domingo, 26 de maio de 2024

Artistas e Artífices do Século XVIII



JORGE  GOLIAS


Capa do livro - Igreja de Sedielos -
PESO da RÉGUA
Iniciei-me na apreciação desta arte com o meu saudoso amigo Roger Lopes que era um especialista num tempo em que pouca gente sabia e lia destas artes. Eu li-o encantado com a sua específica sabedoria, que estava quase nos meus antípodas culturais, e com a sua paciência de investigador que se maravilha com as coisas que se dão aos nossos olhos quando entramos numa igreja maior ou numa capela menor.

Armando Palavras tem-nos surpreendido com as suas investigações e descobertas nesta área pouco frequentada da arte sacra.

Ainda fresco, tal como os frescos que regista, Armando Palavras deu à estampa mais um livro de investigação na área da arte sacra. Como habitualmente anda ali pelas margens do Douro, em terras ribeirinhas, de TMAD e da Beira Transmontana.

Na sua última obra, de boa memória, As Mulheres Nos Evangelhos Canónicos, que dedica a todas as mulheres, o autor põe a descoberto as mulheres que rodeavam Jesus, o “discipulado feminino de Jesus”, onde as mulheres desempenharam papéis importantes que alguns artistas acabaram por fixar nos painéis que muitas igrejas ostentam na região do Douro. Esta descoberta, ou confirmação para alguns, veio contribuir para a luta das mulheres na sua caminhada de libertação social.

Valongo - São João
da Pesqueira
Nesta obra que hoje recenseio “Artistas e Artífices do Século XVIII”, o autor traz-nos outra perspectiva que é a de pôr agora a descoberto inúmeros artistas e artífices através das múltiplas obras do património religioso de TMAD e outra vez a Beira Transmontana, assim lhe chamo porque assim trata esta sub-região a Casa de TMADouro. Os artistas e artífices são essencialmente pedreiros, mestres pedreiros, canteiros, mestres canteiros, carpinteiros, pintores, debuxadores, ferreiros e ensambladores (marceneiros que fazem entalhes para acoplar as peças de madeira).
Santa Cruz de Lumiares -
ARMAMAR

A singularidade desta obra literária reside no facto de agora passarem a estar no espaço público muitas obras de arte e muitos artistas e artífices que, de outro modo, continuariam na penumbra do esquecimento, para além da sua inclusão no património cultural institucional – CITAD – Centro de Investigação em Território, Arquitectura e Design, do ILID – Agrupamento de Centros de Investigação.

Peso da Régua
Ao usar e distinguir artistas de artífices o autor quis distinguir a criação pura do artífice, em contraposição com a obra concreta do artista. Muitos nomes e obras de artistas durienses, minhotos e galegos ficam aqui registados para a posteridade, marcando esta obra com muitas imagens a cores que convidam a uma visita plena de curiosidade. Sou particularmente sensível a esta temática porque o meu avô paterno António do Nascimento Golias era mestre-canteiro e também ele foi o artista da construção da igreja de Abreiro, nos anos 50 do século passado.

O investigador Professor Doutor Armando Palavras, licenciado em Belas Artes e doutorado em História (na área da História da Arte) continua assim uma obra de grande mérito nesta região, sendo de realçar que este nosso território transmontano e alto duriense é o de maior riqueza etnográfica do país. Talvez fosse altura de constituir uma equipa que no terreno e com apoios institucionais nos trouxesse mais mostras destas nossas riquezas culturais.

Carnaxide, 25 de Maio de 2024

Jorge Sales Golias

Sem comentários:

Enviar um comentário

Baile de máscaras