sábado, 29 de março de 2014

Ilha da Madeira - A Pérola do Atlântico - II



                     Costa Pereira
                Portugal, minha terra.

       

Sorte maior da que tiveram os primeiros portugueses chegados à Madeira calhou a todos aqueles que a partir de então passaram a poder escalar as já desbravadas escarpas e cumeeiras da serrania e sem grandes esforços atingir os locais mais elevados da ilha, como o Pico Ruivo (1862m), o mais alto do arquipélago, o Pico das Torres (1851m), o Pico do Areeiro (1818m), o Pico do Jorge (1692m), o Pico Ruivo do Paul (1640m) e outros miradouros de porte inferior ou superior aos do Lombo do Mouro, Eira do Cerrado (1095m) e Encumeada. Ou na sequência, encontrar facilitada a descida aos vales altos da ilha, onde por vezes se acomodam povoações de transcendente beleza paisagística como por exemplo o Curral das Freiras, a Serra d’Água, o Rosário e a  Portela. Deambulações que mais aliciantes se tornam quando feitas em dias de céu limpo e se possível feitas através dos antigos carreiros e veredas, ou percorrendo, em passeio, os percursos, devidamente assinalados, das famosas levadas e vias pedonais da ilha.
Como em relação aos Açores, também o arquipélago da Madeira parece levantar algumas dúvidas aos nossos historiógrafos, no que respeita: “a data de descobrimento, de reconhecimento e de ocupação da ilha e a entidade que orientou o primeiro batalhão de cabouqueiros que nele se fixaram nos primórdios do seu povoamento”. São questões que nada se perde se forem aprofundadas, mas nunca sem pôr de parte a existência de “provas irrefutáveis que indiciam o seu conhecimento na Antiguidade” e que até a lenda que corre à volta da origem etimológica da cidade do Machico mostra corroborar, associando o topónimo ao apelido do aventureiro Robert Machim, que com a sua amada Ana d’Arfet, ali teria aportado muitos anos antes da viagem de reconhecimento e ocupação feita por João Gonçalves Zarco, Tristão Vaz Teixeira e Bartolomeu Perestrelo, ocorrida entre 1418 e 1420. Expedição ou expedições que tudo aponta ordenadas pela Coroa e com frutos de povoamento já evidenciados em 1425, como o comprova uma carta régia datada de 11 de Maio desse dito ano, em que Dom João I agradece ao povo da ilha uma missiva que lhe enviaram.
Perdida a esperança de conquistar as Canárias, a Coroa carecida duma plataforma atlântica para se lançar na grande aventura dos Descobrimentos, decide mandar povoar o arquipélago, empresa a que numa fase posterior, o infante Dom Henrique surge como o principal impulsionador e senhorio das ilhas. É crível que a partir de 1425 já a sua intervenção fosse ativa no respetivo povoamento, mas é sobretudo após 1433, com a doação régia que lhe foi feita do senhorio das ilhas da Madeira, Porto Santo e Desertas, que a sua influência mais se faz notar. Das Selvagens, importa dizer que são formadas pela Selvagem Grande, Selvagem Pequena e ilhéu de Fora. Estão localizadas a 280km a sul do Funchal, e a 165 km das Canárias. Foram descobertas por Diogo Gomes, pertenceram à Ordem de Cristo e fizeram parte dos bens da Coroa. Foram propriedade particular desde o séc. XVI até 1971, ano em que foram adquiridas pelo Estado Português.
                                                                                                                                (Continua)


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