José António Lima in: Jornal Sol |
José Miguel Júdice gosta de dar
entrevistas em momentos oportunos como os que prenunciam a mudança de ciclo
político. E de expressar, nessas entrevistas, opiniões na aparência politicamente incorrectas, mas
na sua essência do mais convencional calculismo. Agora, a propósito de
escandalosa falência do BES, veio informar-nos - não estivéssemos nós a pensar
outra coisa - que “alguns gestores como Zeinal Bava, Henrique Granadeiro ou
Ricardo Salgado são excelentes profissionais em qualquer parte do mundo”. Ao
nível de Bernard Madoff nos EUA, podia mesmo acrescentar.
"Júdice e Proença são os
chamados advogados pronto-a-vestir pelos poderes do dia. E adaptáveis a todas
as estações"
Mas Júdice tenta ainda convencer
os mais incautos que os problemas do GES não resultam da ganância com poucos
escrúpulos de Ricardo Salgado e outros responsáveis do clã Espírito Santo, da
sua negligência empresarial e sentimento de impunidade cívica, mas sim “de a
família não ter sido devidamente paga depois de expropriada”. Pois...
Na mesma linha de ver o mundo às
avessas e colocar as responsabilidades de pernas para o ar, já Proença de
Carvalho aproveitara, há semanas, uma outra entrevista para dizer que viu “no
caso BES resquícios do que aconteceu no PREC de 1975” - e não o poço sem fundo
onde os Espírito Santo fizeram desaparecer milhares de milhões de euros de
accionistas e depositantes. Pois...
Proença e Júdice, além de
pertencerem a dois dos maiores escritórios de advogados, têm outros pontos em
comum. Como o facto de serem politicamente oriundos da área do PSD e do
centro-direita, mas se revelarem em regra dos maiores apoiantes dos governos
socialistas. Não escondem, por exemplo, a grande proximidade e devoção pública
que tiveram por Sócrates e a sua governação.
Agora, José Miguel Júdice já fez
a agulha para os novos tempos que se anunciam. E apressa-se a proclamar que
“António Costa é o político mais dotado da sua geração. Por esta razão, é a pessoa
mais indicada para liderar o país”. E, procurando dar já a sua ajudinha, Júdice
não duvida de que “as eleições legislativas deviam ser na Primavera” e não em
Outubro. Pois…
Júdice e Proença são os chamados
advogados pronto-a-vestir pelos poderes do dia. E adaptáveis a todas as
estações.
jal@sol.pt
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