Quando a vi agora na imprensa chilena percebi logo que tinha morrido, ela, Ana de Recabarren, que só os anos, 93, e a doença calaram. Conheci-a em 98, em Santiago do Chile, na sede da Associação dos Familiares dos Detidos Desaparecidos, de que fora uma das fundadoras, e nunca mais esqueci o seu olhar já seco e a sua voz apostada: "Vivos mos levaram, vivos os quero!" Em 1976, a DINA levou-lhe o marido, Manuel, dois filhos, e uma nora, grávida. Ana maldisse então tudo o que mexia na terra e no céu mas depressa secou as lágrimas e arregaçou as mangas.E nunca mais baixou os braços. Até há dias. São estas pessoas que são o sal da terra.
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