A CIDADE DE BRAGA TEM 46 ÓRGÃOS IBÉRICOS
Este grande
acontecimento cultural, vivido na cidade de Braga, nos princípios de Junho, não
pode passar despercebido, sendo assim, devemos dedicar-lhe mais atenção e
registá-lo na nossa memória.
Como sabemos, a designação “órgão ibérico” refere-se a uma
construção especial dos organeiros da Península em confronto com o estilo de
órgão nórdico “ tipo alemão”. A música de órgão tem a maior aceitação nas
celebrações litúrgicas da Igreja, o som do órgão é um som muito natural,
diremos muito humano pois é realizado, controlando a força do ar que vibra nas
palhetas dos diversos tubos. “O órgão é o
rei dos instrumentos musicais e comporta nele uma autêntica orquestra”. O
expoente máximo da música de órgão está em BACH que se tornou exímio nesse sector.
No entanto, outros mestres o inspiraram e admiro
a coragem e dedicação ao deslocar-se centenas de quilómetros para ouvir o
mestre organista Dietrich BUXTEHUDE. Este grande compositor
apreciava também o João Sebastião BACH
e até o quis tornar seu genro, pois lhe propôs que casasse com uma das suas
filhas. No entanto, BACH estava mais
interessado na música do mestre do que nas suas filhas!... Para mim é um encanto ouvir música de órgão. Já não me admira que o
Pan atraísse as próprias árvores com
a divina música da sua flauta. Também me extasio com a música de órgão e,
sempre que posso, é a música que ouço
enquanto vou a conduzir por essas
estradas além, de noite ou de dia… A última aquisição foi um CD com músicas
do novo órgão da Igreja de Monserrate adquirido quando estive em Barcelona
(perto de Barcelona há uma fábrica de
órgãos que construiu o órgão da Capelinha das Aparições e o órgão da Basílica
de Fátima, junto á Capela-mor).
Dou especial atenção a concertos de órgão e
tenho muito gosto de ter dado a esta música especial divulgação, pois fundei uma Escola de Música ao serviço de
jovens organistas para acompanharem os cânticos das suas paróquias. Contava
com dezassete teclados para que todos tivessem oportunidade de dispor de meios
para aperfeiçoarem a sua dedilhação. Dizem que era um Professor muito exigente!...
Este certame de órgão a que nos
estamos a referir teve lugar nos princípios de Junho, mas já começou no 30 de
Maio com o magnífico concerto a dois
órgãos na Sé de Braga, com os famosos organistas Luca Antoniotti e Rui Soares.
Estes órgãos são um autêntico monumento
nacional pela sua arte numa magnífica composição do barroco (e é obra promovida pelos Cónegos de Braga num longo
período de “sede vacante” quando
faleceu o Arcebispo D. Rodrigo de Moura
Teles — o
mesmo que iniciou as obras do Santuário
do Bom Jesus do Monte que será reconhecido como Património Artístico Mundial.)
Todos ficam encantados quando entram na vetusta Sé bracarense e
contemplam aquela maravilha inigualável, única no mundo.
O CÓNEGO FERREIRA DOS SANTOS, EXPOENTE MÁXIMO DA MÚSICA DE ÓRGÃO EM
PORTUGAL
Na mesma Sé Catedral, no
dia 31, houve uma “Conferência sobre o Órgão de tubos”
orientada pelo famoso Cónego Dr. Ferreira
dos Santos insigne maestro e compositor do máximo expoente. É um apaixonado
e grande divulgador da música de órgão e a ele se deve a aquisição do grandioso órgão da Igreja da Lapa que
honra a cidade do Porto e aí mantém também, uma orquestra chamada “Porto Galante Ensemble”. Foi uma grande
festa a Inauguração do órgão da Igreja da
Lapa com um histórico cortejo para assinalar a data. Os tubos eram
transportados em carros de bois e o tubo maior ia cheio de vinho do Porto! Permitam-me
os dedicados leitores, acrescentar que tive
a graça de estar presente na Missa Nova do Cónego
Ferreira dos Santos que me
ofereceu uma estampa da ordenação
sacerdotal com uma dedicatória musicada por ele, pois já nessa altura, se destacava
o seu gosto pela música! Foi com muita alegria que vi o Cónego Ferreira dos Santos homenageado no final deste festival,
aquando do concerto na Igreja do Hospital de São Marcos, sendo nomeado Irmão
da Misericórdia de Braga. Recebeu
a fita com medalha e um pergaminho atestando o seu ingresso nesta
prestigiosa Irmandade da Santa Casa da Misericórdia, que tanto tem feito na
assistência e também na arte e na cultura.
ESPERA-SE QUE O ÓRGÃO DA IGREJA DO PÓPULO SEJA RESTAURADO
Braga tem
admiráveis órgãos, ainda pouco conhecidos do público, um deles é da monumental Igreja
de Nossa Senhora do Pópulo. Órgão de excelente sonoridade e construído num
móvel de grande valor artístico —com aplicações de marfim e até
possuindo uma roldana no fole. Sabemos, que essa Confraria enfrenta o problema
de grandes despesas de manutenção desse admirável templo (cuja fachada se deve a Carlos Amarante) e é a Igreja do Mosteiro dos Cónegos de
Santo Agostinho, em cuja Ordem estudou o Santo António – no Mosteiro de São
Vicente de Fora e depois em Coimbra, no Mosteiro de Santa Cruz! (…). Faz-se um apelo aos mecenas da cultura em
Braga, além da Arquidiocese, à Santa Casa da Misericórdia, à Câmara
Municipal e a outras entidades, sem excluir a própria Gulbenkian, para que esse tesouro tão valioso seja
brevemente recuperado e faça parte dos programas destes festivais.
À noite desse dia 31 de Maio, na
Igreja de Nossa Senhora da Conceição,
na Rua Monsenhor Airosa, houve o “Concerto
de órgão e oboé” por Daniel Ribeiro
e Ana Sousa Fernandes. Esse órgão é do
antigo Mosteiro do Século XVII onde, em 1664 esteve uma religiosa da fidalga
família dos Távoras. Como Convento de
clausura tem uma grade para que a freira que o dedilhava não fosse vista pelo
público. É um dos órgãos mais antigos de Braga e pouco conhecido porque
essa Igreja não é muito acessível.
No dia 1 de Junho, a Igreja do
Santuário do Bom Jesus do Monte encheu-se para apreciarem o seu magnífico órgão
dedilhado por Paulo Bernardino e com
a participação do Coro “Capella Bracarensis”. Este órgão tem dois teclados
e foi construído pelo organeiro Manuel Sá
Couto para o Mosteiro cisterciense de Santa Maria de Bouro, tendo
ficado abandonado quando o “mata frades” extinguiu as Ordens
Religiosas (1834). A Confraria do
Bom Jesus do Monte teve o bom senso de adquirir esse órgão, em 1837.
Conheço um caso semelhante, em Alcobaça. Também, o órgão do Mosteiro feminino
de Santa Maria de Coz que era das monjas cistercienses (chamadas bernardas), também foi extinto pelo tal “mata frades”, dos homens mais pitosgas da história de Portugal e
assim, o órgão desse Mosteiro foi
levado para o Santuário de Nossa Senhora da Nazaré, que fica nessa região.
Quanto ao órgão do grande Mosteiro da
Abadia de Alcobaça, foi desmantelado e destruído numa das piores
manifestações de vandalismo.
O PROFESSOR JOSÉ RODRIGUES DIRECTOR ARTÍSTICO DESTE FESTIVAL E ALMA DO
PROGRAMA
Este
Professor residiu, desde criança, nas proximidades da Paróquia da Sé e aí foi “menino de coro”.
Encantava-se com aquela música arrebatadora e passou a interessar-se pela maravilhosa
arte dos entalhadores bracarenses que emolduraram os grandes órgãos da Sé em
figuras míticas de sátiros, de anjos e de santos de onde se expandia uma sonoridade inexcedível comandada por aquelas
série de teclas brancas e pretas! Ele mesmo, no esplendor do Coro Alto da
Sé, explicou como funcionam aqueles maravilhosos órgãos e guiou os
participantes (em pequenos grupos) para
visitarem o interior do órgão esquerdo subindo aí vários andares, ficando todos
maravilhados com esses engenhosos maquinismos. Estudou “Orientação de Grupos Corais”
em Braga e em Lisboa e tem contactado com os grandes organistas da actualidade.
É membro da Cappella Bracarensis que
interpreta, exclusivamente, músicos naturais de Braga. Este grupo foi fundado
pelo Professor Duque, Reitor da
Universidade Católica de Braga, e ainda há pouco actuou num grande concerto na
Igreja da Lapa, no Porto. Sendo assim, o Decano da Sé convidou-o a organizar
este festival, iniciativa liderada pela Arquidiocese (Cabido Primacial), Santa
Casa da Misericórdia, Município, com o patrocínio de um bom grupo de mecenas e
Associações de Freguesias.
CÓNEGO
JOSÉ ABREU CONGRATULOU-SE COM O ÊXITO DESTE EMPREENDIMENTO CULTURAL
No final
das actuações, na Igreja do Hospital de São Marcos, a que já nos referimos,
após as palavras do Provedor da Santa Casa, Dr.
Bernardo Reis, o Cónego José Abreu
—
Vigário Geral da Arquidiocese —
congratulou-se com o bom êxito deste festival prometendo que a iniciativa seria
continuada nos anos posteriores e pediu aos assistentes que participassem num
inquérito que era distribuído com o Guião
dos Concertos.
Tenho que
terminar esta Crónica, embora prometa que hei-de voltar a este assunto e
dedicar um trabalho especial sobre o órgão da Igreja de Santa Cruz e os órgãos
da Sé. Não estive nalguns concertos por incompatibilidade com outros
afazeres. Já me tenho deslocado, expressamente, da Póvoa de Varzim, para
participar em actividades artísticas e culturais na cidade de Braga e fiquei muitíssimo contente quando encontrei,
no Concerto de São Marcos, uma família vinda de Figueira da Foz e que eu já
tinha visto também em concertos do órgão ibérico em Guimarães… Esperamos
que Braga explore este património valiosíssimo integrando-o também no turismo religioso. Como é meu costume,
inseri algumas notas de circunstância referentes ao assunto em epígrafe, mas
localizadas, por exemplo, em Alcobaça... É mais uma estaca para firmar melhor o
grande tabernáculo da nossa cultura histórica, musical e até geográfica!... A música continua a ser essa arte divina
dos sons e, como dizia o grande filósofo Platão “para educar plenamente um homem, são indispensáveis
a música e o exercício físico (desporto). A música para alimentar a alma e o exercício para dinamizar o corpo!”...
Adeus, até à próxima.
Pe. Manuel Oliveira Couto – “ CADERNOS NOVA EVANGELIZAÇÃO ”
(O amigo leitor/a, pode ouvir-me na Rádio Canção Nova / Fátima – 103.7 e pela
NET- radio.cancaonova.pt
no programa “ Notas
para uma Nova Vida”- às Quintas Feiras
pelas 9h15 – com repetição
aos Sábados às 9h20.)
Pode consultar o meu facebook aonde também
encontra afirmações e propostas do Papa Francisco
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a epígrafe “Cadernos Nova
Evangelização“, ENVIE-ME UM EMAIL
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