terça-feira, 24 de maio de 2022

"O Vale" apresentado em Cabeceiras de Basto - quatro de Junho



Exma Sr.ª Dr.ª Cidália Martins

Fundação AJ Gomes da Cunha

 

Dentro do Programa da Feira do Livro de Cabeceiras de Basto 2022, vai ser apresentado o livro de poemas, «O Vale», do Cabeceirense, Abílio Bastos (de Abadim).

A apresentação deve-se ao convite do Município, através do Dr. Francisco Freitas, e terá lugar pelas 10H00, de 04JUN2022 (sábado), na Casa do Tempo.

Serei apresentador (Jorge Lage) que também posfacio o livro e tem Prefácio da Crítica Literária, Prof.ª Júlia Reis Serra.

O livro é de elevada qualidade, desde o título, «O Vale» (de Abadim), à capa e aos poemas vários deles sobre Cabeceiras de antanho.

O autor decidiu oferecer todo o produto da venda à Fundação AJ Gomes da Cunha e á sua meritória obra.

Gostaria que lá pudesse estar alguém que a representasse e eventualmente V. Exa. convidar associados e benfeitores que queiram e possam a estar presentes. Irão dar por bem empregue o momento (não deve durar mais de uns 30 minutos).

Anexa-se foto da capa.

As melhores saudações,

Jorge Lage.


4 comentários:

  1. O Meu Dia

    Gente do meu povo no apeadeiro?
    Vestido de novo, traje domingueiro?
    Enquanto o Francisco caminha sozinho,
    Palmira segura a menina flor, que sem ver ninguém,
    vai bebendo amor, do peito da Mãe.

    Aquele quadro pintado pelo sol,
    Devolveu-me a veia, que a tinha deixado,
    em Dili, junto ao Farol.
    Foi aí que acordei, e acreditei que tinha chegado.
    Esse, era o meu dia?
    E como dia de alguém, quando o sonho acontece,
    Já o meu rosto aquece, no peito
    Da Mãe.

    Livração, 28 de Julho de 1968. (Regresso da Vida Militar)

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  2. Meninos do Vale

    Dizem os meninos do Vale,
    na sua inocência pura,
    que quando a fruta está madura,
    lhes pertence por inteiro.
    Do caminho, ou do carreiro,
    aquele que a vê primeiro
    salta logo pro local,
    e chama pelos amigos.
    Sejam ameixas ou figos,
    é tudo fruta igual.
    Abrunhos da Corregata,
    as nêsperas da Castanheira,
    as cerejas da Costeira
    e as maçãs de pé de boi,
    pêras cabo de sobela
    e essa fruta tão bela,
    é dos meninos do Vale.

    Agosto, 1968

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  3. O BASTO

    De granito mal temperado,
    vives ao lado da fonte.
    Povo que passa na ponte,
    já te vestiu com o olhar,
    cada um com sua cor,
    esteja frio ou calor,
    nas pedras se vão sentar.

    Maria Amélia cansada,
    de tanto andar na estrada,
    poisa aí o seu cabaz,
    depois pedia ao rapaz,
    que a ajudasse a levantar.

    Abadim, 1968

    In O VALE - ABÍLIO BASTOS

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  4. (Emigração Em França)

    O TRILHO
    Partiu sem luar e a noite apagou-lhe o trilho. Leva-
    va consigo retratos de tristes memórias, entrava num
    trem, não via ninguém, sentou-se à janela de braços
    cruzados e olhos fechados pintava uma tela com lindas
    flores de cravos amores era o rosto dela.

    A fome acordou-o e ele deixou o trem à noitinha. A lua
    já esperava por ele, deitada ao longo da linha. Ao raiar do
    dia, alguém lhe dizia:
    - Bonjour monsieur! Il fait froid !
    Era um menino lindo, filho do Padeiro de Condat!

    Cheirava-lhe a pão, ao sol e ao chão ele prometia, deixar
    a idade nas ruas estreitinhas daquela cidade, num jar-
    dim com flores, numa ponte, num rio e num Pelourinho,
    numa igreja linda, aberta para todos, ao rés do caminho!
    Mais tarde,
    regressou sem frio, sem medo, mas com tempestade.
    Ao passar pelo rio encontrou a idade, saltaram pró mar,
    numa onda gigante voou direito ao seu trilho.
    Trazia nas asas o sol e pão para cada filho!
    Partiu sem luar, mas a noite guardou-lhe o trilho.

    1970

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