terça-feira, 21 de março de 2023

Poetas Transmontanos no Dia da Poesia

 

O POETA ETERNO 

 

Porque hei-de cantar-Te

No palpitar da alma

Que Te procura e foge a cada instante?...

Eu sou apenas eu,

Mas a Tua mão desceu

E só queres que cante.

 

Mas, ó Poeta Eterno,

Tua é que cantas

Na tecla limite do tempo e do espaço...

Caem estrelas de mãos vazias 

E, no vácuo delas,

É que eu renasço.

 

Vida da minha vida,

No himineu do meu Sonho,

Te chamei hoje, Senhor.

É que chegou a Primavera

E deixou-me na janela

Essências de flor.

 

NELSON VILELA -Vilarinho da Samardã

 

 

 

AQUI   

 

Aqui

estático na areia

olhando a terra e o mar

e os caranguejos a fugir de mim ...

 

Aqui

o Poeta

o Homem

o Soldado!

 

Aqui

duas fronteiras

um mundo

uma paisagem simétrica!

exactamente

 simétrica.

 

Tenho comigo

 um destino que não é meu

extraído dos olhos dos peixes

para dar ao mundo!

 

Mar

embrulha-me nas tuas ondas

e leva-me daqui

com que ninguém saiba

que vou da guerra.

 

Barroso da Fonte -O Sangue e as Palavras

 

 

 

ECOS   -  ( ao Douro )

 

O Douro ecos mil tem na garganta,

Outros mil dissolvidos como sais,

São gritos com que a alma se levanta,

São dores que se encostam a um cais.

 

Quão belo é um penhasco quando canta

Os risos dos seres primordiais!

Silêncios... só os ouve quem se encanta

E transforma os segredos em sinais.

 

Quem nunca viu criança que se espanta,

Enternecida ao colo de seus pais,

Quando um leve sussurro se agiganta?

 

Poeta, menino que desencanta

Os ecos das canções celestiais

Que tornam imortal beleza tanta...

 

António Fortuna - Vila Real

In Sonata ao Douro

 

 Enviado pela Drª Maria da Graça

 

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