No dia três de Agosto de 1914, a Alemanha declarava guerra à França e
lançava uma campanha de invasão da Bélgica. Esta invasão foi provocada pela
crise de Saravejo, onde o Arquiduque Francisco Fernando de Habsburgo-Lorena (herdeiro
do império Austro-Húngaro) e sua mulher haviam sido assassinados por uma seita
anarquista (de deriva socialista), a “Mão Negra”.
O que depois viria não poderia ser bom. Edward Grey, ministro dos Negócios
Estrangeiros, previu-o na noite de quatro de Agosto, enquanto observava as
luzes acesas nos gabinetes de Whitehall: “As lâmpadas apagam-se em toda a Europa.
Não voltaremos a vê-las acesas antes de morrer”.
O que Grey previu foi o que sucedeu desde essa noite até 11 de Novembro de
1918– a catástrofe. Aquilo que só um político com a visão e estatura de
Bismarck, conseguira, através de acordos com as várias nações (alguns
secretos), durante décadas evitar.
A Grande Guerra tinha sido despoletada por meia dúzia de políticos
medíocres.
A “invasão” da Ucrânia pelos camiões Russos, ultrajando o governo de Kiev,
desrespeitando o direito internacional, trouxe-nos à memória o episódio de
Saravejo em 1914.
O que Vladimir Putin demonstrou é que não está à altura de comandar um país
como a Rússia. Só a sabedoria europeia e americana permitiu que a catástrofe
prevista por Grey em 1914 se não consumasse 100 anos depois, agora com as
consequências previstas por Einstein.
Kruchtchev foi imprudente (e aventureiro)
na crise de Cuba em 1962 (como o foi agora Putin) , mas foi criticado
pelos seus pares do kremlin.
Tivesse Vladimir usado a inteligência e teria hoje a Ucrânia nas mãos sem
disparar um tiro. Como país independente, é certo, com algumas matizes
europeias, mas sob influência total (em todos os aspectos) da Rússia.
Sem comentários:
Enviar um comentário