Habitantes de Amerli (Iraque) |
Três
meses depois da pesada derrota turca de Sarikamish (no ano de 1915), frente às
tropas russas, o governo de Istambul delibera contra a população arménia um
conjunto de medidas e operações que considera como o “restabelecimento da ordem
na zona de guerra”. O que deu origem a um homicídio colectivo praticado à
escala do país, diante dos olhos dos representantes da comunidade
internacional. Este genocídio, nunca reconhecido pela Turquia, foi denunciado
através de inúmeros relatórios que fazem parte da antologia publicada desde
1916, por James Bryce, presidente da Associação Anglo-Arménia, que recorreu à
colaboração de um jovem historiador de Oxford, Arnold Toynbee, com o titulo
Livre bleu du gouvernement britannique concernant le traitement dos Arméniens
dans l'empire ottoman.
Mulheres e crianças resgatadas pelo exército Iraquiano e pelos Peshmerga Turcos, com a ajuda da aviação americana |
Com
o Relatório Secreto do pastor Johannes Lepsius, a dissertação do embaixador
americano Mongenthau e o testemunho do jornalista alemão Harry Stuermer, temos
o conhecimento fiel daquilo que Toynbee designou de “o homicidio de uma nação”.
A
lei provisória de deportação de 27 de Maio de 1915, promulgada pelo governo de
Istambul, dá assim cobertura legal a esta gigantesca operação de deportação dos
Arménios da Anatólia. Dos cerca de 1.400.000, apenas 300.000 se conseguiram
refugiar na Rússia. Os restantes foram mortos (cerca de 800.000) ou reduzidos,
nos campos de morte em Alep, a uma condição
semelhante à dos judeus na Alemanha Nazi.
A
deportação geral atinge todas as províncias da Cilícia, sem qualquer
resistência por parte da população.
Mas
como toda a regra tem a sua excepção, ela surge em Mussa Dagh. Aí, a acção
heroica de 4000 homens repeliu todas as investidas dos soldados turcos até
serem socorridos por uma esquadra da Marinha francesa.
Esta
história, contada no célebre romance de Franz Werfel, Os 40 Dias de Mussa Dagh, lembra-nos a heroica acção dos
habitantes de Amerli, no Iraque de hoje.
Enquanto
os habitantes das outras cidades se foram submetendo ao ISIS, sem resistência,
os habitantes de Amerli, a partir do dia 18 de Junho, optaram por deixar as
suas plantações e pegaram nas armas, resistindo como puderam durante dois meses
(!), à investida dos delinquentes do ISIS,
até serem resgatados pelas tropas do seu país (Iraque), com a ajuda da
aviação americana e dos soldados Curdos (os Peshmerga).
Armando
Palavras
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