O POETA ETERNO
Porque hei-de cantar-Te
No palpitar da alma
Que Te procura e foge a cada instante?...
Eu sou apenas eu,
Mas a Tua mão desceu
E só queres que cante.
Mas, ó Poeta Eterno,
Tua é que cantas
Na tecla limite do tempo e do espaço...
Caem estrelas de mãos vazias
E, no vácuo delas,
É que eu renasço.
Vida da minha vida,
No himineu do meu Sonho,
Te chamei hoje, Senhor.
É que chegou a Primavera
E deixou-me na janela
Essências de flor.
NELSON VILELA -Vilarinho da Samardã
AQUI
Aqui
estático na areia
olhando a terra e o mar
e os caranguejos a fugir de mim ...
Aqui
o Poeta
o Homem
o Soldado!
Aqui
duas fronteiras
um mundo
uma paisagem simétrica!
exactamente
simétrica.
Tenho comigo
um destino que não é meu
extraído dos olhos dos peixes
para dar ao mundo!
Mar
embrulha-me nas tuas ondas
e leva-me daqui
com que ninguém saiba
que vou da guerra.
Barroso da Fonte -O Sangue e as Palavras
ECOS - ( ao Douro )
O Douro ecos mil tem na garganta,
Outros mil dissolvidos como sais,
São gritos com que a alma se levanta,
São dores que se encostam a um cais.
Quão belo é um penhasco quando canta
Os risos dos seres primordiais!
Silêncios... só os ouve quem se encanta
E transforma os segredos em sinais.
Quem nunca viu criança que se espanta,
Enternecida ao colo de seus pais,
Quando um leve sussurro se agiganta?
Poeta, menino que desencanta
Os ecos das canções celestiais
Que tornam imortal beleza tanta...
António Fortuna - Vila Real
In Sonata ao Douro
Sem comentários:
Enviar um comentário