Dr. Duarte Correia |
Dor crónica afeta mais de 30 por
cento da população ativa portuguesa
*Artigo de opinião de Duarte Correia, presidente da
Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (APED)
A
dor crónica é uma situação de dor persistente, que envolve uma componente sensorial e emocional, associada a uma lesão de tecidos
concreta ou potencial (pode ocorrer sem lesão aparente). Esta dor que existe há pelo menos
três 3 meses ou quando persiste para além da cura da lesão que lhe deu origem é
susceptível de provocar e perpetuar modificações fisiopatológicas que se
traduzem por alterações de natureza orgânica ou psicológica, com reflexos
importantes na qualidade de vida dos doentes com repercussões de natureza
social, familiar e laboral, podendo conduzir a uma incapacidade.
A dor crónica pode provocar insónias, ansiedade e depressão. As
causas mais frequentes de dor crónica são a dor musculo esquelética como a Osteoartrose – a doença degenerativa que atinge a articulação; a lombalgia crónica – dores
lombares; e artrite reumatoide – doença inflamatória que envolve
preferencialmente as articulações.
Em Portugal, a dor
crónica afeta atualmente mais de 30 por cento da população adulta, com
implicações diretas na produtividade, na incapacidade laboral e na qualidade de
vida. Em
Portugal foi avaliado o custo anual (directo e indirecto) da dor crónica como
sendo superior a 3 mil milhões d euros.
Em tempos de austeridade e de grave crise
económica, a produtividade da população trabalhadora é constantemente questionada
e os custos socioeconómicos associados à dor crónica para a sociedade são
demasiado elevados. Os doentes com dor crónica recorrem com mais frequência aos
centros de saúde, às urgências hospitalares e apresentam muitas vezes dificuldade
ou impossibilidade em executar as suas tarefas diárias. Por consequência, a dor
crónica é responsável por um maior absentismo, “presencismo”, diminuição da
capacidade produtiva, inaptidão, incapacidade total para o trabalho, baixas
médicas ou reformas antecipadas.
São necessárias, por isso, medidas mais
eficazes para assegurar que as pessoas afetadas pela dor crónica possam manter
os empregos ou regressar o mais rapidamente possível ao trabalho, melhorando as
suas capacidades laborais. Tal só é possível, existindo uma maior
acessibilidade, em tempo útil, aos tratamentos adequados para o controlo da dor.
O não tratamento da dor implica custos muito mais elevados para o erário
público e por toda a sociedade, com reflexos socio-económicos muito
importantes, do que o seu correcto tratamento realizado atempadamente. Os doentes não tratados ou indevidamente medicados
recorrem com maior frequência a consultas médicas nos centros de saúde e
hospitais, aos serviços de urgência, apresentam dificuldade ou impossibilidade
para a execução das tarefas da vida diária com necessidade de múltiplos e
indispensáveis apoios sociais, um maior absentismo, inaptidão ou incapacidade laboral,
“baixas médicas” frequentes ou necessitam de reforma antecipada.
Devido
à sua complexidade, a dor crónica requer abordagens diferenciadas e multidisciplinares,
como tratamento físico e psicológico e terapêutica farmacológica.
Mais
informações em www.aped-dor.com
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