Costa Pereira
Portugal, minha terra. |
Sorte maior da que tiveram os
primeiros portugueses chegados à Madeira calhou a todos aqueles que a partir de
então passaram a poder escalar as já desbravadas escarpas e cumeeiras da
serrania e sem grandes esforços atingir os locais mais elevados da ilha, como o
Pico Ruivo (1862m), o mais alto do arquipélago, o Pico das Torres (1851m), o
Pico do Areeiro (1818m), o Pico do Jorge (1692m), o Pico Ruivo do Paul (1640m)
e outros miradouros de porte inferior ou superior aos do Lombo do Mouro, Eira
do Cerrado (1095m) e Encumeada. Ou na sequência, encontrar facilitada a descida
aos vales altos da ilha, onde por vezes se acomodam povoações de transcendente
beleza paisagística como por exemplo o Curral das Freiras, a Serra d’Água, o
Rosário e a Portela. Deambulações que
mais aliciantes se tornam quando feitas em dias de céu limpo e se possível
feitas através dos antigos carreiros e veredas, ou percorrendo, em passeio, os
percursos, devidamente assinalados, das famosas levadas e vias pedonais da
ilha.
Como em relação aos Açores, também
o arquipélago da Madeira parece levantar algumas dúvidas aos nossos
historiógrafos, no que respeita: “a data de descobrimento, de reconhecimento e
de ocupação da ilha e a entidade que orientou o primeiro batalhão de
cabouqueiros que nele se fixaram nos primórdios do seu povoamento”. São
questões que nada se perde se forem aprofundadas, mas nunca sem pôr de parte a
existência de “provas irrefutáveis que indiciam o seu conhecimento na
Antiguidade” e que até a lenda que corre à volta da origem etimológica da
cidade do Machico mostra corroborar, associando o topónimo ao apelido do
aventureiro Robert Machim, que com a sua amada Ana d’Arfet, ali teria aportado
muitos anos antes da viagem de reconhecimento e ocupação feita por João
Gonçalves Zarco, Tristão Vaz Teixeira e Bartolomeu Perestrelo, ocorrida entre
1418 e 1420. Expedição ou expedições que tudo aponta ordenadas pela Coroa e com
frutos de povoamento já evidenciados em 1425, como o comprova uma carta régia
datada de 11 de Maio desse dito ano, em que Dom João I agradece ao povo da ilha
uma missiva que lhe enviaram.
Perdida a esperança de conquistar
as Canárias, a Coroa carecida duma plataforma atlântica para se lançar na
grande aventura dos Descobrimentos, decide mandar povoar o arquipélago, empresa
a que numa fase posterior, o infante Dom Henrique surge como o principal
impulsionador e senhorio das ilhas. É crível que a partir de 1425 já a sua
intervenção fosse ativa no respetivo povoamento, mas é sobretudo após 1433, com
a doação régia que lhe foi feita do senhorio das ilhas da Madeira, Porto Santo
e Desertas, que a sua influência mais se faz notar. Das Selvagens, importa
dizer que são formadas pela Selvagem Grande, Selvagem Pequena e ilhéu de Fora.
Estão localizadas a 280km a sul do Funchal, e a 165 km das Canárias. Foram
descobertas por Diogo Gomes, pertenceram à Ordem de Cristo e fizeram parte dos
bens da Coroa. Foram propriedade particular desde o séc. XVI até 1971, ano em que
foram adquiridas pelo Estado Português.
(Continua)
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