quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Conclusões do XIX Congresso dos Engenheiros


1.º Congresso de Engenheiros de Língua Portuguesa e XIX Congresso da Ordem dos Engenheiros
Engenharia na recuperação do país
Durante o 1.º Congresso de Engenheiros de Língua Portuguesa e o XIX Congresso da Ordem dos Engenheiros, que se realizaram entre os dias 18 e 20 de Outubro, no Centro Cultural de Belém, a Ordem dos Engenheiros deu mais um passo no estabelecimento de acordos de cooperação que visam facilitar a mobilidade dos profissionais de engenharia fora do território nacional e demonstrou a capacidade de uma profissão imprescindível na recuperação do país. Cada um dos Encontros reuniu cerca de 800 participantes em Lisboa, vindos de nove países.
O 1.º Congresso de Engenheiros de Língua Portuguesa proporcionou uma plataforma de diálogo entre os responsáveis máximos pelos investimentos públicos e privados projetados ou já em curso nos países que integram a Comunidade de Língua Portuguesa (CPLP) e Macau. Foram apresentados os planos de desenvolvimento em políticas públicas em Angola, Brasil, Cabo Verde, Macau, Moçambique e Timor-Leste, bem como as políticas sócio-económicas nos países da CPLP e Macau, nomeadamente nos setores da água e saúde pública; produção de energia elétrica; floresta e indústrias florestais; indústria extrativa; cooperação em ensino e investigação em engenharia; portos; petróleo e gás; e telecomunicações.
Os objetivos propostos foram alcançados e significativamente ultrapassados, tendo sido possível firmar um Acordo de Cooperação entre as Associações Profissionais de Engenheiros de Língua Portuguesa através do qual é não só garantida a continuidade de realização do Congresso de Engenheiros de Língua Portuguesa com uma periodicidade bienal, percorrendo rotativamente os países envolvidos, como a facilidade do exercício profissional dos engenheiros nos países subscritores.
O XIX Congresso da Ordem dos Engenheiros foi dedicado ao reforço da participação da Engenharia na procura de soluções face à sustentabilidade na utilização dos recursos terrestres e marítimos, bem como à identificação de medidas que melhorem o acesso dos setores sociais – Estado, empresas e particulares – aos serviços prestados pelos Engenheiros, sem esquecer o debate sobre a formação de base destes profissionais.
No encontro foi analisado o novo regime jurídico das Associações Públicas Profissionais (Proposta de Lei N.º 87/XII/1.ª), o sistema de ensino de Engenharia e tecnologia, a retoma e o crescimento económico nacional, o ordenamento do território, o património construído de índole urbana, o investimento estrangeiro nos recursos naturais, as políticas públicas de desenvolvimento de infraestruturas, a conjuntura de crise e a legislação que envolve a prática da Engenharia.
De salientar, ainda, o contrato assinado com a FEANI, que constitui a Ordem dos Engenheiros como a entidade que em Portugal tem a competência para emitir o Cartão Europeu de Engenharia (Engineering Card).
Em anexo: Conclusões do 1.º Congresso de Engenheiros de Língua Portuguesa e XIX Congresso da Ordem dos Engenheiros.
Informações adicionais: Ana Fonseca
LPM Comunicação
Tel. 21 850 81 10 / 961 775 791 :: anafonseca@lpmcom.pt
Ed. Lisboa Oriente, Av. Infante D. Henrique, 333 H - Escritório 49, 1800-282 Lisboa

I CONGRESSO DE ENGENHEIROS DE LÍNGUA PORTUGUESA
Centro Cultural de Belém, Lisboa

Notas Significativas
No dia 18 de Outubro de 2012, realizou-se, no Centro Cultural de Belém, na cidade de Lisboa, o I CONGRESSO DE ENGENHEIROS DE LÍNGUA PORTUGUESA, subordinado ao tema “A Engenharia como Fator Decisivo no Processo de Desenvolvimento”, tendo contado com a presença de cerca de 800 congressistas.
Com a organização deste Congresso pretendeu-se proporcionar uma plataforma de diálogo entre responsáveis máximos pelos investimentos públicos e privados projetados ou já em curso nos países que integram a Comunidade de Língua Portuguesa (CPLP) e de Macau, bem como representantes nacionais dos sectores empresarial e da Academia no domínio da Engenharia.
Foi possível, desta forma, usufruir de troca de informação e de conhecimento com uma plêiade de decisores políticos, técnicos e cientistas de renome internacional em várias áreas da Engenharia, através da análise e discussão das questões essenciais relacionadas com aspetos institucionais, científicos, tecnológicos e de gestão indissociáveis do sucesso de políticas de desenvolvimento sustentado. Concretamente, foi possível contribuir, nomeadamente, para:
            Estabelecer uma plataforma de comunicação na Engenharia no âmbito dos países que integram a CPLP e Macau.
            Divulgar aos setores económicos deste especial grupo de países as capacidades disponíveis nas diversas áreas da Engenharia, fundamentais no seu processo de desenvolvimento socio-económico.
            Proporcionar um fórum privilegiado para o contacto direto entre responsáveis de empresas, agentes de setores económicos fundamentais, a comunidade de ensino e investigação, e associações e sociedades técnicas de Engenheiros.
O programa do Congresso foi organizado em uma sessão plenária, onde se apresentaram planos de desenvolvimento em políticas públicas em Angola, Brasil, Cabo Verde, Macau, Moçambique e Timor-Leste, seguida de oito sessões paralelas dedicadas a políticas sócio-económicas nos países da CPLP e Macau, nomeadamente nos setores: água e saúde pública; produção de energia elétrica; desafios do futuro; floresta e indústrias florestais; indústria extrativa; cooperação em ensino e investigação em engenharia; portos; petróleo e gás; e telecomunicações.
De uma forma geral, poderá concluir-se que os objetivos propostos para o Congresso foram alcançados e significativamente ultrapassados, tendo sido possível, ainda: (i) garantir a continuidade de realização do Congresso de Engenheiros de Língua Portuguesa com uma periodicidade bienal, percorrendo rotativamente os países envolvidos, sendo a organização do mesmo da responsabilidade do país anfitrião; (ii) assinar um Acordo de cooperação entre as Associações Profissionais de Engenheiros de Língua Portuguesa.
Dos trabalhos ressaltaram, ainda, as seguintes notas significativas:
1.             PLANOS DE DESENVOLVIMENTO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
            Plano Nacional de Desenvolvimento de Timor-Leste
            Apresentação do Programa “A nossa Visão, o nosso Futuro” (2002);
            Relato das dificuldades de edificação do Estado desde então até 2007;
            Relato da abordagem político-estratégica do plano de desenvolvimento quinquenal (2007);
            Eletrificação de todo o País (incluindo fibra ótica para Internet) – previsto concluir em 2013;
            Desafio maior: consolidar a independência do País. Neste contexto, a Engenharia revela-se essencial para vencer tal desafio.
            Plano Estratégico de Gestão de Resíduos de Angola
            Plano recentemente aprovado com a designação de Programa “Angola Limpa” (sigla do Plano: PESGRU);
            Descrição do Plano (que teve a participação de consultores portugueses, entre outros):
              Entre 2012-2017 o PESGRU deverá ser implementado com a recolha de Resíduos Urbanos em zonas urbanas estruturadas;
              Ênfase em campanhas de formação e sensibilização;
              Com a implementação do PESGRU, esperam-se benefícios sociais, ambientais e económicos.
            Florestas de Moçambique
            Caraterização do plano estratégico para o desenvolvimento do setor agrário (PEDSA);
            Enquadramento legal da propriedade em Moçambique: pertence ao Estado e concessionado por períodos longos;
            Descrição do enquadramento legal da agricultura e florestas;
            40 milhões de hectares de cultura florestal. Destes, 7 milhões têm uso industrial;
            Existência de um plano de ação para o reflorestamento;
            Desafios: (i) delimitação e mapeamento das zonas com aptidão florestal; (ii) valorização da iniciativa privada: existência de 13 empresas de reflorestamento (uma delas é a Portucel Moçambique); (iii) Proposta da realização do 3.º CELP em 2016 em Moçambique.
            Plano de Desenvolvimento na Área da Energia em Moçambique
            Identificação dos principais operadores no setor elétrico;
            Assinalou-se o desenvolvimento da rede elétrica com grande crescimento de consumidores;
            Estratégia de desenvolvimento: (i) expansão da rede nacional a todas as capitais distritais num primeiro momento e posteriormente pelos distritos;
            Menção às dificuldades geográficas: produção no interior/consumo na costa onde se concentram os principais consumidores;
            Reservas importantes de carvão e gás natural. Foi abordado o plano de desenvolvimento de centrais          elétricas de 2012 a 2018, com diversas soluções tecnológicas. Criação de uma sociedade nacional de transportes de energia, com a participação da REN. O plano prevê a necessidade de financiamento de 5000 milhões de dólares.
            Novos aterros – Novas Zonas Urbanas em Macau
            Menção à evolução histórica dos grandes aterros de Macau. População em crescimento, carecendo de ocupar mais área;
            Apresentação das linhas orientadoras do planeamento de novos aterros orientado para a qualidade de vida da população
            Foram apresentados os dois possíveis cenários de desenvolvimento sobre os quais a população teve oportunidade de se pronunciar. No final da caracterização do plano dos novos aterros, os mesmos constituirão 70% do território de Macau.
            Programa de Aceleração de Crescimento “PAC 2” do Brasil
            Mais de 30.000 ações foram lançadas em 2007, no âmbito do PAC1, com estímulo ao investimento privado nos eixos de transportes, energia, social e urbano;
            Em 2011 foi iniciada uma nova etapa com a designação de PAC2;
            No âmbito do PAC2 salienta-se a programação de cerca de 11.000 ações em saneamento e 14.000 em equipamento social e urbano;
            O PAC1 foi executado com 247.1 mil milhões de euros (em 94.1% do previsto);
            O investimento do PAC2 está estimado em 358.7 mil milhões de euros;
            Os PAC tiveram forte impacto no emprego e nos setores de desenvolvimento como: habitação, geração de energia elétrica, rodovias e ferrovias.
            Plano de Investimentos em Cabo Verde
            A economia Cabo-verdiana, essencialmente ancorada nos serviços, começa a ressentir-se da “crise” devido à sua ligação à zona Euro;
            Polos de desenvolvimento da economia de Cabo Verde:
              Turismo (acima de 25% do PIB);
              Energias renováveis;
              Mobilização de água;
              Tecnologias de Informação e Comunicação.
2.             ÁGUA E SAÚDE PÚBLICA
            Estratégia de desenvolvimento do setor de águas de Moçambique
            Está em curso um significativo plano de investimentos no setor das águas (2010-2015) para atingir uma taxa de cobertura em abastecimento de água de 70% em 2014;
            Grandes desafios na implementação da estratégia nacional para a gestão integrada de recursos hídricos.
            Política de disseminação de planos de segurança de água à escala nacional do Brasil
            O abastecimento de água para consumo humano registou um grande progresso nos últimos 12 anos, estando implementado em 90% dos 5009 municípios brasileiros;
            Os Planos de Segurança da Água (PSA) constituem elemento nuclear nas políticas de saúde pública no Brasil, sendo a sua implementação recomendada por legislação própria.
            Estratégia de desenvolvimento do setor de abastecimento de água e saneamento em Angola
            Constrangimentos no setor das águas: falta de recursos humanos habilitados, degradação dos sistemas, cultura de não pagamento de serviços, etc.;
            Plano de realizações para o ciclo 2009-2012 para colmatar lacunas aos níveis institucional e económico-social. Ações previstas: Projeto APT (Água Para Todos), criação de laboratórios de controlo de qualidade de água e construção de novos sistemas de abastecimento de água em zonas urbanas e rurais;
            Investimentos na ordem de 2,5 mil milhões de euros para se atingirem os objetivos de cobertura de abastecimento de água a 100% nas zonas urbanas e 80% nas zonas rurais;
            Como conclusões deste tema: criação da comissão técnica de PSA dos países da CPLP e realização do 1.º Congresso dos Países da CPLP sobre o PSA.
Proposta desta sessão temática: considerando que os PSA constituem uma ferramenta fundamental para um fornecimento seguro de água, foi proposta a criação de um grupo de trabalho e a realização de uma conferência internacional temática sobre PSA, envolvendo representantes de todos os países de Língua Portuguesa.
3.             PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA, DESAFIOS DO FUTURO
            Uma Visão global do setor elétrico e das tecnologias de produção
            Apresentação de aspetos relevantes sobre a evolução do consumo de energia primária no mundo;
            Crescimento do consumo da energia centrado essencialmente em países emergentes e não da OCDE;
            O papel do gás natural e das energias renováveis no horizonte 2035.
            Perspetivas de desenvolvimento do setor elétrico em Moçambique
            Panorama de produção de energia elétrica no País;
            Construção de novas linhas de distribuição de energia elétrica;
            Necessidade de reforçar o sistema eletroprodutor.
            Perspetivas de desenvolvimento do setor elétrico em Angola
            Problemas do acesso à energia das populações;
            50% da procura é assegurada pela rede elétrica;
            Insuficiências do sistema elétrico com estrangulamento nas redes de transporte e distribuição;
            Programa de implementação de mini-hídricos, centrais eólicas e fotovoltaicas;
            Interligação dos sistemas isolados de transporte e distribuição de energia.
            Perspetivas de desenvolvimento do setor elétrico no Brasil
            Plano decenal para satisfazer os consumos no período 2011-2021;
            Contratação em ambiente livre e ambiente regulatório;
            Leilões de energia, estruturais, reserva e fontes renováveis;
            Os leilões de 2012 privilegiam essencialmente a hídrica;
            No período 2013-2021 forte investimento na produção de energia.
4.             FLORESTA E INDÚSTRIAS FLORESTAIS
            Realidade e Perspetivas da Fileira Industrial
            Apresentação da realidade e perspetivas da fileira florestal dos países representados de língua portuguesa;
            Foram evidenciadas as oportunidades de investimento no desenvolvimento das respetivas fileiras florestais;
            Identificados os pontos fortes, as fraquezas e as ameaças, registando-se o interesse em dinamizar uma rede de contactos e conhecimentos entre os países presentes no Congresso;
            Foi disponibilizado o apoio do Grupo Portucel-Sopurcel, para com o ISA - Instituto Superior de Agronomia (como pivot) e em articulação com a Ordem dos Engenheiros, com o objetivo de se dinamizar e aprofundar uma rede de contactos e conhecimentos entre os países de língua portuguesa, tirando partido das oportunidades identificadas.
5.             INDÚSTRIA EXTRATIVA
            Potencialidade mineira da República da Guiné-Bissau
            Levantamento da situação geográfica, geomorfológica e garantias de investimento num país sem tradição mineira através da realização de programas/campanhas de sondagens;
            Áreas com potencial económico: pedras preciosas; alumínio; adubo-fosfatado; minerais industriais e materiais de construção; ouro, cobre, chumbo, zinco e molibdénio;
            O principal problema da Guiné-Bissau é de ordem técnica financeira e ausência de legislação que taxe o investimento através de royalties;
            Importância da procura de investidores para o País na área mineira e a realização de mais estudos para aprofundar o conhecimento.
            Setor Mineiro Angolano
            Estabilidade Macropolítica/Económica e condições para o aparecimento de investidores privados para o setor mineiro, para diversos recursos geológicos e não só diamantes;
            Aprovados o Plano Nacional de Geologia e o Plano Mineiro;
            Diamantes – principal produto de exportação atualmente. Angola é o 4.º produtor mundial de diamantes;
            O Governo Angolano pretende relançar o subsetor de ferro e manganês e da indústria siderúrgica;
            Objetivos do Plano Nacional de Geologia: aumentar o conhecimento, modernizar o IGA, contribuir para a modernização técnico-profissional, aumento de emprego, aumento de especialistas em geociências.
            Missão e atuação da EDM nos recursos minerais e na recuperação ambiental de áreas mineiras abandonadas
            Criada parceria com a EDM de Moçambique para prospeção e pesquisa na indústria mineira;
            Estima-se a reabilitação de 175 áreas até 2020.
6.             COOPERAÇÃO EM ENSINO E INVESTIGAÇÃO EM ENGENHARIA
            Reconhecimento dos Graus de Engenharia no Espaço Lusófono
            O espaço dos países de língua portuguesa, para além de ser um espaço cultural, deve também ser um espaço de mobilidade de ensino e de investigação de alunos e de professores;
            Criação de uma rede de universidades portuguesas e brasileiras para dinamizar os espaços de procura para entendimentos futuros sobre o reconhecimento dos graus de Engenharia;
            Reconhecimento da necessidade de formação de engenheiros ferroviários e portuários em Moçambique;
            Reconhecimento da necessidade de formação superior em Engenharia para a qual é necessário criar formas de mobilidade de professores portugueses e brasileiros no sentido de ajudar a formação de quadros moçambicanos;
            Reconhecimento da necessidade de um Sistema de Acreditação de cursos de Engenharia no espaço de países de língua portuguesa;
            Entendimento de cooperação como uma necessidade estratégica para a preparação de quadros técnicos em Angola;
            Para o reconhecimento de estudos de engenharia no espaço lusófono é importante a uniformização de planos de estudos e sistemas de unidades de créditos;
            Conformação de legislação sobre a matéria de reconhecimento de títulos universitários;
            Necessidade de um estudo sobre os mecanismos de reconhecimento dos diplomas nos países de língua portuguesa;
            Necessidade de encontrar fórmulas mais céleres de reconhecimento de graus académicos.
7.             TELECOMUNICAÇÕES
            Como podem as telecomunicações melhorar a vida das pessoas e promover o desenvolvimento?
            Subida exponencial das telecomunicações e o seu impulso na Economia dos povos e na contribuição para o crescimento do PIB;
            Nos mercados desenvolvidos, 60% do tempo útil é utilizado a estudar novas tecnologias;
            Verifica-se um crescimento da indústria das telecomunicações de 30% ao ano;
            O número de páginas Web acedidas em plataformas móveis já ultrapassa o acesso fixo;
            Nas maiores cidades africanas mais de 50% da população já acede à Internet através de telemóvel e transfere-se dinheiro por essa via, onde não há estruturas desenvolvidas.
            Telecomunicações – Cabo Verde
            Potencial das TIC, em especial o telemóvel;
            Crescimento da banda larga móvel em relação à banda larga fixa;
            Em África, a tecnologia móvel é utilizada pela população para serviços de saúde, serviços “e-government” e outras necessidades da população.
            Telecomunicações – Angola
            O mercado móvel em Angola cresceu 47% desde 2010;
            Em Angola ainda existe uma cobertura deficitária (dificuldades de acesso de energia elétrica, etc.), mas verifica-se um esforço no investimento em fibra ótica como infraestrutura;
            A UNITEL investe na formação de recursos humanos em tecnologia;
            As populações adotam com mais facilidade estas novas tecnologias, não sendo a única alternativa de comunicação.
8.             PETRÓLEO E GÁS, DESAFIOS DO FUTURO
            Pré-Sal Brasileiro: Resultados e Desafios
            Extração de petróleo offshore a grandes profundidades (1900-4700 metros abaixo de leitos de sal);
            Localizadas ao longo do Rio de Janeiro e de São Paulo, numa área equivalente a 48 vezes o estuário do Tejo – a 300Km da Costa;
            Obriga a procedimentos rigorosos, mas é viável economicamente;
            Os investimentos envolvidos são da ordem dos 300 mil milhões de dólares.
            Mohave Pesquisa Petróleo em Portugal – Objetivos Futuros / Realizações Presentes
            Pesquisa petróleo em Portugal desde 1995;
            Área offshore e inshore entre Setúbal e Figueira da Foz;
            Parceiro da GALP numa sondagem em Alcobaça;
            O progresso dos meios disponíveis justifica continuar as pesquisas em Portugal.
            Shale Gas – Mitos e Realidades
            O Shale Gas há 5-6 anos era visto como um recurso de remota possibilidade de utilização. Nos últimos anos, a extração aumentou 12 vezes, causando uma descida do preço do gás nos EUA de 10 para cerca de 3 dólares/milhão de BTU;
            A vantagem económica dos EUA sobre a Europa devido ao Shale Gas está estimada em 800 milhões de dólares/dia;
            O que se passou nos EUA dificilmente é repetível na Europa por motivos ambientais, tipo de território e organização económica;
            Se o Gás for exportado para a Europa chega a preços semelhantes aos atuais na Europa, pelo que não é solução para a Europa.
9.             PORTOS
            Estreitamento das relações entre os Portos de Língua Oficial Portuguesa
            Potencialidade Geoestratégica dos Portos de Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique;
            As taxas de crescimento dos Portos de Moçambique são constantes e possuem um hinterland muito importante, revelando uma ligação estreita entre os portos e a ferrovia;
            A Engenharia portuguesa é capaz e competente para realizar projetos muito interessantes e a obra portuária é testemunho dessa capacidade;
            Os Portos portugueses representam o que de bom se fez com o investimento público;
            Notória participação do setor privado nos investimentos realizados nos Portos portugueses;
            Preocupação de promover, em Portugal, as acessibilidades ao hinterland.
            A importância dos investimentos na Infraestrutura (TUP) / VTS que transformaram os Portos portugueses em Brain Ports;
            Os investimentos nos Portos portugueses são investimentos “Reprodutivos” e induzem a reflexos concretos no incremento da atividade portuária;
            Os Portos brasileiros ainda não fizeram os investimentos do lado terrestre, contrariamente aos Portos portugueses;
            Os principais investimentos nos Portos brasileiros incidiram nas dragagens, em linha com o Plano Nacional de Dragagens;
            O problema da gestão diferenciada dos Portos brasileiros (Portos de água doce / Portos de água salgada) também não promove uma visão global e concertada na globalidade dos Portos;
            O Porto de Itajaí tem uma gestão municipal e está localizado numa área geográfica, onde o seu Hinterland (600 Km) abrange 45% do PIB nacional do Brasil;
            Itajaí inaugurou recentemente o “Porto sem Papéis”, demonstrando a sua preocupação com a Infraestrutura;
            O Porto de Itajaí é uma “referência”, sendo o segundo maior Porto brasileiro na movimentação de contentores e o primeiro em carga refrigerada.

XIX CONGRESSO NACIONAL DA ORDEM DOS ENGENHEIROS

Sociedade, Território e Ambiente – a Intervenção do Engenheiro
Realizou-se em 19 e 20 de outubro, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, o XIX Congresso Nacional da Ordem dos Engenheiros que reuniu 803 Congressistas. Os trabalhos ocuparam um total de 20 sessões de índole protocolar, técnica e profissional, com a intervenção de 72 oradores e de 30 participantes em painéis de debate.
Dos trabalhos do Congresso emergiram as seguintes conclusões gerais:
1.             O novo regime jurídico das Associações Públicas Profissionais, presentemente em discussão na Assembleia da República, tem como alegada origem o reforço da mobilidade profissional no espaço europeu, visando eliminar desnecessárias obstruções ao livre exercício das profissões regulamentadas. Tal objetivo deve ser articulado com o fundamento da criação das Associações Públicas Profissionais, onde o Estado delega poderes, considera dever existir autorregulação e onde se exige a confiança pública. A inclusão na nova lei de disposições que impliquem a intromissão desnecessária de órgãos do Estado em matérias disciplinares ou de disposições que estabeleçam a aprovação prévia, pelo Governo, de regulamentação que faz parte da matriz de autonomia, são o prenúncio de futuros atritos permanentes entre o Estado e as Ordens, que urge a todo o custo evitar
2.             Urge proceder a uma análise profunda, quantitativa e qualitativa, do sistema de ensino de Engenharia e tecnologia, para inventariar as necessidades, regular a oferta e consolidar a qualidade. O interesse nacional e a racional aplicação dos recursos devem prevalecer de modo inequívoco sobre interesses e particularidades setoriais ou locais;
3.             A retoma e o crescimento económico nacional requerem um substancial reforço das condições de empregabilidade interna. Um dos contributos essenciais desse reforço é a reindustrialização. É urgente a formulação de uma política nacional para o setor industrial de bens transacionáveis e o reforço do apoio à produção de matérias-primas, no sentido de incrementar o potencial de exportação e as consequentes vantagens competitivas, incluindo a correção de assimetrias regionais e onde se tome em consideração o enorme capital humano que constitui a comunidade de ensino superior e de investigação nesses domínios;
4.             O ordenamento do território continua a ser uma das áreas fragilizadas, onde existem necessidades de políticas públicas consistentes e rigorosas, que possam corrigir erros de décadas; qualquer decisão nas áreas da edificação e o desenvolvimento da rede de transportes deve ser fortemente condicionada pelas referidas políticas públicas;
5.             O património construído de índole urbana não necessita de aumento substancial; o sector da construção deve concentrar-se na reabilitação urbana. Espera-se que a nova “Lei das Rendas” contribua para a dinamização desse setor;
6.             As possibilidades abertas pela ciência e pela tecnologia de reforçar a obtenção, valorização e transformação dos recursos naturais disponíveis no território e nos espaços marítimos sob jurisdição nacional, com aptidão para atrair investimento estrangeiro, devem ser objeto de políticas públicas que ultrapassem o mero contrato de concessão e que, pelo contrário, bonifiquem a integração de capital humano nacional, especializado, existente na Academia e nos centros tecnológicos e de investigação;
7.             As políticas públicas de desenvolvimento de infraestruturas devem ser definidas após a disponibilidade de estudos técnicos de viabilidade, que permitam caracterizar de modo independente as opções disponíveis. Para esse propósito, a OE publicou recentemente e divulgou ao Governo e à Assembleia da República um documento orientador relativo à seleção e avaliação de investimento público;
8.             Observa-se que a conjuntura de crise está a dominar todos os órgãos de decisão nacional, impondo uma estagnação no desenvolvimento e implementação dos planos estratégicos, inclusivamente inviabilizando fundos europeus que podem voltar a não estar disponíveis. Sendo certo que apenas o crescimento económico permitirá aumentar a empregabilidade e arrancar com um novo ciclo de progresso, é urgente alterar a situação e fazer coexistir o ataque à grave conjuntura financeira com a preparação de um futuro de progresso económico e de bem-estar social;
9.             Observam-se claras deficiências na produção legislativa que envolve a prática da Engenharia. É urgente que o Estado reforce a respetiva capacidade técnica em Engenharia e que ouça de modo sistemático especialistas, em particular através da Ordem dos Engenheiros;
10.           Assinala-se a adesão da Ordem dos Engenheiros, através de contrato com a FEANI celebrado no presente Congresso, ao “Engineering Card”. A Ordem dos Engenheiros, tornou-se, desta forma, entidade emissora em Portugal do cartão europeu de Engenharia – “Engineering Card”. Este cartão, é uma credencial pessoal aplicável ao espaço europeu dos países aderentes  e visa facilitar a mobilidade profissional. A Deputada Europeia Constance le Grip, membro da Comissão do Mercado Interno do Parlamento Europeu e oradora convidada no Congresso, na sua intervenção, teceu considerações elogiosas à existência e finalidades do referido cartão;
11.           A Ordem dos Engenheiros, atenta ao corrente movimento de internacionalização da Engenharia, tem diligenciado promover protocolos com associações congéneres em países da América Central e do Sul e em África, para reconhecimento direto, baseado em princípios de rigor e de estrita reciprocidade. No caso do Brasil, existem dificuldades objetivas que se julga apenas serem resolvidas por diligências político-diplomáticas. Considerando que as oportunidades de actividade são muito conjunturais e estão sujeitas a forte concorrência internacional, é fundamental atuar com urgência;
12.           A Ordem dos Engenheiros reitera a disponibilidade incondicional de colaborar com entidades públicas ou com movimentos da sociedade civil, na procura das melhores soluções nacionais para as questões de desenvolvimento económico sustentável e de interesse social, onde o planeamento, a Engenharia e a tecnologia tenham papel relevante.

22 de outubro de 2012

 De "Jornal do Norte" para "Tempo Caminhado"

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