(...) Antes de começar a ler o livro, imaginei que seria uma escrita relacionada com as regras do paladar, das técnicas de confeção ou de qualquer outro capítulo alimentar, ou ainda uma relação de disciplina de comportamentos em relação à comida. Pensei também que, com aquele título, o que me esperava para não seria uma leitura maçuda.
Abro o livro e, depressa, percebi que seria uma leitura agradável só pelo índice. Para começar umas “Breves Explicações em Banho-Maria”. Pequenas explicações sobre o seu hábito, desde criança, de parar pela cozinha.Depois o primeiro capítulo “O Natal, a Boa Mesa e os Anjos da Cozinha”, percebemos que o livro é também memorialista e tem uma mensagem emotiva das experiências do autor: “Pelos idos dos anos trinta, em Fortaleza, quando mal começados os dias primeiros de dezembro, já transitava dentro da casa a atmosfera diáfana do Natal; e perseveravam os bons odores, melhor dizendo, os deliciosos cheiros de cozinha azafamada a preparar o inventário longo e caprichado de essências e ervas, para que nada faltasse – nem cravo, nem gengibre, nem canela, nem gergelim ou noz moscada – a conferir inesperado perfume à quituteira da boa mesa dessa quadra de confraternização e paz.” Costumo dizer que não há coincidências. Eu a imaginar assunto para a crónica deste período natalício e eis que me surge este texto. (...) A Gramática do Paladar
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