A TEIA - com comentários
(Escutas)
Lacerda
terá entregue “transcrição de conversa” de Costa com [responsável da] Google
Presidente
da Start Campus terá entregue transcrição da conversa do primeiro-ministro a
empresa suspeita de corrupção
Mariana
Oliveira – PÚBLICO, 10 de Novembro de 2013
O advogado Diogo Lacerda Machado, amigo próximo do primeiro-ministro António Costa, foi escutado, em Março deste ano, a comprometer-se com Afonso Salema - presidente executivo da empresa responsável pelo megaprojecto para a construção de um gigantesco centro de armazenamento de dados digitais em Sines, para quem trabalhava como consultor - a enviar a “transcrição da conversa” que o líder do Governo terá mantido com um responsável da Google por por causa de um importante sistema de cabos submarinos que vai ligar o território português, as Bermudas e os Estados Unidos. [É claro que a Google e todas as gigantes tecnológicas vão ficar a partir de agora com uma “óptima impressão” da fiabilidade e “discrição” de Portugal para negócios deste tamanho com governantes!! Vão todos “adorar” investir em Portugal!! Era mesmo distso que precisávamos para o atrair!]
Este projecto da gigante tecnológica só seria anunciado publicamente seis meses mais tarde, em final de Setembro passado, apesar de, segundo o Ministério Público, já ser do conhecimento dos responsáveis da empresa responsável pelo megaprojecto dos data centers, a Start Campus, pelo menos desde Dezembro de 2022. Isso mesmo foi revelado por uma outra intercepção telefónica, referida no despacho em que os procuradores resumem os factos e crimes imputados a cada um dos cinco detidos da Operação Influencer. Essa conversa, entre dois executivos da empresa dos data centers, ocorreu após uma reunião de Salema com o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, os dois detidos esta terça-feira.
Este negócio tinha um interesse especial para a Start Campus, já que a empresa, detida por dois importantes fundos de investimentos, tinha a expectativa que a Google viesse a tornar-se sua cliente [Podem dizer-lhe adeus!!] alojando um dos seus gigantes data centers precisamente nos vários edifícios da Start Campus em Sines (o primeiro edifício do projecto Sines 4.0 está em fase de conclusão), que serão alimentados a 100% por energias renováveis.
“Perspectivando-se que a Google viesse a ser cliente da
Start Campus e, em simultâneo, procedesse à instalação de cabo submarino a
partir da América do Norte e com a amarração em Sines, qualquer acto ou
notícia relativa a cabos submarinos e/ou à Google revelavam-se da
maior importância para a Start Campus”, escrevem
os três procuradores do Departamento Central de Investigação e Acção Penal,
que dirigem este inquérito.
Além dos
cinco detidos esta terça-feira (rol que, além de Escária e Salema, inclui
Lacerda Machado, o presidente da câmara de Sines, o socialista Nuno
Mascarenhas, e Rui de Oliveira Neves, vogal executivo da empresa responsável
pelo projecto Sines 4.0 e também sócio de uma das maiores sociedades de
advogados do país, a Morais Leitão), foram ainda constituídos mais quatro
arguidos.
Os nomes
de dois, o ministro das Infra-estruturas, João Galamba, e o presidente da
Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, já eram conhecidos desde
terça-feira. Esta quinta-feira foram conhecidos os restantes dois. Trata-se
do antigo secretário de Estado João
Tiago Silveira, que ocupou esse cargo quando Costa era responsável pelo
Ministério da Justiça, e que agora também é sócio da Morais Leitão e
da empresa Start Campus S.A..
Apesar
de ser uma pessoa colectiva, os procuradores fizeram questão de a apresentar a
interrogatório. Caberá a Afonso Salema responder em nome próprio e igualmente
em representação da sociedade Start Campus S.A., que poderá ser obrigada a
pagar uma avultada caução como medida de coação.
Haverá,
contudo, dois advogados distintos a representar Salema e a empresa, já
que os interesses de ambos podem não ser compatíveis. Em termos pessoais, Salema é defendido pelo advogado
Pedro Duro, enquanto
a representação da Start Campus S.A está a cargo de Paulo Farinha
Alves, da PLMJ, sociedade que já trabalha com aquela empresa há algum tempo.
Ontem,
os advogados dos detidos estiveram praticamente o dia todo a ouvir escutas que
o Ministério Público usa nas suas imputações, mas que não se encontram ainda
transcritas.
Só já
depois das 17h é que o primeiro detido, Nuno Mascarenhas, começou a ser ouvido
pelo juiz Nuno Dias da Costa. Às 22h, este arguido continuava a ser ouvido, não
sendo, por isso, expectável que os interrogatórios terminem esta sexta-feira,
já que ainda falta ouvir os restantes quatro detidos.
Na
quarta-feira problemas técnicos impediram a audição das escutas telefónicas. Os
defensores, contudo, não estiveram de braços fechados, tendo aproveitado para
consultar o processo, numa maratona que se prolongou até depois da meia-noite.
Entre algumas pessoas envolvidas na investigação causou
perplexidade o facto de advogados e detidos terem estado na mesma sala durante
algumas horas, o que não é comum em casos destes (para evitar qualquer
concertação de versões); no
entanto, fonte oficial da comarca de Lisboa garantiu ao PÚBLICO que a
consulta decorreu na presença de oficiais de justiça e que foram dadas
instruções precisas para não haver interacção entre os presentes. [Pois, pois!! Nos processos dos tubarões,
as ilegalidades são mais que toleradas!! ]
Na
versão do Ministério Público, João Tiago Silveira, que coordena o departamento de urbanismo e ambiente
da Morais Leitão, estaria a preparar um diploma para o Governo com o objectivo de simplificar licenciamentos
para infra-estruturas industriais de plataformas logísticas. Terá sido a pedido da Start Campus, nomeadamente do seu colega na Morais
Leitão, Rui de Oliveira Neves, que Silveira alegadamente, escreveu uma alteração ao
diploma que permitia alargar aos data centers este regime simplificado.
[Devagarinho,
que eu sou de compreensão lenta e preciso de perceber: Um tal Silveira, antigo
secretário de Estado, que agora é advogado sócio da Morais Leitão, mas também é sócio da Start Campus (!!!), escreve alterações de um diploma legal, a pedido de outro advogado, seu colega na Morais
Leitão, mas também vogal na empresa
responsável pelo projecto Sines.4. Essas alterações destinam-se a “simplificar licenciamentos para
infra-estruturas industriais”, tal como convinha à Start Campus!! que tinha e
tem um projecto de instalação de um enorme edifício, o tal Centro
de Dados Digitais, nada menos que numa
Zona de Conservação da Natureza, que convinha a estes grandes “amigos do
Ambiente”que fosse arredada para outro lado !! Esse diploma legal, assim FABRICADO À MEDIDA DE INTERESSES
PRIVADOS por advogados que a eles estão ligados, iria ser levado
por João Galamba, como responsável por aquele decreto-lei, ao Conselho de
Ministros!!!Ou seja, João Galamba, ministro de um Governo de Portugal,
prestava-se:
a)
a que os advogados da Morais Leitão lhe fizessem para ele o trabalho que devia
ser do seu gabinete, que é para isso que lá tem acessores jurídicos que, sendo
pagos por NÓS, devem tratar SÓ dos NOSSOS interesses E NÃO dos de empresas
privadas;
b)
Pior! Levava a Conselho de Ministros, como se fosse trabalho seu, uma proposta
de lei que tinha por fim "facilitar" a vida à Start Campus!!! Tal vai
a CORRUPÇÃO!!!]
Essa
sugestão acabou, contudo, por não ser integrada no diploma aprovado há dias em
Conselho de Ministros, porque terá
chegado tarde demais às mãos de João Galamba, o
responsável por aquele decreto-lei.
[Além
de CORRUPTOS são incompetentes, dos tais atrasadinhos que deixam tudo para o
último minuto da última hora!!!]
Sem comentários:
Enviar um comentário