*Artigo de Tomé Lopes, Presidente da Associação
Portuguesa de Urologia
A litíase urinária, também designada por urolitíase, é uma doença
crónica e estima-se que afete uma em cada 100 pessoas, em especial os
indivíduos do sexo masculino. Surge, sobretudo, ligada à formação de cálculos
renais, vulgarmente designados pedras nos rins. Cerca de 80% dos indivíduos
elimina a pedra espontaneamente, juntamente com a urina, mas 20% necessita de
alguma forma de tratamento.
A formação dos
cálculos urinários é uma disfunção metabólica crónica, ou seja, uma vez formado
um primeiro cálculo, é frequente a formação de novos cálculos, mesmo depois de
removido o primeiro. Estima-se que cerca de 50% dos doentes não tratados, a
quem foi diagnosticado um cálculo urinário, irá desenvolver um novo cálculo 5 a
10 anos depois.
A permanência de cálculos no aparelho urinário pode não causar
qualquer sintoma, se estes forem inferiores a 2mm ou, pelo contrário, cálculos
com diâmetro superior a 3mm podem desencadear sintomas muito intensos, como
cólicas renais e complicações clínicas graves, que podem culminar em
insuficiência renal crónica.
As
complicações tardias mais frequentes da litíase urinária são a pielonefrite,
uma infecção da árvore pielocalicial e dos tecidos renais, e a hidronefrose,
uma acumulação tão significativa de urina nas vias urinárias que acaba por
impedir a atividade renal. Ambas as complicações, caso não sejam tratadas em
tempo útil, conduzem a uma deterioração dos rins e, consequentemente, a
insuficiência renal crónica. Beber água em abundância - pelo menos 2 litros por
dia - controlar o consumo de leite e derivados, de farinha, sardinhas e frutos
secos são algumas das formas de prevenção. Deve moderar-se igualmente o consumo
de carnes vermelhas, alimentos em conserva, marisco, grão, café, chocolate e
bebidas alcoólicas.
O
diagnóstico de litíase urinária é feito pelo médico urologista, que determina o
tipo de tratamento mais adequado. Em 80% dos casos, o reforço hídrico e as
alterações na dieta permitem evitar ou reduzir significativamente a formação de
novos cálculos. Só nos casos mais graves se torna necessário recorrer à
extração dos cálculos através de cirurgia, de ultra-sons ou de raios laser.
A
litíase exige um “compromisso vitalício” na realização dos tratamentos
prescritos, dado que a prevenção deve ser feita continuamente desde que a
doença é detetada até ao resto da vida.
A litíase é um dos temas que vai estar
em debate no Congresso da Associação Portuguesa de Urologia, entre os dias 10 e
13 de Outubro, no Centro de Congressos do Algarve, em Vilamoura. Para mais
informações consulte: www.apurologia.pt
De Jornal do Norte para tempo Caminhado
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