Quando
em
Marcharam
para o interior do império persa como peça fundamental do exército de Ciro e
defrontaram o exército de Artaxerxes em Setembro desse ano, na planície de
Cunaxa, na periferia da Babilónia (actual Iraque). A batalha foi ganha pelos
gregos, mas Ciro é morto. Dele, Xenofonte faz-nos um retrato elogioso no livro
I, cap. IX.
A
milhares de quilómetros de casa, em terreno hostil, os gregos são ainda traídos
por Tissafernes, ao convidar os seus chefes para um banquete, executando-os de
seguida.
Embora
a palavra grega anábase signifique
literalmente “marcha para o interior”, o que tem impressionado os leitores ao
longo dos séculos nesta narrativa, é a retirada dos gregos de Cunaxa, na longa
caminhada para casa, intrincados num conjunto de adversidades impensáveis para
o homem moderno. Comandados por Clearco, escolhido pelos generais em virtude da
sua sabedoria baseada na experiência, os Dez Mil iniciam a retirada (que
Xenofonte inicia no livro II, cap. I), reagrupados mais tarde por Xenofonte (já
escolhido para comandar os homens de Próxenes), com o bom augúrio de um
espirro, depois da cilada consumada por Tissafernes aos seus principais
comandantes.
Forçados
a lutar pela sobrevivência, ajudados umas vezes, outras não; cruzando rios e
montanhas, lutando contra tribos hostis e soldados persas, emaranhados num
conflito de interesses entre as duas grandes potências da época (a Pérsia
Aquemédia e Esparta), retiram até ao Mar Negro (o actual Trabzon).
Além
desta retirada heróica, esta história permite-nos conhecer detalhes da vida do
século IV A. C. Nela se descrevem com minúcia os banquetes, competições
desportivas, festivais, a vida dos soldados. E são ainda descritos, por vezes
de forma brutal, temas como a sexualidade, religião e escravatura; os medos e
os desejos dos homens.
Mas
esta narrativa é muito mais do que isso. È uma descrição de tácticas de guerra,
um tratado sobre a astúcia (note-se a forma como Ciro astuciosamente engendra a
batalha contra o Rei Artaxerxes, seu irmão) e, sobretudo, uma lição de Democracia
e liberdade. Muitas das decisões são tomadas em assembleia onde se redimem
argumentos. E nos discursos lembrados os feitos dos antepassados na luta pela
liberdade (p. 85)
Esta
edição, como o afirma o seu tradutor, Rui Valente, “pretende ser uma edição moderna
da Anábase para um leitor moderno e
não necessariamente erudito”. E continua: “…foi objectivo desta tradução tornar
o texto fácil de ler, em vez de procurar uma fiabilidade palavra a palavra,
expressão a expressão, com o grego original” (p. xi). E, de facto, assim é. As
unidades de medida foram convertidas para o “mais familiar sistema métrico”, e
os termos adaptados à linguagem moderna.
Armando
Palavras
Xenofonte
Não
se sabe ao certo quando nasceu, mas teria menos de trinta anos, como é sugerido
na obra (2.6.20 e 3.1.14) quando se diz que era mais novo que Próxeno, com
“cerca de trinta anos”. Teria nascido próximo do ano 430 A .C., em Atenas. Julga-se
que também lutou no final da Guerra do Peleponeso, descrita admiravelmente por
Tucidides.



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