Jorge Lage |
1- As Festas da Senhora do Amparo de Mirandela, em 2014,
definharam? –
Dizem que, este ano, a Marcha Luminosa não tinha tanta luz e terá havido menos
entusiasmo dos figurantes. Onde estão os grupos garbosos das Terras de
Isaltino, perdão, de Oeiras, que abrilhantavam a Festa? Dizem que foi a chuva
que afastou a gente? Mas, já houve anos que a chuva ameaçava e todo o concelho
e os vizinhos cumpriam a promessa, feita logo ao desfazer da Festa anterior: Oh! Senhora do Amparo// Eu p’ró ano lá
hei-de ir,... E voltavam! A pé, em pequenos ranchos de vizinhos, «camboios» e mais «camboios» a abarrotar
de gente, da corda de Macedo e de Bragança e do vale do Douro e do Tua, para
partirem à noitinha, até de madrugada. Outros chegavam nas «caminhetas» da corda de Valpaços, de
Chaves, de Murça, do Vale da Vilariça, de Alfândega ou Vinhais. Outros, ainda,
apareciam a cavalo em burras, machos e cavalos, conforme as posses e a
agilidade. Depois, havia sempre um curral, um cortelho, um eirado e até no
mítico areal das lavadeiras de Mirandela, onde guardar as bestas bem arreadas e
o farnel por perto. Tempos da nossa história monográfica recente e que a
maioria já esqueceu. Voltando às Festas da Senhora do Amparo de 2014, alguns
chegam a atirar que não havia mais 30% ou 40% da gente das boas romarias de
anos recentes. Terá a «orquestra dos Bombos» esmorecido um pouco? As festas são
como a vida têm que evoluir na continuidade, o que pressupõem criatividade e
respeito pela tradição. Se as pessoas pensam que com uns foguetes, duas ou
quatro bandas de música e um conjunto de espanta gente pela barulheira
infernal, têm as ruas da cidade cheias, desenganem-se é preciso muito mais.
Aliás, as festas são cada vez mais e a gente cada vez menos. Dizem que o
fogo-de-artifício foi o habitual, o que é um bom sinal do Município e da Festa.
O foguetório foi sempre uma das boas imagens de marca das Festas. Eu não fui à
Festa, até podia dizer que «a festas, bodas e baptizados só vão os convidados».
Contudo, faltaria à verdade, porque o Jerónimo Pinto convida-me sempre, sempre
e este ano também. Acredito que a Comissão de Festas deu o seu melhor e a minha
crítica deve ser vista, apenas, como uma reflexão. Porque, dizem, mirandelenses
atentos, que as festas perderam muito romeiro e forasteiro, talvez sejam os
tempos da crise a «ajudar ao pálio».
2- Uma bela oração poemada à Senhora do
Amparo, de Maria Augusta Ribeiro – Para se escrever com tanta profundidade,
com tantos sentimentos, emoção e imaginação tem que se estar de bem com a vida
e ser-se mestre na arte de poetar. A nossa poetisa continua a saborear a vida
com o que tem de belo na dança das letras. Depois lá longe, no seu reduto
solitário tem sempre uma palavra amiga, de conforto com quem não vê a vida
fácil. O poema inédito que fez à Senhora de Mirandela, «Nossa Senhora do
Amparo», que saiu na edição do jornal das festas, foi do melhor que tem
produzido. Por isso, lhe mando um sentido e grato abraço de parabéns, esperando
que a sua musa e engenho poético nunca a abandonem por muitos e muitos anos.
Mirandela deve orgulhar-se da talentosa poetisa, pena é que as Escolas e outras
instituições se tenham esquecido de a chamar para momentos especiais. O poema à
«Nossa Senhora do Amparo» até tinha ficado bem na «Missa Solene da Festa»,
seria uma bela oração à Mãe de Jesus e, para muitos, valeria muito mais que
alguns sermões gongóricos. Os seus belos poemas são sempre da primeira leitura,
que releio por prazer e por querer voar nas asas da imaginação. Parabéns a
Maria Augusta Ribeiro! Parabéns ao Notícias de Mirandela por dar sempre aos
seus poemas um toque de distinção e de cor, que bem merece!
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