“A moral hoje está corrompida pela nossa adoração da
riqueza…”.
Cícero (106-43 B.C.)
Muito se tem escrito e dito, nestes últimos dias,
sobre o caso de Alexandra Reis e da TAP. Rasgam-se vestes de indignação,
aponta-se o dedo, injuria-se fulano e sicrano, pedem-se demissões e por aí
adiante.
O contribuinte parece estar farto, atingiu o limite, clama, finalmente, contra a roubalheira. Sobre o caso já se disse tudo e mais qualquer coisa. Os comentadores apelam a isto e áquilo. Á Ética, á Honra e a sei lá o quê.
O fundamental não foi dito. A democracia é, por
natureza, o governo do Povo. Um Povo livre cuja voz encontra eco numa imprensa
livre. Não é o caso.
Em Portugal, o Povo nunca governou porque nunca teve o
poder de, a qualquer momento, poder tirar das funções, os votados que não
cumprem com os objectivos do bem comum, do bem geral. Vivemos um curto período
(uma década) de democracia quase plena, embora representativa, mas com um país
próspero. Depois, foi o que se viu, e a partir de 2005 (com excepção do período
da Troika) o país entrou num sistema cleptocrata, com grandes semelhanças ao
sistema do antigo presidente angolano, José Eduardo dos Santos, sustentado num nepotismo grotesco. A nossa elite é
cleptocrata, não por natureza, mas por aculturação. Tudo aquilo que se tem
passado no país, em todos os níveis da sociedade, tem as características
profundas de uma cleptocracia, com os do costume neste circuito financeiro, com
uma imprensa corrupta (que denunciou o caso cerca de um ano depois),
manipuladora e controlada por grupos de poder: comentadores, sociedades de
advogados, milionários, etc.
Nota de rodapé:
Há momentos Pedro Nuno Santos demitiu-se, mas neste
caso não é apenas ele que se devia demitir. Fernando Medina e o dr. Costa são igualmente
culpados.
Num país verdadeiramente democrático, com massa
critica, este governo de chicos espertos caía hoje. Mas não cai (para já) porque o país é
uma cleptocracia!
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