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Fotografia - Jorge Lage |
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Jorge Lage |
5- Associação Cultural e Festiva «Os Sinos da Sé» (de Braga) – Não
vos vou falar dos sinos de bronze que tangem ou repicam em momentos de alegria,
de tristeza e de revolta. Outrora marcavam o tempo e anunciavam ou informavam o
que se passava nos povoados. A Associação Cultural e Festiva «Os Sinos da Sé» é
um grupo a que me prendem fortes e inquebráveis laços de gratidão. Sempre que
eu (sócio n.º 1) apresento um livro na Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro em
Braga, eles aparecem de surpresa, sem se fazerem anunciar, cantam quadras
alusivas à castanha e ao S. Martinho, contagiam. Fazem-me viver momentos
mágicos e de sonho, ou seja, por minutos tenho o privilégio de viver o Céu na
Terra. Ouvi-los soa sempre a novidade e a alegria. O Director e principal animador
deste grupo é o Mestre (em quase tudo) José Hermínio Machado, de Terras de
Jales e radicado em Braga. O grupo é heterogéneo desde professores catedráticos
a médicos, gestores,… Tanto são capazes de actuar ao ar livre como em salão ou
animar uma missa. O José Machado, um dos maiores folcloristas nacionais, pouco
antes da comemoração dos quinhentos anos da chegada dos navegadores portugueses
a Malaca, teve uma bolsa de um mês para estudar e contactar o bairro português
de Malaca, de onde trouxe algumas canções e danças que foram cantadas e
dançadas em Portugal pela primeira vez. Agora, adoptou para o final das suas
mensagens um excerto da conversa tida com o malaio (de Malaca), Noel Félix,
descendente dos primeiros portugueses
por aquelas longínquas paragens, em dialecto dos portugueses de Malaca: «Nussa
linggu kum alma nang podi kompra kum pataca. Nus papia mutu tantu antigu,
linguasa di cinkocentu anu». Traduzindo, «A nossa língua e alma ninguém pode
comprar com pataca (dinheiro). Nós falamos à antiga, linguagem de 500 anos». Os
Sinos da Sé não se deixam comprar, mas gostam de levar a cultura, a alegria e
alma do povo a onde os convidam para actuar, desde que seja feito o convite com
bastante antecedência. Contacto (969059230 ou zecostamachado@gmail.com ).
Jorge Lage –
jorgelage@portugalmail.com
– 23MAI2014
Provérbios ou ditos:
Feno
alto ou baixo, em Junho é segado.
Uma
vima na segada vale por uma estrecada.
Quem
a bodas bai, deixa mais que trai.
Vira Alegre de Palmeira *
Quantas vezes o sol nos beija o
pão!
Quantas vezes a fé nos abre o
mar!
Assim olhamos a flor no chão,
Assim ouvimos as aves pelo céu
cantar!
Quanta alegria vai
Correndo pelos campos além:
São os dias para semear
Com as mãos de toda a gente de
bem.
Quantas vezes o céu nos marca a
voz!
Quantas vezes a dor nos dobra a
luz!
Assim buscamos saber de nós,
Assim guardamos os sons que a
tradição conduz!
Quanta saudade sai
Dos olhos que nos falam de amor:
São a água pura que nos cai
Dos lábios de toda a gente em redor!
*José H. Machado – «Vira alegre
de Palmeira» uma simbiose de popular com erudito, musicado por António da Costa
Gomes. Porque entrou para o grupo a renomeada cantora lírica soprano e
Professora Teresa Couto, na sua estreia folclórica inovou-se.
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