Por Barroso da Fonte
O debate da última quarta-feira,
acordado pelos três canais generalistas da televisão portuguesa, entre Passos
Coelho e António Costa, foi uma sessão de verdadeiro striptease lusófono. Mais
do que esclarecer, confundiu e, mais do que identificar os bons costumes do
futuro primeiro ministro, trouxe à ribalta, dois cidadãos que convivem mal com
o civismo que o cargo exige. Foram evidentes o nervosismo, o insulto e até o
atropelo que, aqui e ali, embaraçaram os moderadores. Vive-se hoje a cultura do
princípio de que só é notícia aquilo que as televisões mostram e dizem. E não é
menos verdade que as televisões, todas elas, saturam, enervam e prejudicam mais
do que informam os telespetadores. O povo, esse povo amordaçado, extorquido,
espezinhado por todos os políticos que, em nome de princípios democráticos,
governaram o país, desconfia de todos e de tudo. E tem fortes razões para não
acreditar em governantes que prometem o céu e nem o purgatório podem garantir.
Os 40 anos que decorreram, desde o 25 de Abril de 1974, são mais que
suficientes para comprovar esta evidência.
O penúltimo governo agonizou. E aquele
que se lhe seguiu, não conhecendo aquilo em que se ia meter, prometeu o
possível e o impossível. Fosse quem fosse a substituí-lo teria que fazer das
tripas coração para devolver ao País e aos seus cidadãos, a dignidade, o
equilíbrio e a justiça que uma sociedade
democrática exige. Em quatro anos fomos todos a «pagar as vacas ao dono». Alguns syrizas que por aí há, tentaram
convencer o poder político para que não pagasse as dívidas. Os escravos, mais
uma vez, voltaram a ser os pobres, os silenciados, os burros de carga que se
confundem com a classe baixa e média. Ao fim de um mandato, como
acontece em todas as empresas e instituições públicas e privadas, é obrigatório
encerrar o plano de atividades e as contas.
Para isso existem os chamados conselhos fiscais de uma qualquer direção
associativa.
Do mesmo modo existe o Tribunal
de Contas que sanciona os gastos, responsabilizando
os desvarios. O debate fez-se em moldes
inovadores e três jornalistas, um de cada estação televisiva, moderaram o
diálogo. Não foi por eles que o espetáculo desagradou a gregos e a troianos.
Foi estragado pelos pirómanos da política que desde o 25 de Abril de 1974 se
têm intrometido, aqui, ali e acolá, na ânsia de fama e de proveito. Exemplos contra
natura existem em todas as forças partidárias. Mas ao acaso cito meia
dúzia: Manuela Ferreira Leite, Diogo Freitas do Amaral, Pacheco Pereira, Mário
Lino, Helena Roseta, Basílio Horta, António Capucho. São dezenas.
Centenas, milhares...
Não refiro nomes que estejam a contas
com a justiça para que não me acusem, como fizeram a Paulo Rangel. Pelos
vistos, aquilo que até à prisão de Sócrates, era corrente fazer-se em debates
desta natureza, de repente, mudou de moda. Que assim era reafirmou-o Teixeira
dos Santos, no JN de 22 de Agosto, ao recordar as palavras de Santayanna:
«Aqueles que não conseguem lembrar-se dos erros do passado estão condenados
a repeti-los». António Costa e a
plêiade de comentadores que festejaram a sua (im)provável vitória, irritaram-se
e mudaram de agulha na linha do comboio que preparam para a vitória de 4 de
Outubro.
O que contrasta
com as acusações que fizeram a Passos por ter citado meia dúzia de vezes o nome
de Sócrates. Onde está a coerência dessa gente que acusa o líder da Coligação
de chamar a troika e não pode citar quem deixou de ter dinheiro para pagar
salários ao funcionalismo público?
Passos deveria
ter insistido com Costa por ter sido dos primeiros políticos portugueses, ao
lado de Catarina Martins, batendo palmas à vitória de Syriza. Não o terá feito
por cortesia. Do mesmo modo não respondeu a Costa quando este citou o caso do
BES. Quem terá mais culpas na falência do BES? E porque não se aprofundou este
tema que é dos mais delicados da atualidade? Conviria saber que Fundações, que políticos e que partidos foram gratificados por Ricardo Salgado...
Armando
Palavras, escreveu no seu blogue Tempo Caminhado, aquilo que para os
apoiantes de Passos, deixou tudo sarapantado: «O debate só não foi
esclarecedor para quem não quis. Para os comentadores do costume não foi. Até
porque os comentários não passaram da ficção do
costume...Determinado comentador conhecido dá a sua opinião. Diz quem ganhou (dá o mote), não diz mais nada e a seguir, em online, uns milhares votam!». Eu explico: o ressabiado Marcelo, usou a sua ferramenta mortífera e, mal acabado o debate, derrotou Passos Coelho. Essa votação endemoninhada, fermentou uma derrota que a sondagem do dia tinha anunciado para as tropas da Coligação. Logo os três comentadores da SIC, mais o quarteto da Quadratura do Circulo, com o putativo ministro da cultura de António Costa, sempre em contra-mão (Pacheco Pereira), pelas mesmas razões, celebrou a vitória do PS com Jorge Coelho que afirmou ser esse o ponto de partida para a vitória estrondosa de 4 de Outubro. Ou seja: Passos não apoia Marcelo, logo apanha com o rolo da massa; a Manelinha não gosta de Passos, logo faz ronha e Costa transforma um diabo em anjo da guarda e assim por diante. Tem propalado aos quatro ventos o ditado: «Palavra dada palavra honrada». Porque é que ele a desonrou quando abandonou a Câmara de Lisboa para triturar José António Seguro? Em Maio de 2002, quando era líder Parlamentar, proferiu contra Manuela Ferreira Leite os mais denegridoras palavrões. O JN de 20 de Agosto último, transcreveu pela mão de Nuno Melo, os mais rasgados elogios contra essa pretensiosa anciã. Tudo isto contrasta com a incoerência daquele que poderá ser o próximo 1º ministro.
costume...Determinado comentador conhecido dá a sua opinião. Diz quem ganhou (dá o mote), não diz mais nada e a seguir, em online, uns milhares votam!». Eu explico: o ressabiado Marcelo, usou a sua ferramenta mortífera e, mal acabado o debate, derrotou Passos Coelho. Essa votação endemoninhada, fermentou uma derrota que a sondagem do dia tinha anunciado para as tropas da Coligação. Logo os três comentadores da SIC, mais o quarteto da Quadratura do Circulo, com o putativo ministro da cultura de António Costa, sempre em contra-mão (Pacheco Pereira), pelas mesmas razões, celebrou a vitória do PS com Jorge Coelho que afirmou ser esse o ponto de partida para a vitória estrondosa de 4 de Outubro. Ou seja: Passos não apoia Marcelo, logo apanha com o rolo da massa; a Manelinha não gosta de Passos, logo faz ronha e Costa transforma um diabo em anjo da guarda e assim por diante. Tem propalado aos quatro ventos o ditado: «Palavra dada palavra honrada». Porque é que ele a desonrou quando abandonou a Câmara de Lisboa para triturar José António Seguro? Em Maio de 2002, quando era líder Parlamentar, proferiu contra Manuela Ferreira Leite os mais denegridoras palavrões. O JN de 20 de Agosto último, transcreveu pela mão de Nuno Melo, os mais rasgados elogios contra essa pretensiosa anciã. Tudo isto contrasta com a incoerência daquele que poderá ser o próximo 1º ministro.
Que ganhe o
melhor para bem de Portugal! Mas que esta açorda de marisco está
contaminada ninguém pode negar...
Barroso
da Fonte
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