Por BARROSO da FONTE - Noticias de Barroso
O historiador
Fortunato de Almeida (1869-1933) escreveu no vol. 9, que está a sair semanalmente,
como encarte do JN, que «o inimigo, em 23 de Abril de 1707, expugnou o castelo
de Vilhena, depois de tentar debalde atacar em Ecla e em Montalegre». António
do Couto Castelo Branco, no «Portal da História: Páginas pessoais», escreveu
que em 25 de Abril de 1707, dois dias depois de repelido no Castelo de Montalegre,
se travou a batalha de Almança, entre o Exército da Liga composta por forças
portuguesas, britânicas e holandesas, contra o Exército «das duas Coroas -francesa
e espanhola. Foi o primeiro dos grandes conflitos do século XVIII, provocados
por sucessões dinásticas indefinidas e a última em que os problemas religiosos
foram um marco fundamental».
Neste mesmo documento lê-se:
«em 15 desse mês tivemos aqui a notícia certa que o inimigo tinha toda a sua
cavalaria em Montalegre, quatro léguas distante e a infantaria na cidade de Chinchilha.
Resolveram marchar de noite para ir surpreender, que se o conseguissem, faziam
o mesmo à infantaria, pelo que marchámos pelas oito horas da noite, em quatro colunas,
com toda a cavalaria na vanguarda; mas como as guardas dos inimigos estivessem
meia légua do nosso campo, tanto que chegaram a avizinhar-se as nossas partidas
a elas. Retrocederam as deles ao seu campo com a notícia que marchava o nosso exército
sobre eles. A toda pressa se retiraram, em forma que, quando ao amanhecer
chegámos ao seu campo, achámos somente alguns despojos, e os rastos frescos de haverem
saído havia pouco tempo.
Sucedeu a esta vila
ser também saqueada por não dar obediência, e se queimou tirando-se-lhe da igreja
maior muitas armas, pólvora e bala que estavam escondidas, sendo lugar alegre e
grande, muito abundante de todos os mantimentos; era cercada de trincheira com
portas...
Convém recordar que, por
essa altura, após o período em que Portugal obteve a Restauração, entre 1
dezembro de 1640 e 1668, se seguiu um conjunto de conflitos armados, opondo o
Reino Português e a Coroa de Castela. O ato mais significativo, após os 60 anos
de submissão à monarquia dualista da Dinastia
Filipina, foi o
tratado de Lisboa, em 1668, subscrito pelo rei Afonso VI de Portugal e por
Carlos II da Espanha, o qual reconheceu a total independência de Portugal». Para
os castelhanos foi uma humilhação o nosso regresso à liberdade. Coincidiu essa restauração
com algumas crises reais entre a realeza, dos povos vizinhos, ora na Espanha,
orana França e na Inglaterra. Por conveniência, os casamentos faziam-se e
desfaziam-se, ora por doença dos titulares, por morte, por traição e até por
motivos fúteis. Qualquer fracasso real era aproveitado pelos rebeldes para dirimir
conflitos geográficos, para vingar traições, para incitar ao ódio que se
combatia através da força. As alianças faziam-se e desfaziam-se a todos os
níveis sociais, consoante as classes e o poder. Daí que houvesse as Cortes de
Lisboa, como, por exemplo, em 1641, convocadas pelo rei D. João IV. Nessas
Cortes compareciam os ministros, os conselheiros de Estado, os conselhos de
guerra permanente e as juntas encarregadas de velar pela defesa das fronteiras.
Umas vezes havia concordância entre o rei e os colaboradores. Outras vezes
divergiam e até geravam discórdias, tumultos e guerrilhas.
A guerra da
Restauração, bem como a sucessão no trono de Espanha e outros conflitos armados
extensivos às alianças entre nações, alastrou-se aos povos vizinhos. E ambiente
tornou-se invisível durante mais de um século. Concretamente entre 1640 e 1750,
envolvendo os reinados de D. João IV, D. Afonso VI, D. Pedro
II e D. João V. As
fronteiras, quer pelo Minho e Trás-os-Montes, quer pelas Beiras e Alentejo eram
portas escancaradas e as populações envolventes as grandes vítimas. Os castelos
medievais concentravam as atenções beligerantes, tanto do lado dos que atacavam
quer do lado dos que defendiam.
Paradoxalmente há
poucos testemunhos históricos sobre a Restauração.
A Fronteira norte,
como as Beiras e o Alentejo, ao contrário da orla marítima, ganharam vantagem no
período medieval. Se por um lado essas fronteiras advieram pela intensidade e
certeza de que por elas entravam e saíam os invasores, também é verdade que as
populações rurais estavam mais expostas aos perigos externos.
Essas edificações
perderam a validade à medida em que as armas de guerra foram substituídas pelas
convencionais e pelos meios aéreos. Hoje, esses castelos perderam, em
importância, o que ganharam em desprezo arquitectónico, em simbolismo económico e
em desleixo cívico.
O poder político teve
nestes últimos anos o bom senso de desbloquear verbas, a acrescer aos fundos
comunitários para remendar buracos de alguns desses castelos medievais da
fronteira norte. Da estrada nacional do Baldoso já observei parte dessas obras
volta da sua nascente. Anseio visitá-las falar, nessa altura, acerca das
inovações.
Mas, como «alcaide» do
Castelo da Fundação (Guimarães), entre 1990 e 1996, gostarei de rever o conjunto
acastelado da minha meninice. E bom será se, o poder central, seja ele qual
for, apostar mais na recuperação das fortalezas militares dos nossos
antepassados.
A História de
Portugal, com a Língua que a descreve e promove pelos séculos fora, são dois
instrumentos seculares que honram o nosso
Passado e catapultam o
futuro daqueles que hão-de substituir-nos.
Relato vivo de quem participou
na Batalha de Almansa António do Couto de Castelo Branco nasceu em Lisboa em 8
de Outubro de 1669. Foi militar de grande mérito e participou como Capitão-tenente
da nau Nª Senhora do Bom Sucesso e Sargento-mor de Batalha título que mais
tarde se chamou de Marechal de Campo.
Deixou escritas «As
memórias Militares», publicadas por António de Novais Ferrão, que foi Capitão de
Granadeiros, ajudante de Campo de António Couto e, como ele, combatente na
Batalha de Almansa. Essas memórias têm 336 páginas, no formato de 15 X 10 cm,
restaurado e encadernado em pele inteira do século XVIII no melhor restaurador
do país. O Portal da História que aparece no Google insere uma síntese dessas «Memórias
Militares», escritas por António do Couto, o tal militar que combateu na
Batalha de Almansa e que «debalde tentaram atacar em Montalegre».
Pelo ineditismo desta
obra e pela citação que nela faz de Montalegre, entendo reproduzir, de seguida
um extrato que dessas memórias seleccionamos. Talvez algum Historiador se
disponha a desenvolver este tema em trabalhos académicos.
Um relato de quem
combateu em Montalegre em 23 de Abril de 1707 «Na guerra da Sucessão Espanhola
(1702-1714) que opôs o Exército da Liga (composto por forças portuguesas,
britânicas e holandesas) às do Exército "das Duas Coroas" – (francesa
e espanhola),distinguiu-se em todas as acções e batalhas em que participou, nomeadamente
em Marvão, Badajoz e na conquista de Cidade Rodrigo sendo capturado a 25 de Abril
de 1707 na célebre batalha de Almansa, onde morreram mais de dez mil
combatentes.
Baseado nos seus
conhecimentos e na experiência adquirida em combate António do Couto redigiu um
extenso manuscrito que viria a ser encontrado entre os seus despojos e
publicado 1717em Amesterdam sob o título de Memórias Militares. Fidalgo da Casa
Real, cavaleiro da Ordem de Cristo, comendador e alcaide-mor da de S. Tiago do
Cacém o autor exerceu adicionalmente os cargos de inspector do estado para as
fortificações e guarnições dos Açores (na sequência de um ataque de corsários
franceses sob o comando de René Duguay-Trouin àquele arquipélago) e de guarda-mor
da Torre do Tombo.
Muitíssimo culto,
falava as línguas latina, francesa, italiana e hebraica. Faleceu a 30 de Abril de
1742 no cargo de Governador da praça-forte de Elvas.
Memórias Militares
encontra-se dividido em 28 capítulos contendo numerosas ilustrações de aparatos
de guerra e descrições detalhadas da organização do exército e damarinha
portuguesas no tempo do Rei D. João IV. O modo de defenderas praças, a
disposição das batalhas terrestres e navais, a descrição das grandes batalhas,
a notícia de todas as praças, fortalezas, fortes e redutos do Reino de Portugal
bem como as de Castela que fazem fronteira com Portugal, as embarcações de
todas as nações do mundo são, entre outros, alguns dos temas relatados neste
compêndio de estratégia militar.
Aspecto curioso é a preocupação
em incluir no livro a história genealógica da família do autor por forma a
mostrar “ao Mundo a sua ilustre estirpe”. Apresente edição de Memórias Militares,
a primeira e única, foi realizada em Amesterdão, na oficina de Miguel Dias,
em1719. Mandou editá-la António de Novais Ferrão, capitão de granadeiros,
ajudante de campo de António do Couto, e como ele combatente na batalha de Almansa.
Tem as medidas de15 por 10 cm e um total de 336páginas. A encadernação anterior
(muito danificada e de época não correspondente à obra). Foi substituída por
nova encadernação em pele inteira, do século XVIII no melhor restaurador do
país. O livro, em papel de grande qualidade, encontra-se em muito bom estado de
conservação apresentando apenas ligeiras manchas em algumas das folhas».
Taveira da Mota um empresário
de sucesso Foi, na segunda metade do século XX, um dos maiores impulsionadores
da riqueza nacional. Apostou em muitas áreas de atividade, desde a Fábrica dos
sabões, em Braga, aos supermercados Novo Sol, em Chaves, a tantas outras
unidades comerciais e industriais a norte do País. Mas foi no ramo da pesca, tratamento
e comercialização do Bacalhau que Eduardo Taveira da Morte ganhou projeção e
respeito, levando longe o nome de Vila Real, onde nasceu e reconstruiu a sua mansão,
na qual recebeu Amália Rodrigues e o Duo Ouro Negro, num dia do seu
aniversário.Com a fortuna que herdou e que soube ampliar pelo esforço e
competência do seu trabalho, construiu um império comercial e industrial.
Centralizou no Porto o quartel-general das suas empresas.Com a revolução de
1974 viu complicada a sua organização. Chegou a ser detido e teve de fugir do
país, durante o PREC (1975). Voltou com o propósito de retomar a sua actividade
em pleno e depressa, graças à sua deliberada vontade de vencer, reconquistou o nível
empresarial que tivera e que mantém, repartido por cadeias de supermercados,
uma pousada em Alpendurada, diversas casas de campo, iate, etc.. Foi dirigente desportivo
de projeção nacional Presidente da Direcção do Boavista e do S.C. de Vila Real
e Primeiro Presidente da Direcção da Casa de Trás os Montes do Porto.
O que fica dito
escrevemo-lo no I vol. Do Dicionário dos mais ilustres Transmontanos. Conheci este
ilustre cidadão Transmontano, em 1968, quando instalou um supermercado no Largo
do Anjo, em Chaves. Por cima estava instalado o SNE, de que fui primeiro funcionário
e responsável. Nunca mais deixámos de ser amigos. Quando, em 1984, fundei a
Casa de Trás-os-Montes do Porto, com mais dois amigos, convidei-o para sócio
desse projeto. Aceitou e, no dia da escritura decidimos comprara sede, graças à
sua capacidade de decisão. Fui o pai da Associação graças ao padrinho que
escolhi.
Lá tem o seu punho e o
seu nome por aclamação dos sócios. Foi perseguido e preso pelo PREC. Espoliado
e denegrido, confessou-me que voltaria a ser rico se voltasse a ter mil contos.
E conseguiu muito mais. No funeral gostei muito de ver a Mulher, a seu lado,
mais os filhos e netos, na Igreja do Foco (Boavista). Foi cremado em Matosinhos.
E as cinzas seguiram para Vila Real, onde imensa gente amiga assistiu aos atos
religiosos finais. Merece ser perpetuado.
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