quinta-feira, 27 de março de 2014

Telmo Verdelho - Dicionários Portugueses, Breve História

 

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Dicionários Portugueses, Breve História

Telmo Verdelho*

http://bks5.books.google.com.br/books?id=ibjsha_dpsYC&printsec=frontcover&img=1&zoom=2&edge=curl&source=gbs_apiA lexicografia começou a estruturar-se como disciplina linguística desde a primeira metade do século XVI, em vários centros humanísticos europeus. Foi inicialmente motivada pelas solicitações do ensino do latim como língua não materna, e encontrou na técnica tipográfica uma condição determinante para a sua configuração e difusão.
Podemos todavia recuar a génese dos dicionários para as escolas medievais de latim. Desde o século XI, produziu-se, sobretudo na Itália, uma espécie de pré-lexicografia que foi rapidamente divulgada entre as escolas monásticas de toda a Europa. Em Portugal conservam-se testemunhos manuscritos do Elementarium (c. 1050) de Papias, que pode ser considerado como o primeiro arquétipo dos dicionários modernos; do Liber derivationum (fins do século XII) de Hugúcio de Pisa; do Catholicon (1286) de João Balbo; e de outros textos medievais com informação lexicográfica, essencialmente latina, mas que serviram de referência para o aparecimento dos primeiros glossários das línguas modernas (Verdelho, 1995, 137).
A emergência da escrita entre os vernáculos europeus, desde a recuada Idade Média, paralelamente à escolarização do latim, deu naturalmente origem à dicionarização das língua vulgares. Gerou-se em primeiro lugar uma espécie de lexicografia implícita que tecia os próprios textos e facilitava a compreensão do vocabulário característico da escrita, forçosamente mais amplo e menos quotidiano do que o da língua oral. Os textos que dão testemunho das primeiras tentativas do uso da escrita em vernáculo português e ainda quase toda a produção textual subsequente, até aos tempos modernos, vêm marcados por esse esforço metaliguístico de clarificação e autodescodificação, próximo da informação lexicográfica. Muitos textos medievais portugueses parecem ser construídos com a preocupação de fornecerem um fácil acesso à significação do seu próprio léxico, apresentando um estilo parafrástico, enquadrado por muitas palavras redundantes e frequentemente entretecido por verdadeiras definições lexicográficas. Os exemplos mais elucidativos poderão recolher-se nos textos jurídicos de Afonso X, tais como as Partidas e o Foro Real traduzidas do castelhano logo nos primeiros séculos da escrita em língua portuguesa (Ferreira 1980 1987).
Os textos da Casa de Avis, e muito especialmente O Leal Conselheiro de D. Duarte, oferecem também bons exemplos do fundo pré-dicionarístico que acompanhou o início da memória textual portuguesa. O Leal Conselheiro apresenta-se como obra de tipo paralexicográfico nas declarações introdutórias do próprio autor ("E filhayo por h̃uu ABC de lealdade"). (Verdelho 1995, 172).

18/02/2008

Telmo dos Santos Verdelho - Corpus Lexicográfico do Português

1 comentário:

  1. Telmo ando à tua procura, como comunicar convosco via e mail. Achei este teu trabalho que apreciei muito. Imagina que inventei um e mail para te enviar datas do lançamento do meu livro e há outros Telmo Verdelho,mas não és tu!
    Então em Coimbra,o meu livro ROMANCE, intituldo QUANTO ESPEREI POR TI... Pavilhão de Portugal, Parque Verde da cidade pelas 15h,dia 10 de Dezembro p.f. Apresenta o Professor Doutor Seabra Pereira. Dia 17, pelas 15h, Porto , Hotel da Música, Boavista, com beberete e Música. Apresentação do Doutor Manuel Henriques Proença. Gostaria de vos ver na primeira fila. Parabéns também pelas tuas realizações! Abraço, Lucinda Ferreira

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