|
JORGE LAGE |
Não tem muito interesse para o amigo
leitor eu falar de umas férias no Canadá, em período agreste, com temperaturas
entre os zero graus e os 26 negativos. A maior parte do tempo é passado em
casa, em centros comerciais e nas deslocações sempre de carro. As pessoas que
se deslocavam a pé faziam-no com roupa, como se andassem vestidas por cá no
Inverno, acrescentando, quase sempre um gorro e um cachecol. Estão habituadas
(e o homem é um animal de hábitos) e consideram o tempo extremo daquelas
paragens como normal. Depois, estas férias natalícias foram determinadas por o
meu filho ter feito a opção de viver no Canadá e ter completado 40 anos. Um
número bastante redondo para quem «ontem» era menino. Diz a sabedoria popular
que enquanto andamos pelos «inta» bem vamos, mas quando entramos nos «enta»
(rima com quarenta e com os restantes números redondos) a vida corre veloz e
começamos a sentir que o tempo da nossa vida se nos escapa. Outro motivo foi
rever a minha neta que completou 21 meses, cheios de energia e precocidade. Não
tarda muito que passe a liderar algumas iniciativas do seu pequeno núcleo
familiar, já que no infantário, apesar de ser das mais novas, assume-se como
líder. Sobre os anos do meu filho, durante anos a fio, ao iniciar-se a segunda
quinzena de Dezembro, eu recebia um telefonema nesse dia da Graziela Gomes
(Vieira, do saudoso marido), dos Avidagos, a viver em Ourém, que também faz
anos na mesma data. Esta voz amiga e por mim muito estimada, apenas já fala
comigo no silêncio da saudade. Este último Dezembro rumei a Edmonton, capital
da província de Alberta, cognominada («Wild Rose Country» ou «Rosa Selvagem do
Campo»). Todas as Províncias do Canadá têm um nome ou expressão que reforçam a
sua identidade, que aparece, por exemplo, nas matrículas das viaturas. Era,
como se disséssemos «Mirandela, Terra da Alheira», ou «Mirandela, Poço do
Azeite», ou «Mirandela, Terra Quente», ou ainda «Mirandela, Coração de Trás-os-Montes
e Alto Douro», ou mesmo «Mirandela, Princesa do Tua» - este último, um dito
muito redutor). Enfim, uma palavra que defina e enobreça determinada região,
concelho ou localidade. Voltando à viagem ao Canadá, foram meses até o meu
filho (Tiago Jorge) convencer a minha mulher. Dado o «sim», marcou-se a viagem.
Foi-nos dizendo que lá, em Dezembro, o tempo não é muito áspero.
Escolheu
a holandesa KLM (que absorveu a Air
France) por ser a melhor companhia aérea para viajar. Já avisei o meu filho que
não quero viajar noutra, em viagens de longo curso. Primeiro, por ter pilotos
experientes e os interiores dos aviões muito limpos, em que se faz uma longa
viagem sem o mínimo sobressalto. Depois, as viagens em termos de preços são
convidativas. Ainda, porque se tiver de expor qualquer assunto, o pessoal de
bordo é de uma educação extrema, mesmo o comandante se for preciso falar com
algum passageiro, curva-se ou baixa-se para ficar ao seu nível. E ainda, porque
comida e bebida de qualidade nunca faltam. Fazem tudo para satisfazer os
passageiros, razão última da companhia. Depois das refeições principais
(acompanhada de «cabernet sauvignon» tinto), pude aspirar o aroma de um óptimo
whisky e de um cognac velho. Até as toalhitas para limparmos as mãos e a cara nos
eram distribuídas. A coroa da KLM faz jus à Holanda e à popular família real.
Ao
desembarcar em Edmonton, com 19 graus negativos, tinha o meu filho e a netinha
à espera. Depois toda a agenda foi marcada pelo meu filho. As baixas
temperaturas dos primeiros dias, a baterem os 26 graus negativos e uma gripe da
minha mulher, aconselharam-nos a ficar por casa, já que o meu filho trabalhava.
Jorge
Lage – jorgelage@portugalmail.com – 12JAN2017
Provérbios
ou ditos:
Comeu muita castanha seca (Coentral Grande
- Castanheira de Pêra).
Se em Fevereiro está quente, na Páscoa
bate o dente.
Pêra com vinho faz do velho menino.
– 12DEZ2016
Sem comentários:
Enviar um comentário