Por: Costa Pereira
Se o meu principal objectivo era de facto
participar na eucaristia dominical de 5 de Abril, as minhas madames além
disso estavam também empenhadas em fazer uma visita ao "Mercado de
Kissala" que nos arredores da cidade do Huambo aos sábados junta feirantes
de todo o género e feitio. Os que mais me impressionou ali, foram os miúdos que
com rosto de pobres, em país rico, sobraçavam sacos de plástico, na expectativa
de haver alguma alma caridosa que carecida de algum para levar as compras, em
troca largasse o seu centimo de kuanza...
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Tomando a direção de São Pedro para daqui
apanhar em género de picada o trilho que quase intransitável conduz a Kissala
lá se conseguiu chegar sem ficar atolado no lamaçal e terreno esburacado.
Milagre de São Pedro ou da Virgem de Fátima que nos faziam companhia.
A feira vende de tudo, de tudo que uma
população desabituada de viver à farta e à portuguesa, precisa de gastar.
Assim, em vez dos carrinhos "papa-moedas", dos nossos Hipermercados,
são os artesanais carretos em pau de madeira, tipo carreta, que servem de apoio
na condução das cargas, e que para ganhar a vida alguns angolanos se prestam a
conduzir a pulso.
Aqui temos um desses exemplares, que a
cima estão amontoados, à espera de clientes, assim como também o
"taxe" que pintado à "dragão...", se vê a meio corpo.
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No género é o maior certame de comércio
feirante que semanalmente no Huambo tem lugar, e por isso mesmo merecia outras
condições que não tem: acessos, condignos; espaço, dotado com barracas e
instalações sanitárias decentes, e um chão, em condições do feirante poder
circular ali, com agrado, quer em tempo chuvoso, quer em época de cacimbo.
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Do vestir ao calçar, dos tecidos ao
artesanato, dos aparelhos eletrónicos ao fogão a gás ou a carvão, da pedaleira
à motorizada, do pescado ao talhante, das frutas e hortaliças aos cereais,
passando pelo comes e bebes, o Mercado de Kissala de tudo é abastecido.
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Aqui as motorizadas fazem lembrar
antigamente os porcos nos "19" de Fermil de Basto, ou as vacas nos
"27" do Bilhó, também expostas num espaço descampado a que chamavam e
chamam feira.
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Em fim, a hora do almoço já vai bastante
esticada, demorar por aqui era uma hipótese, só que os olhos também comem!...
Se a ASAE calha de ser convidada pelo Governo angolano a fazer notar o seu olho
clínico no espaço higiénico, já não digo no económico, dos comes e bebes,
a maioria dos comerciantes está tramada, fecham-lhe o negócio, a porta não,
porque muitos não a têm.
Foi uma boa maneira de regressar mais cedo
aos aposentos e depois de limpar a lama dos sapatos e mudar de calças que no
Mercado se sujaram procurar um restaurante que sirva bem e que no Huambo já
existem vários. E com a cozinha portuguesa a marcar pontos.
Continua
A
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