O gráfico que aqui se apresenta, publicado no jornal Público do dia nove deste mês (p.12), é brutalmente esclarecedor sobre a governação socialista sob o comando de José Sócrates, nestes últimos (quase) sete anos, porque se refere a dados de um estudo feito entre 2008 e Junho de 2011[1], da responsabilidade da Direcção de Emprego, Assuntos Sociais e Inclusão da Comissão Europeia, que tem o título The distributional effects of austeterity measures: a comparison of six EU countries. Analisa as consequências sobre o rendimento das pessoas que resultam da aplicação das medidas de austeridade tomadas por vários governos europeus: Portugal, Grécia, Irlanda, Estónia, Reino Unido e Espanha. O gráfico é constituído por barras azuis e cor de laranja. Nas barras azuis aparece o impacto das medidas sobre os 20% mais ricos e o consequente corte no rendimento disponível; nas barras cor de laranja, aparece o efeito das mesmas medidas sobre os 20% dos mais pobres.
Qualquer criança da antiga 4ª classe faria uma leitura imediata. Portugal é o único país em que as medidas de austeridade prejudicaram mais os mais pobres! E menos os mais ricos! Concluindo, em Portugal quem está a pagar a crise, são os mais pobres dos pobres.
Concretamente, este estudo indica o seguinte: na Estónia, a percentagem do corte de rendimentos dos mais pobres foi de 5% e dos mais ricos 8,2%. Na Irlanda, os mais pobres perderam 5% e os mais ricos 10,5%. No Reino Unido, os mais pobres perderam 2,5% e os mais ricos 4,2%. Na Grécia, os mais pobres perderam 5,9% e os mais ricos 6,1%. Na Espanha, perderam os mais pobres, 3,4% e os mais ricos 4%. Em Portugal, os mais pobres perderam 6,1% e os mais ricos 3,9%!
Porque razão isto acontece? Por várias razões: o contexto histórico, a falta de cultura humanística dos portugueses, principalmente dos que nos têm governado (ressalvem-se as excepções). Que nos trouxeram o compadrio, a velha cunha, o igualitarismo serôdio, a corrupção e…por aí fora.
José Sócrates e os seus governos foram os (principais) causadores, como demonstra este estudo, da situação a que chegamos. Porque, em tudo, contribuiu para isso. Desde logo, a promoção de uma legislação acéfala[2] que desvirtuou todo um processo de igualdade de oportunidades, que vinha sendo consolidado desde os Governos do então primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva (aí com pico alto), seguido depois pelos do Eng.º António Guterres e pelo do Dr. Durão Barroso[3].
Campanha da AMI |
Como sempre, este estudo não foi objecto de comentário[4]. Mas foi o putativo “escândalo” das nomeações! Quanto a este [segundo o jornal Negócios, 80% dos cargos dirigentes foram reconduzidos], agora levantado pelo partido que aqui nos trouxe, disfarçado em virtude, não passa de uma tradição portuguesa que vem do liberalismo[5] (vejam-se as que o partido socialista fez na governação de José Sócrates – GALP e CGD[6]). E Passos Coelho não pode remover o sistema de clientelas à força de retórica. O pior para ele, como refere Vasco Pulido Valente (Público -14-1-XII), com a miséria em crescendo do funcionalismo e a crise do Estado, é não poder distribuir com mão larga. Por essa razão provoca a inveja, o ressentimento e mesmo a fúria dos que ficaram sem poder rapar o “tacho”.
Armando Palavras
[1] Precisamente o mês em que o Governo de Pedro Passos Coelho tomou posse.
[2] Por inspiração ideológica – e outras que omitimos por pertencerem ao foro psíquico, e não só –, não por inspiração racional de competência e merecimento, que danificou brutalmente a vida dos cidadãos.
[3] Mesmo o do Dr. Santana Lopes com o seu curto período de vida lhe deu continuidade.
[4] Ressalve-se São José Almeida que a ele se referiu, numa crónica do mesmo jornal (14-1-XII). E Teresa de Sousa (15-1-XII), faz-lhe uma brevíssima referencia.
[5] Para não dizermos desde o inicio da nacionalidade. Os reis sempre conferiram privilégios ànobreza por os auxiliar nas conquistas. São disso exemplo as várias Ordens Monásticas.
[6] Só para darmos dois exemplos semelhantes
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