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ABUSAMOS DE ANTIDEPRESSIVOS ?
A identificação e o
tratamento da patologia depressiva é muito importante, devido às implicações na
qualidade de vida do próprio e dos que o rodeiam. A depressão é um grande
problema de saúde pública, pela sua frequência, repercussão física,
psicológica, laboral e social. Quantas vezes com curso crónico, com elevadas
taxas de recaída, com morbilidade e mortalidade relevante.
Ainda não vai uma década e
nas formações sobre o assunto se referia que o diagnóstico da depressão nos
cuidados de saúde primários era muito inferior à realidade do numero de casos
existente (seriam 1/5), comparávamos os diagnósticos efetivados a uma ponta do
iceberg, a grande maioria confundida com outras patologias, arrastando-se por
vezes anos e anos, com franco transtorno para o doente.
Por isso a identificação e
o tratamento da depressão passou a ser uma questão premente, pelo tomar de
consciência de que se corretamente tratada representava um menor custo para a sociedade
e para o próprio.
Em caso de opção pela intervenção
farmacológica podem ser prescritos medicamentos como as benzodiazepinas, os
quais não devem ser utilizadas nos casos de depressão por um período superior a
2-4 semanas,… ou anti-histamínicos com ação sedativa. A meu ver é de mais
evidente que as benzodiazepinas são o principal problema na questão do abuso,
têm muito maior grau de capacidade de criar dependência e tolerância que os
antidepressivos, e tudo indica que a acção sobre a memória também é mais
pesada.
Para os casos de ansiedade
ligeira existem outras alternativas, bem mais seguras, como por exemplo a
valeriana….
O recurso a medicamentos
mais inócuos, como o caso da valeriana, é tantas vezes a solução a ter,
nomeadamente nos quadros de ansiedade ligeira a moderada, e por vezes em
situação de insónia . Doses de 500mg até três vezes por dia de valeriana ,
podem evitar uma ida para benzodiazepinas , que muitas vezes se eternizam
na sua toma, pela dependência e tolerância que criam….
Por tudo o que se sabe,
generalizar sobre este tema não é consensual, haverá de certeza muitos
pacientes que abusam de antidepressivos, provavelmente muitos mais abusaram de benzodiazepinas
(vários casos vi de tomas, em automedicação crónica, dignas de entrar para um
livro guinness de recordes… E quanto difícil é a retirada!!). Por outro lado
quantos quadros depressivos se arrastam sem ser tratados?
Para finalizar penso que a
ideia a deixar é que a medicação tem justificação em muitos casos, nalguns para
toda a vida, mas o prolongar é desnecessário para a maioria. No caso dos antidepressivos
o conhecimento atual aponta para toma de um ano, devendo na grande parte dos
casos ser retirado gradualmente ao fim deste tempo.
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