JORGE LAGE |
Quem percebe mesmo
da poda, fruto de muitas e muitas horas de estudo e de muitos anos de
investigação a palavra «idoso» é discriminatória e de segregação. é uma forma
que a sociedade descobriu para «dourar a pílula» ou tapar as misérias de um
abandono de muitos dos velhos. A nossa sociedade, ao contrário da angolana, por
exemplo, velho é sinónimo de arrumada para um canto ou então postos em magotes
nos asilos mais dourados.
As ditas
«Universidades Séniores» são mais uma pirosisse e uma forma dos adultos
académicos manterem os muros da universidade fechados a quem quer saber mais.
Desgraçadamente nem há transmissões, em muitos casos.
Muitos ramos do
saber nas universidades fazem-me lembrar a lógica da «pescadinha de rabo na
boca». Isto é, aconselham aos estudantes os livros que eles leram ou alguns dos
seus, que se basearam nos estudos já conhecidos. Sendo assim, o saber pouco
avança ou nada.
Felizmente nem
tudo é assim.
Voltando aos
velhos ou a qualquer pessoa devia ter as portas das universidades para se
matricular neste ou naquele ramo ou nesta ou naquela cadeira e fazer exames ou
não se o desejasse.
A velhice é uma
etapa da vida e cada vez mais é vista com receio, pelos que se aproximam.
Porque um velho na maioria das famílias tem menos valor do que um cão. Vês
imensos cães a serem passeados pelos donos três ou quatro vezes por dia. Há
sempre dinheiro para os cães irem ao veterinário, alimentarem-se bem ou terem
mimos e poderem ocupar os melhores lugares.
Tenho um amigo que
dorme com o cão dentro dos lençóis. Fá-lo-ia com um familiar velho? Não iria
arranjar uma séria de desculpas e que estaria melhor num asilo moderno.
Aliás, soi
dizer-se: - ninguém quer ser velho, mas todos querem lá chegar.
Detesto
«brasileiradas», gosto de trabalhos sérios sejam de brasileiros, portugueses ou
de qualquer outra nação.
Dá jeito dizer-se
que, «quando morre um velho, perde-se uma biblioteca viva». Poucos são os que
aproveitam as nossas «bibliotecas vivas», de saber de experiência secular ou
milenar feita.
Eu já visitei
perto de uma centena de Lares/asilos e Centros de dia/convívios.
Eu, também, já sou
velho e procuro ser útil, apesar de ter sido atirado pela sociedade para o
cesto do ostracismo.
Um bom ano para os
velhos e para os que se encontram noutras etapas da vida!
Jorge Lage
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