quarta-feira, 24 de abril de 2024

Quadras ao 25 de abril

                                   

     

Era uma vez um país

Onde o pão era contado

Onde quem tinha raiz

Tinha o fruto assegurado.

 

Onde quem tinha dinheiro

Tinha o operário algemado

Onde o escravo ceifeiro

Dormia no meio do gado.

 

Onde tossia o mineiro

Nas minas explorado

Onde morria primeiro

Quem nascia desgraçado.

 

Foi então que abril abriu

As portas da liberdade

E a nossa gente invadiu

A sua própria cidade.

 

Disse a primeira palavra

Na madrugada serena

Um poeta que cantava

O povo é quem mais ordena.

 

Agora que já floriu

A esperança na nossa terra

As portas que abril abriu

Nunca mais ninguém encerra.

 

Os cinquenta anos de abril

Tornaram-se enganadores

Porque quem veio a seguir

Foram os maiores traidores.

 

Direi mal, daqui não saio

Apenas canto o que é meu

Não sou como o papagaio

Que só diz o que aprendeu.

 

Os que bons conselhos dão

Às vezes fazem-me rir

Por ver que eles próprios são

Incapazes de os seguir.

 

Entre leigos e letrados

Fala só de vez em quando

Que nós às vezes calados

Dizemos mais que falando.

                                                   25 de abril de 2024, Júlio de Barros.

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