sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Velhos ou idosos?


JORGE LAGE
Quem percebe mesmo da poda, fruto de muitas e muitas horas de estudo e de muitos anos de investigação a palavra «idoso» é discriminatória e de segregação. é uma forma que a sociedade descobriu para «dourar a pílula» ou tapar as misérias de um abandono de muitos dos velhos. A nossa sociedade, ao contrário da angolana, por exemplo, velho é sinónimo de arrumada para um canto ou então postos em magotes nos asilos mais dourados.
As ditas «Universidades Séniores» são mais uma pirosisse e uma forma dos adultos académicos manterem os muros da universidade fechados a quem quer saber mais. Desgraçadamente nem há transmissões, em muitos casos.
Muitos ramos do saber nas universidades fazem-me lembrar a lógica da «pescadinha de rabo na boca». Isto é, aconselham aos estudantes os livros que eles leram ou alguns dos seus, que se basearam nos estudos já conhecidos. Sendo assim, o saber pouco avança ou nada.
Felizmente nem tudo é assim.
Voltando aos velhos ou a qualquer pessoa devia ter as portas das universidades para se matricular neste ou naquele ramo ou nesta ou naquela cadeira e fazer exames ou não se o desejasse.
A velhice é uma etapa da vida e cada vez mais é vista com receio, pelos que se aproximam. Porque um velho na maioria das famílias tem menos valor do que um cão. Vês imensos cães a serem passeados pelos donos três ou quatro vezes por dia. Há sempre dinheiro para os cães irem ao veterinário, alimentarem-se bem ou terem mimos e poderem ocupar os melhores lugares.
Tenho um amigo que dorme com o cão dentro dos lençóis. Fá-lo-ia com um familiar velho? Não iria arranjar uma séria de desculpas e que estaria melhor num asilo moderno.
Aliás, soi dizer-se: - ninguém quer ser velho, mas todos querem lá chegar.
Detesto «brasileiradas», gosto de trabalhos sérios sejam de brasileiros, portugueses ou de qualquer outra nação.
Dá jeito dizer-se que, «quando morre um velho, perde-se uma biblioteca viva». Poucos são os que aproveitam as nossas «bibliotecas vivas», de saber de experiência secular ou milenar feita.
Eu já visitei perto de uma centena de Lares/asilos e Centros de dia/convívios.
Eu, também, já sou velho e procuro ser útil, apesar de ter sido atirado pela sociedade para o cesto do ostracismo.
Um bom ano para os velhos e para os que se encontram noutras etapas da vida!

Jorge Lage

Sem comentários:

Enviar um comentário

Jornais de Viseu destacam Congresso de Trás-os-Montes e Alto Douro

  https://www.jornaldocentro.pt/lamego-recebe-encerramento-do-congresso-de-tras-os-montes-e-alto-douro/ https://www.noticiasdeviseu.com/v-co...