sábado, 23 de março de 2019

Mais cinco dias inúteis



Alberto Gonçalves - OBSERVADOR
Confesso que, por absoluta falta de interesse, não conheço 90% dos membros do governo. Em compensação, os membros do governo conhecem-se muitíssimo bem. A cada dia, somos informados de mais um familiar directo de ministros ou secretários de Estado que caiu num ministério, numa secretaria de Estado ou noutro cargo acessório e igualmente simpático. Por regra, o argumento em prol (não confundir com “prole”, a qual por acaso também vai sendo enfiada nos postos disponíveis ou inventados para o efeito) deste método de selecção consiste em proclamar que as criaturas em questão não podem ser prejudicadas em função do parentesco. O argumento contrário consiste em garantir que as criaturas não deviam ser beneficiadas.
Não sei porquê, ninguém repara que, ao invés de prejuízo ou benefício, as criaturas têm exactamente aquilo que merecem. O facto de serem cônjuges ou descendentes de grandes figuras do PS indicia com alta probabilidade, por hábito ou genética, uma imbec…, perdão, percepção limitada da realidade. A percepção limitada da realidade condena-as desde logo a empregos de escassa exigência e nenhuma responsabilidade. Não há empregos tão fáceis e irresponsáveis quanto os disponíveis numa administração socialista. Em suma, tudo está bem.
Em eras remotas, desaconselhava-se a endogamia pela propensão a gerar filhos malucos. Hoje, porém, os filhos, esposos, sobrinhos, cunhados, primos e compadres que não regulam bem possuem adequadas saídas profissionais à sua espera. Os casos perdidos deixaram de representar um fardo – excepto para o povo, que, são como um pêro e lúcido como uma batata, patrocina, legitima e aplaude o arranjo.

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