceita e reclama de pai da democracia. Jorge Sampaio também
aceitou aquele estatuto e ainda recebe
uns «gratificados», como por exemplo na Capital Europeia da Cultura. Para esses
não houve crise. E Cavaco Silva não se livra das críticas à falange de «amigos
do alheio» de que se rodeou quando foi primeiro ministro.
Barroso
da Fonte
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