sábado, 18 de janeiro de 2014

"Vidas, doutrinas e sentenças de pré-socráticos ilustres" de Manuel Dias Duarte apresentado em São Domingos de Rana - CASCAIS

João Castro - Manuel Dias Duarte - António Monteiro


Ontem (17 de Janeiro, 2013 – Sexta-feira), em complemento da 93ª sessão das Noites com Poemas, teve honras de lançamento a público, na Biblioteca Municipal de São Domingos de Rana (Cascais), o livro do Professor Manuel Dias Duarte ("Vidas, doutrinas e sentenças de pré-socráticos ilustres"), apresentado com clareza, transparência e erudição pelo Professor António Monteiro.
É aos gregos pré socráticos que Manuel Dias Duarte dedica o livro, que escreve juntamente (!) com Diógenes de Laércio.
É de particular interesse que se publiquem livros do género, não só porque como diz o próprio autor, “Numa época de éticas sem moral alguma e de comportamentos e hábitos sem qualquer eticidade, a releitura dos seus textos pode sem dúvida contribuir para repensarmos os arquétipos da cultura europeia".
Mas ainda porque é nos livros que estão todos os fundamentos da cultura europeia. Essencialmente naqueles que originaram processos históricos. E, neste caso concreto, nem sequer pensamos no contributo dos livros impressos por Joham Gutenberg (ou se quisermos por Laurens Janszoom Coster), mas sim no processo que teve inicio na Grécia 2000 anos antes de Gutenberg que, na opinião de Karl R. Popper, terá fundado a cultura europeia.
Aquilo que se convencionou chamar o Milagre de Atenas (muitas vezes referido como milagre grego) nos séculos VI e V antes de Cristo. A época “da resistência aos persas, da tomada de consciência da liberdade através da sua defesa, o tempo de Péricles e da edificação do Parténon”, diz-nos Popper.
É exactamente o século VI antes de Cristo que é abordado neste volume de Manuel Dias Duarte.
Uma das explicações para o milagre grego (sobretudo o de Atenas), poderá ser explicado parcialmente, segundo o filósofo alemão, pela invenção do livro e do comércio livreiro.
Os poemas de Homero foram publicados em forma de livro, oficialmente, por volta de 550 A.C., em Atenas, por iniciativa do soberano ateniense, o tirano Pisístrato, sendo assim o primeiro editor europeu. E, em consequência, terá sido em Atenas que teve origem o primeiro mercado livreiro da Europa. Homero era lido por toda a gente em Atenas. E a ele se seguiram Hesíodo, Píndaro, Ésquilo e outros tantos poetas. No ano 466 A.C. surgiu aquilo que hoje designamos por uma grande tiragem da primeira publicação científica – a obra de Anaxágoras, Sobre a Natureza.
Deixemos, pois, esta questão para outra altura. Agora interessa realçar o volume de Manuel Dias Duarte que a dado passos nos diz: "Os pré-socráticos gozam do privilégio de terem vivido num período de transição de um modo de sociabilidade para outro. E de terem sido não só os críticos mais consequentes da anterior formação económica e social como os ideólogos de uma outra concepção do mundo e da vida. Deles se pode dizer que não se limitaram a interpretar, antes quiseram e conseguiram revolucionar e legitimar as novas relações sociais de produção e de reprodução. Nisto consistiu o "milagre grego".
            Numa época de éticas sem moral alguma e de comportamentos e hábitos sem qualquer eticidade, a releitura dos seus textos pode sem dúvida contribuir para repensarmos os arquétipos da cultura europeia".  Armando Palavras


Manuel Dias Duarte nasceu em Lisboa no ano de 1943. Foi professor de Filosofia no Ensino Secundário e na Universidade lusófona. Autor de manuais escolares, leccionou na Escola Superior jean Piaget e foi Orientador de Estágios.
Colaborou em diversos jornais e revistas , dirigiu a colecção Referências na Editora Vega ( Os Sete Sábios – 2004; Tratado dos Três Impostores, Prefácio – 2004), e é autor de uma vasta obra publicada, da qual se destacam: História da Filosofia em Portugal (1987) e História de Portucália (2004),  e na ficção: Pedra da Lua, Semelhante à bondade, O Ser e o Tempo, Barco Encalhado na Areia



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