E pronto, lá cheguei (chegámos) a mais uma sessão das Noites com Poemas. Pouco mais de metade de Janeiro decorrido - estávamos a dia 17 - e fomos, pela mão ilustre, tranquila e sapiente de Manuel Dias Duarte...
... apoiado com não menor sapiência pelo professor António Monteiro,
no nosso poiso costumeiro, a Biblioteca Municipal de Cascais em São
Domingos de Rana, passeando pelas vidas e obras de filósofos
pré-socráticos ilustres...
... tendo todos nós a honra de assistir ao lançamento, em primeira mão,
da obra com o mesmo nome, da autoria do nosso convidado, como em entrada
anterior se anuncia mais em pormenor.
Isto, indo o mês a pouco mais de meio e desdobrando o tempo com uma
actividade profissional, em tudo diversa destas lides, e a tempo
inteiro. Enfim, o tempo também pode render-nos. Vaidades? Com certeza.
Mas, como digo lá para o início, tenteando assim um sentido para a
vida...
Um abraço sublinhado para quantos me vão acompanhando nesta luta - é
luta, não é...? - de quem destacaria, por não estarem ainda nomeados, o
Eduardo Martins e o Francisco José Lampreia. Se calhar é mesmo pelo
sonho que vamos...
- Fotografias de Lourdes Calmeiro, José Cordeiro - aquele abraço ! - e Jorge Castro
Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 22:52 |
Janeiro 19, 2014
Se a loucura é a raíz da filosofia ou, melhor dizendo, recorrendo ao Marquês de Maricá, a razão dos filósofos é muitas vezes tão extravagante como a imaginação dos poetas,
partimos para esta viagem no tempo e no saber, pelas mãos desses
«loucos» do amor ao conhecimento que, com o auxílio agora de Virgílio
Ferreira, não buscam um meio de descobrir a verdade, mas que a utilizam,
como a arte, como um processo de a «criar».
E estávamos bem providos, na sala, com o nosso convidado, o professor Manuel Dias Duarte, o autor da obra em lançamento nesta sessão: Vidas, Doutrinas e Sentenças de Pré-Socráticos Ilustres (com edição da Fonte da Palavra), apresentados ambos, o autor e a obra, com empenho e brilhantismo, pelo professor António Monteiro.
Dadas as boasvindas a quantos ilustres resistentes arrostaram - e não
foram poucos - contra uma noite de intempéries e de «avisos laranja»,
com o objectivo liminar de partilharem a arte do encontro em redor da
mesa dos saberes...
... passámos, de imediato à apresentação dos nossos convidados.
O livro, cuja autoria, num exercício de partilha e de homenagem,
Manuel Dias Duarte torna extensiva a Diógenes Laércio
Disponíveis nesta sessão dois romances, também, da autoria de Manuel Dias Duarte: O Professor Simão Botelho e Barco Encalhado na Areia
- o professor António Monteiro
António Monteiro proporcionou-nos uma viagem pela Filosofia e
pelos seus cultores - se aqui o termo é de aplicação pacífica -
estabelecendo as pontes com o presente que se consubstanciam na obra
apresentada por Manuel Dias Duarte, em dissertação de fácil entendimento, ainda que sem recurso a facilidades, assumindo, também, essa objectividade subjectiva que, necessariamente, enforma cada um de nós, em cada momento, temporal e circunstancialmente considerado.
Logo mais, a palavra ao autor, que com bonomia assertiva, discorreu
sobre os comos e os porquês da obra feita, estabelecendo um curioso
paralelismo entre o período de transição de um modo de sociabilidade
para outro, conforme o viveram os pré-socráticos objectos do seu estudo,
e os nossos dias....
... mas que também nos brindou com a leitura de poemas de Parménides (Sobre a Natureza das Coisas) e de fragmentos de autores vários referidos na obra.
Estes, conforme se respiga da contracapa destas Vidas, Doutrinas e Sentenças de Pré-Socráticos Ilustres, terão sido «não
só os críticos mais consequentes da anterior formação económica e
social como os ideólogos de uma outra concepção do mundo e da vida.
Deles se pode dizer que não se limitaram a interpretar, antes quiseram e
conseguiram revolucionar e legitimar as novas relações sociais de
prodção e de reprodução. Nisto consistiu o 'milagre grego'.»
E, por fim mas não menos relevante, diz-se: «Numa época de éticas sem
moral alguma e de comportamentos e hábitos sem qualquer eticidade, a
releitura dos seus textos pode sem dúvida contribuir para repensarmos os
arquétipos da cultura europeia.»
Pessoalmente, nada mais me resta do que subscrever tal recomendação, com sublinhados.
De seguida, a «segunda parte» da sessão onde, como sempre, tentamos
traduzir em forma de poema o que o convidado e o tema trazidos nos
suscitaram.
Contámos com o empenho interessado de muitos e bons amigos, como sempre.
Permitam-me, entretanto, que acrescente aos adjectivos merecidos o
espírito de scrifício e solidariedade que nos chega dos participantes
que se deslocaram propositadamente de Coruche, em noite de tal quilate,
para nos honrarem com o seu companheirismo, que tantas vezes enriquece
ainda mais as nossas sessões... Grupo este cuja actividade, por terras
de Coruche e com Ana Freitas como timoneira, está em vias de cumprir o
seu segundo aniversário, já em Fevereiro próximo.
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