Seminario de Vila Real - Aspecto da Mesa que presidiu à Sessão Comemorativa das Bodas de Diamante do Seminário de Vila Real, realizada em 23 de Outubro de 2005. A contar da esquerda: António Guilhermino Pires, D. Joaquim Gonçalves (Bispo da Diocese de VR), Barroso da Fonte e Altino Moreira Cardoso.
Frei Diogo de Murça, Milhões e Guilhermino Pires:
Um sábio, um herói militar e um mestre de artes gráficas
Esta
ridente vila, sede do concelho de Murça, embora das menos populosas do distrito
de Vila Real, sempre se impôs pela qualidade dos seus filhos. Cito apenas três
figuras nacionais de outros tantos séculos: XVI, XIX e XX.
Frei Diogo de Murça (?-1570) foi um frade Jerónimo, dos mais antigos que estudaram no estrangeiro e cuja competência, humanista e científica, fizeram dele o reitor da Universidade de Coimbra e fundador da Universidade da Costa (em Guimarães) entre 1537-1552. Faleceu em 1570 com fama de santidade. Acabou os seus dias na qualidade de refugiado na reforma administrativa, no Mosteiro Beneditino de Refojos, em Cabeceiras de Basto, onde foi sepultado.
Aníbal
Augusto Milhais (1895-1970). Com 1,55 cm de altura e analfabeto foi,
popularmente proclamado, herói nacional, sob o epíteto do seu Comandante: «tu
és milhais, mas vales milhões».
Capa de Banalidades, da autoria de João Felgueiras. A coordenação editorial deste volume esteve a cargo de Guilhermino Pires, que também escreveu o Posfácio. |
Um dos referidos livros ofertados por G. Pires foi o livro comemorativo dos 50 anos da Uniarte Gráfica, sediada em Campanhã, no Porto. Desse luxuoso volume, dedicado a Francisco Cerqueira, respigamos esta “Reprodução da oficina tipográfica de Plantin, Antuérpia, 1570”. Tela propriedade da Uniarte.
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Ora
Guilhermino Pires herdou, de Frei Diogo de Murça, o gosto e a necessidade de
evoluir, em saltos qualitativos, por parte dos humanos de todo o mundo. A
evolução sempre foi uma meta, um gosto e uma necessidade, tanto mais que «a
necessidade cria o órgão».
Para
evoluir em qualquer ramo do Saber, é preciso começar pelo princípio de tudo. O
exemplo de Frei Diogo foi deslocar-se às universidades do seu tempo. Um bom
sábio ensina tudo aquilo que lhe foi útil, rejeitando as inutilidades que
possam surgir em sentido contrário.
O Zé
de Murça, o soldado Milhões e Frei Diogo foram um trio que elegi, nesta
narrativa para informar os meus leitores que recebi, aos 85 anos de vida, uma
espécie de prenda, por dois factores que invoco: por ter nascido, em
Trás-os-Montes, no ano em deflagrou a 2ª Guerra Mundial. E, sobretudo, por ter
seguido o ideário deste trio de comprovincianos que influíram no meu percurso
de aprendizagem.
Tendo aprendido muito com os dois primeiros e, ainda, sem ter convivência com o terceiro, que apenas conheci pela sua obra, tive a oportunidade de inserir as suas biografias no I volume do Dicionário dos mais ilustres Transmontanos e Alto Durienses.
Evolução das técnicas de impressão (in Uniarte / Francisco Cerqueira - 50 Anos) |
Confesso
esta minha faceta para informar os meus eventuais leitores que me desculpem as
eventuais e crescentes «gafes» que venha a cometer, nesta carreira de 7 décadas
de «vício» do jornalismo, com a agravante de ser detentor, desde 2017, do
título de Decano dos jornalistas portugueses.
Um mestre das artes gráficas
«O mérito levou-o a Itália, onde obteve o diploma do
Magistério Gráfico, licenciando-se, depois, em Ciências e Artes Gráficas. De
volta a Portugal, e após passagem pelo Funchal, onde coordena a formação
gráfica e gere a tipografia da Escola Salesiana, entra, em 1970, por concurso
público, para a Imprensa Nacional. Mantém-se durante cerca de 25 anos na
Direcção de Produção Gráfica, em anos de grande transformação, que começaram
com a tipografia e acabaram no digital, passando pela fotocomposição», pode
ler-se sobre Guilhermino Pires no Dicionário dos mais ilustras Transmontanos
e Alto Durienses.
Polivalente em diversas atividades simultâneas, Guilhermino Pires
foi promotor e iniciador dos cursos de bacharelato e de licenciatura bi-etápica
em TAG (primeiros do género em Portugal e raros na Europa desde 1986, na altura
em que Guilhermino foi Diretor da Imprensa Nacional - Casa da Moeda)».
Além disso, este ilustre murcense «foi o responsável pelos
últimos catálogos de tipos da fundição tipográfica e redesenhou três séries de
caracteres («Europa», «Bicentenário» e Lusitanas») que foram produzidos em liga
metálica. Sai para se dedicar a outra paixão de sempre, a formação (a todos os
níveis de ensino), fundando o Curso de Tecnologias e Artes Gráficas do
Instituto Politécnico de Tomar (IPT), o primeiro em Portugal em que o
ensino-aprendizagem das tecnologias e artes gráficas é elevado ao nível do
Ensino Superior. No IPT, entre outras, criou uma oficina tipográfica de
referência, reunindo um importante espólio cedido em grande parte pela Imprensa
Nacional, além de doações de conhecidas empresas de materiais gráficos. É,
provavelmente, quem mais sabe de tipografia de caracteres móveis. Continua a
considerar-se um tipógrafo e vem partilhar um pouco do muito que sabe».
Nas recensões que são feitas a este «campeão» nacional das
Artes Gráficas, fala-se da sua passagem, por 20 anos, de serviço prestado ao
Instituto Politécnico de Tomar. Lecionou no IADE, na Universidade Católica e na
Universidade Aberta, e foi diretor do Departamento de Tecnologia. Lê-se também
que em junho de 2018 lhe foi imposta a insígnia da Associação Lusófona de
Cavaleiro de Gutenberg pelo seu legado à indústria nacional das artes gráficas.
Foi durante vários anos o presidente da Organização Mundial
dos Antigos Alunos do Ensino Católico. E, ainda hoje, está ligado a várias
instituições culturais e religiosas, sobretudo pelos muitos e representativos
organismos de interesse regional e nacional.
Guilhermino Pires, que acabou de completar 88 anos de idade, e
tendo-se radicado em Lisboa, percorre dezenas daquelas insituições onde,
regularmente, assume funções diretivas, ou aceita convites para falar, ou ouvir
falar, naquelas associações culturais, artísticas, humanitárias, ou outras que
tenham ligações a Trás-os-Montes.
Barroso da Fonte
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