Embora a questão tenha a sua complexidade, JMT tem toda a razão. Dêmos apenas o exemplo de Malanje. Fica a 380 km de Luanda. Os portugueses chegaram aí apenas no século XVII, onde formaram um entreposto comercial. Só em 1867 esse entreposto foi elevado ao estatuto de vila. Em 1895 é criado o distrito da Lunda e só no ano seguinte a capital desse distrito se estabeleceu em Malanje. René Pélissier estudou bem estas questões da África Portuguesa. E, já agora, aconselhamos um livro que sintetiza muito bem esta história: "Senhores do Sol e do Vento" de José Bento Duarte.
Mas não se pense que toda essa faixa de 380 km estava ocupada de norete a sul. Apenas meia dúzia de entrepostos (alguns situados a sul, em Benguela - assinalado a azul na figura) tinham ligação a Luanda. Os chefes tribais (e alguns reinos) dominavam, à época, cerca de 80% - 90% do território. Concretamente, só o reino do Congo - M'Banza Congo / Zaire - assinalado a azul na figura (Norte de Angola) e uma pequena faixa litoral de 20 a 30 km (assinalada a vermelho na figura) para o interior (com uma ou outra incursão mais longa) do território tinha a presença efectiva dos portugueses. E sobretudo dos mercadores, muitos deles como Silva Porto e Roberto Ivens, designados de Sertanejos. Em Moçambique, por exemplo, os caçadores de elefantes, como nos é descrito por Diocleciano Fernandes das Neves e Ilídio Rocha em "Das Terras do Império Vátua às Praças da República Boer".
O livro a que alude (Senhores do Sol e do Vento, de José Bento Duarte) foi há dias objecto de uma 3.ª edição pela Perfil Criativo e mereceu também a apreciação e recomendação do próprio René Pélissier, como pode confirmar, mais desenvolvidamente, usando o link seguinte: https://portal.autores.club/senhores-do-sol-e-do-vento/
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