A FEBRE DO LÍTIO
Dizem que existe em Barroso
Esse mineral famoso
Tão raro, e tão procurado
Só se lembram destas terras
Onde há minerais para as guerras
E pró estudo avançado.
Mas nós já estamos fartos
De sermos prejudicados
Não queremos ser acionistas
Desses oportunistas
Que só nos têm explorado.
O lucro sem segurança
Está na nossa lembrança
A riqueza aqui tirada
Não queremos escavação
Nem danosa exploração
Nesta linda terra amada.
Preservar o ambiente
É tudo que queremos sempre
Ar puro, e água cristalina
Nesta tão rara beleza
Em Barroso com certeza
Não chegará a haver mina.
Somos hoje tão falados
De certo modo invejados
Queremos viver desse jeito
Exigimos ser escutados
Devidamente informados
Dignos do maior respeito.
Conservar é o que queremos
As nossas águas saudáveis
As lindas paisagens que temos
As nossas serras intactas
E não cheias de buracos
É tudo o que pretendemos.
Não queremos sentir mais
Os abusos do passado
Do tempo dos nossos pais
Sofrendo efeitos fatais
Ficando prejudicados.
Sofremos nestas paragens
Os efeitos das barragens
E a exploração da Borralha
Mudando a natureza
Destruindo a beleza
Maldita vilã canalha.
Os que gostam de Barroso/ Usamos
esta doutrina/ Neste ambiente formoso/ Dizemos um não à mina/.
Depois de pedidos todos os
esclarecimentos sobre a exploração do lítio em Barroso, poucas respostas
satisfatórias foram dadas, e ninguém assume as responsabilidades. Os habitantes
das áreas abrangidas, têm todo o direito de pedir informações concretas sobre o
impacto da exploração, os seus benefícios, e os prejuízos que o seu efeito
implicará; podem e devem exigir-se as devidas garantias. Na minha opinião, a
preservação das águas, é o fator mais importante.
É criminoso tornar uma terra
considerada Património Agrícola Mundial, e que as suas águas já abastecem uma
área considerável de habitantes, e pode vir a abastecer muitos mais,
transformá-la num átrio de poluição. No passado fomos prejudicados com a
exploração do volfrâmio, nas minas da Borralha, que deixaram os nossos campos e
os nossos montes esburacados, e projetaram várias nascentes nas profundezas das
minas de onde as águas saem poluídas. A conservação do meio ambiente deve ser
preservada, todos os produtos da terra explorados não podem causar efeitos
nocivos para a saúde, e bem-estar dos seus habitantes.
As coisas quando começam mal,
raramente acabam bem, os governantes e os responsáveis locais, têm o dever de
tomar as devidas providências de modo a não prejudicar o meio- ambiente, o ar
puro e saudável que aqui se respira. Mesmo que o ministério do ambiente garanta
a exploração com todo o rigor ambiental, terá de ter a concordância dos
residentes das áreas abrangidas porque são eles que vão sofrer as
consequências.
Entre os anos 1914/1916, os habitantes de Salto, fizeram forte oposição ao governo, revoltando-se contra a anexação da freguesia de Salto a Cabeceiras de Basto, (ver Questão de Salto, de José Dias Batista,) e depois de várias sentenças contrárias, mantiveram Salto em Barroso, será que já não há sangue desse nas veias dos barrosões?
Júlio
de Barros
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