sábado, 18 de maio de 2013

Anábase – A Expedição dos Dez Mil.

                                                            A Expedição dos Dez Mil.

Quando em 401 A.C. Artaxerxes, rei do império persa, e Ciro, seu irmão, se envolvem numa guerra civil, os protagonistas da mesma serão um grupo de soldados gregos, ao qual pertence Xenofonte, autor desta cativante história que ficou conhecida para a posterioridade como Anábase – A Expedição dos Dez Mil.
Marcharam para o interior do império persa como peça fundamental do exército de Ciro e defrontaram o exército de Artaxerxes em Setembro desse ano, na planície de Cunaxa, na periferia da Babilónia (actual Iraque). A batalha foi ganha pelos gregos, mas Ciro é morto. Dele, Xenofonte faz-nos um retrato elogioso no livro I, cap. IX.
A milhares de quilómetros de casa, em terreno hostil, os gregos são ainda traídos por Tissafernes, ao convidar os seus chefes para um banquete, executando-os de seguida.
Embora a palavra grega anábase signifique literalmente “marcha para o interior”, o que tem impressionado os leitores ao longo dos séculos nesta narrativa, é a retirada dos gregos de Cunaxa, na longa caminhada para casa, intrincados num conjunto de adversidades impensáveis para o homem moderno. Comandados por Clearco, escolhido pelos generais em virtude da sua sabedoria baseada na experiência, os Dez Mil iniciam a retirada (que Xenofonte inicia no livro II, cap. I), reagrupados mais tarde por Xenofonte (já escolhido para comandar os homens de Próxenes), com o bom augúrio de um espirro, depois da cilada consumada por Tissafernes aos seus principais comandantes.
Forçados a lutar pela sobrevivência, ajudados umas vezes, outras não; cruzando rios e montanhas, lutando contra tribos hostis e soldados persas, emaranhados num conflito de interesses entre as duas grandes potências da época (a Pérsia Aquemédia e Esparta), retiram até ao Mar Negro (o actual Trabzon).
Além desta retirada heróica, esta história permite-nos conhecer detalhes da vida do século IV A. C. Nela se descrevem com minúcia os banquetes, competições desportivas, festivais, a vida dos soldados. E são ainda descritos, por vezes de forma brutal, temas como a sexualidade, religião e escravatura; os medos e os desejos dos homens.

Mas esta narrativa é muito mais do que isso. È uma descrição de tácticas de guerra, um tratado sobre a astúcia (note-se a forma como Ciro astuciosamente engendra a batalha contra o Rei Artaxerxes, seu irmão) e, sobretudo, uma lição de Democracia e liberdade. Muitas das decisões são tomadas em assembleia onde se redimem argumentos. E nos discursos lembrados os feitos dos antepassados na luta pela liberdade (p. 85)
Esta edição, como o afirma o seu tradutor, Rui Valente, “pretende ser uma edição moderna da Anábase para um leitor moderno e não necessariamente erudito”. E continua: “…foi objectivo desta tradução tornar o texto fácil de ler, em vez de procurar uma fiabilidade palavra a palavra, expressão a expressão, com o grego original” (p. xi). E, de facto, assim é. As unidades de medida foram convertidas para o “mais familiar sistema métrico”, e os termos adaptados à linguagem moderna.
Armando Palavras


 


Xenofonte

Não se sabe ao certo quando nasceu, mas teria menos de trinta anos, como é sugerido na obra (2.6.20 e 3.1.14) quando se diz que era mais novo que Próxeno, com “cerca de trinta anos”. Teria nascido próximo do ano 430 A.C., em Atenas. Julga-se que também lutou no final da Guerra do Peleponeso, descrita admiravelmente por Tucidides.




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