quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

De Ressano Garcia a Maputo




    Por: Costa Pereira


          Deixei o Kruger National Park pela mesma portela que entrei, o Crocodile Bridge. Para trás ficou um passeio de sonho em contacto com a realidade que a vida selvagem tem para mostrar.


          Atravessado o Rio Crocodile pela primeira vez logo a nossa imaginação começa a fantasiar imagens de animais que certamente nem vamos chegar a ver. Uns porque nem ali existem, outros porque não se deixam ver com facilidade, depois porque certos felinos, serpentes e aves são animais de vida noturna que só recorrendo a esconderijos de observação e demorando uns dias dentro do parque se consegue enxergá-los, calhando. Mas vim de lá satisfeito e mais enriquecido culturalmente.



          Atravessado o passadiço, agora de regresso, são mais cerca de 15Km em território sul africano para chegar ao posto fronteiriço de Lebombo. O único senão é ter de passar a fronteira de Ressano Garcia, um pedaço de percurso que pode ser uma pequena dor de cabeça. Para mim não foi dor de cabeça , mas deu para chatear.



          Até aqui, a Lebombo, tudo bem, só quando mais adiante me dirigi ao posto de Ressano Garcia é que a coisa mudou de figura. Não foram as filas que para colocar um carimbo no passaporte podem demorar algumas horas, mas o facto de no meu passaporte constar apenas autorização para uma entrada e saída de território moçambicano. Ora eu de manhã saí para a Africa do Sul e para voltar a entrar em Moçambique carecia de nova autorização. Não a tinha, mas tudo se remediou, com demora e gastos… E o pior é que eu em Portugal tinha pago na Embaixada para poder visitar um segundo país, e por isso parti para o safari sem receio do leão…. Aventuras. Mas voltamos ao Kruger:



          Esta foto tem a curiosidade de mostrar os primeiros animais que vi ao entrar na portela do Crocodile Bridge e que sem receio dos carros, estes javalis caminham, estrada fora, até encontrarem um trilho por onde se escapem para o mato.


            Depois foram as aves dos mais diversos tamanhos e cores a surpreender-nos no trajeto. Este abutre foi dos primeiros exemplares que ali avistei. É uma ave que voa muitas horas sem bater as asas, porque é uma ave pesada fica planeando e para subir aproveita as correntes de ar ascendente. Procura o seu alimento sobrevoando grandes territórios.



          Este Calau de Bico Vermelho foi outro dos primeiros exemplares que fotografei. As características principais das aves que integram este  grupo é a presença de um bico pronunciado, em forma de corno, geralmente muito colorido e por vezes ornamentado.




 As aves (latim cientifico: Aves) abrange uma classe de animais vertebrados, bípedes, homeotérmicos, ovíparos, caracterizados principalmente por terem penas, apêndices locomotores anteriores modificados em asas, bico córneo e ossos pneumáticos. Dão-se em todos os ecossistemas do globo. Dividem-se em dois grandes grupos: as ratitas e as carinatas. As ratitas tem o peito externo achatado e não voam. As carinatas tem o externo em forma de quilha ou carina (como a parte frontal de um barco), com músculos peitorais desenvolvidos e que voam. Variam muito em tamanho e cor da plumagem.


     Mas se todos os pássaros são aves, nem todas as aves são pássaros. Os pássaros estão incluídos na ordem dos Passeriformes que contem o maior numero de espécies dentro do grupo das aves. As aves não voadoras são por exemplo a avestruz e o pinguim, espécies que estão como o quivi mais sujeitas à extinção caso não seja acautelada a sua proteção a nível mundial. Só com parques e reservas tipo Kruger é que muitas destas espécies conseguem resistir à ação direta ou indireta que lhe vem sendo movida com a destruição e fragmentação do habitat, da poluição e tudo mais que a civilização humana promove.


10          A qui temos a cegonha de bico amarelo a fazer sociedade com gazelas, impalas e hipopótamos, nas margens do rio Sabie.

L


          As serpentes que também ali têm o seu espaço, pertencem à subordem Ofídia, ordem Squamata e Classe Reptilia, onde suas características principais são a ausência de membros locomotores, pálpebras móveis e orifícios auditivos e uma característica especial que faz com que tenham uma grande abertura da mandibula, possibilitando engolir presas maiores que a sua boca. Não vi nenhuma, e fiquei com pena. Mas deixo uma lista das que ali existem e do grau da sua perigosidade, a informação: altamente venenosas, ligeiramente venenosas e inócuas.



          Foi um dia em beleza vivido no interior duma selva civilizada. Selva, porque ali o reino animal, vegetal e mineral estão confiados à ordem natural da criação; civilizada, porque o homem colocou ali o seu talento em prol da proteção e conservação das espécies, aponto de oferecer aos apreciadores da Natureza imagens como esta que, a uns escassos metros, colhi deste rinoceronte aqui na savana concentrado a pastar e carregando com as aves do tipo Garça – Boieira que pousam no dorso do animal para lhe catar possíveis parasitas, à semelhança das nossas conhecidas aves carraceiras. Como pano de fundo aparece a cordilheira do Lebombo que vamos atravessar, não tarda, e cuja história já relatei a cima. Uma vez lá chegados foram mais cerca de 100km., por estrada muito boa, para regressar de Ressano Garcia a Maputo. Valeu a pena!

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