sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Jorge Lage - AS PODAS DAS ÁRVORES DOS ESPAÇOS URBANOS DE BRAGA




Jorge Lage
A mudança de mãos do Município de Braga fez sonhar muitos bracarenses, principalmente, os que mais se interessam com a cultura nos seus múltiplos aspectos e o bem-estar dos que habitam ou usufruem a nossa cidade.
De facto havia quase um total desprezo pelas intervenções ou contributos para uma melhor gestão da cidade. Principalmente pessoas credenciadas que se agrupam em torno do chapéu da prestigiada ASPA.
Mas, lá diz o ditado: não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe. E acabou a gestão de décadas do, quase, «posso quero e mando». Assim, muitos sonharam e olham atentamente para as mudanças.
No meu caso, embora reconheça que o património cultural edificado é das maiores riquezas a preservar, basta olharmos para a cidade de Guimarães ou para a vila de Ponte de Lima, são as árvores nos espaços urbanos e parques que mais me captam a atenção. Poderão perguntar porquê? Já lá vão vinte anos de trabalho voluntário, com uma equipa distrital de muitas dezenas de professores e educadores a darmos o melhor de nós por uma melhor cidadania, ambiente e floresta, «combatendo» os fogos florestais pela educação, nos Clubes da Floresta das Escolas.
Logo que a nova equipa municipal de Braga tomou posse, e por sugestão de um autarca de S. Victor, pedi para ser recebido pelo novo responsável das árvores em espaços urbanos, com o intuito de sensibilizar para a causa dendrológica da nossa cidade. Suponho que por muitos afazeres ainda não foi marcada nenhuma audiência pelo vereador da tutela. Contudo, as podas já começaram e, para o que já vimos, neste caso, parece valer o provérbio: vira o disco e toca o mesmo.
No tratamento das árvores nos espaços urbanos tem que haver uma evolução ou mesmo uma mudança significativa. Ou se dá formação da base aos responsáveis do topo, para uma melhor política arbórea, ou se deita mão de uma assessoria com competências para os espaços urbanos e que poderia passar por uma parceria com a Associação Florestal do Cávado, que tem técnicos competentes e credenciados. Outra solução poderia passar por haver formação com os técnicos responsáveis do município vimaranense.
O que estou a tentar demonstrar é evidente, por exemplo, nas árvores das cidades de Viseu e de Guimarães. Nesta o anterior Presidente sabia bem o valor das árvores da sua cidade e bastaram-me trinta segundos de diálogo com ele para me aperceber que havia uma ideia superior e correcta como tratar as árvores urbanas. Mas, para alguém mais céptico em dendrologia, sugiro a visita ao Jardim d’Arca d´Água, do Porto ou à Avenida da Liberdade, de Lisboa.
As árvores só devem ser podadas quando são precisas e as podas executadas com humanidade ou sensibilidade arbórea. Alguns munícipes bracarenses chegaram, anteriormente, a travar autênticas «guerrilhas» com os insensíveis podadores camarários, recusando-se a retirar os seus automóveis debaixo das árvores para evitarem que as podas brutais acontecessem. Hoje, com a nova equipa autárquica, pensamos que, pelo diálogo, se conseguirão melhores resultados.
As árvores nos espaços urbanos não podem ser vistas só como objectos de adorno ou apenas pelo lado estético citadino. Os benefícios das árvores bem podadas são imensos para os bracarenses: contribuem para o bem-estar e tranquilidade de quem delas usufrui; são responsáveis por um ar (e temperatura) mais refrescante nos dias escaldantes do Verão; impedem, com a sua sombra, a agressão impiedosa dos estivais raios solares; evitam agravamento de doenças ou complicações respiratórias; oferecem-nos um ar mais puro, já que se assumem como generosas fábricas de produção de oxigénio; dão uma melhor imagem da nossa cidade para quem nela habita ou nos visita.
Só o perfume das belas tílias da Avenida Central geram momentos de enorme prazer que deixam preso a Braga quem nos visita durante a sua floração em Junho.

Jorge Lage
– 02JAN2014 

R. S. VICTOR 73 – 4Dto 4710-439 BRAGA – TELEM.964624132 e-mail: jorgelage@portugalmail.com



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