sexta-feira, 4 de julho de 2014

A CIDADE DE BRAGA TEM 46 ÓRGÃOS IBÉRICOS



A CIDADE DE BRAGA TEM 46 ÓRGÃOS IBÉRICOS
  Este grande acontecimento cultural, vivido na cidade de Braga, nos princípios de Junho, não pode passar despercebido, sendo assim, devemos dedicar-lhe mais atenção e registá-lo na nossa memória.
   Como sabemos, a designação “órgão ibérico” refere-se a uma construção especial dos organeiros da Península em confronto com o estilo de órgão nórdico “ tipo alemão”. A música de órgão tem a maior aceitação nas celebrações litúrgicas da Igreja, o som do órgão é um som muito natural, diremos muito humano pois é realizado, controlando a força do ar que vibra nas palhetas dos diversos tubos. “O órgão é o rei dos instrumentos musicais e comporta nele uma autêntica orquestra”. O expoente máximo da música de órgão está em BACH que se tornou exímio nesse sector. No entanto, outros mestres o inspiraram e admiro a coragem e dedicação ao deslocar-se centenas de quilómetros para ouvir o mestre organista Dietrich BUXTEHUDE. Este grande compositor apreciava também o João Sebastião BACH e até o quis tornar seu genro, pois lhe propôs que casasse com uma das suas filhas. No entanto, BACH estava mais interessado na música do mestre do que nas suas filhas!... Para mim é um encanto ouvir música de órgão. Já não me admira que o Pan atraísse as próprias árvores com a divina música da sua flauta. Também me extasio com a música de órgão e, sempre que posso, é a música que ouço enquanto vou a conduzir por essas estradas além, de noite ou de dia… A última aquisição foi um CD com músicas do novo órgão da Igreja de Monserrate adquirido quando estive em Barcelona (perto de Barcelona há uma fábrica de órgãos que construiu o órgão da Capelinha das Aparições e o órgão da Basílica de Fátima, junto á Capela-mor).
   Dou especial atenção a concertos de órgão e tenho muito gosto de ter dado a esta música especial divulgação, pois fundei uma Escola de Música ao serviço de jovens organistas para acompanharem os cânticos das suas paróquias. Contava com dezassete teclados para que todos tivessem oportunidade de dispor de meios para aperfeiçoarem a sua dedilhação. Dizem que era um Professor muito exigente!...
    Este certame de órgão a que nos estamos a referir teve lugar nos princípios de Junho, mas já começou no 30 de Maio com o magnífico concerto a dois órgãos na Sé de Braga, com os famosos organistas Luca Antoniotti e Rui Soares. Estes órgãos são um autêntico monumento nacional pela sua arte numa magnífica composição do barroco (e é obra promovida pelos Cónegos de Braga num longo período de “sede vacante” quando faleceu o Arcebispo D. Rodrigo de Moura Teles o mesmo que iniciou as obras do Santuário do Bom Jesus do Monte que será reconhecido como Património Artístico Mundial.)

  Todos ficam encantados quando entram na vetusta Sé bracarense e contemplam aquela maravilha inigualável, única no mundo.

O CÓNEGO FERREIRA DOS SANTOS, EXPOENTE MÁXIMO DA MÚSICA DE ÓRGÃO EM PORTUGAL
  Na mesma Sé Catedral, no dia 31, houve uma “Conferência sobre o Órgão de tubos” orientada pelo famoso Cónego Dr. Ferreira dos Santos insigne maestro e compositor do máximo expoente. É um apaixonado e grande divulgador da música de órgão e a ele se deve a aquisição do grandioso órgão da Igreja da Lapa que honra a cidade do Porto e aí mantém também, uma orquestra chamada “Porto Galante Ensemble”. Foi uma grande festa a Inauguração do órgão da Igreja da Lapa com um histórico cortejo para assinalar a data. Os tubos eram transportados em carros de bois e o tubo maior ia cheio de vinho do Porto! Permitam-me os dedicados leitores, acrescentar que tive a graça de estar presente na Missa Nova do Cónego Ferreira dos Santos que me ofereceu uma estampa da ordenação sacerdotal com uma dedicatória musicada por ele, pois já nessa altura, se destacava o seu gosto pela música! Foi com muita alegria que vi o Cónego Ferreira dos Santos homenageado no final deste festival, aquando do concerto na Igreja do Hospital de São Marcos, sendo nomeado Irmão da Misericórdia de Braga. Recebeu a fita com medalha e um pergaminho atestando o seu ingresso nesta prestigiosa Irmandade da Santa Casa da Misericórdia, que tanto tem feito na assistência e também na arte e na cultura.

ESPERA-SE QUE O ÓRGÃO DA IGREJA DO PÓPULO SEJA RESTAURADO
   Braga tem admiráveis órgãos, ainda pouco conhecidos do público, um deles é da monumental Igreja de Nossa Senhora do Pópulo. Órgão de excelente sonoridade e construído num móvel de grande valor artístico —com aplicações de marfim e até possuindo uma roldana no fole. Sabemos, que essa Confraria enfrenta o problema de grandes despesas de manutenção desse admirável templo (cuja fachada se deve a Carlos Amarante) e é a Igreja do Mosteiro dos Cónegos de Santo Agostinho, em cuja Ordem estudou o Santo António – no Mosteiro de São Vicente de Fora e depois em Coimbra, no Mosteiro de Santa Cruz! (…). Faz-se um apelo aos mecenas da cultura em Braga, além da Arquidiocese, à Santa Casa da Misericórdia, à Câmara Municipal e a outras entidades, sem excluir a própria Gulbenkian, para que esse tesouro tão valioso seja brevemente recuperado e faça parte dos programas destes festivais.
    À noite desse dia 31 de Maio, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, na Rua Monsenhor Airosa, houve o “Concerto de órgão e oboé” por Daniel Ribeiro e Ana Sousa Fernandes. Esse órgão é do antigo Mosteiro do Século XVII onde, em 1664 esteve uma religiosa da fidalga família dos Távoras. Como Convento de clausura tem uma grade para que a freira que o dedilhava não fosse vista pelo público. É um dos órgãos mais antigos de Braga e pouco conhecido porque essa Igreja não é muito acessível.
   No dia 1 de Junho, a Igreja do Santuário do Bom Jesus do Monte encheu-se para apreciarem o seu magnífico órgão dedilhado por Paulo Bernardino e com a participação do Coro “Capella Bracarensis”. Este órgão tem dois teclados e foi construído pelo organeiro Manuel Sá Couto para o Mosteiro cisterciense de Santa Maria de Bouro, tendo ficado abandonado quando o mata frades” extinguiu as Ordens Religiosas (1834). A Confraria do Bom Jesus do Monte teve o bom senso de adquirir esse órgão, em 1837.
  Conheço um caso semelhante, em Alcobaça. Também, o órgão do Mosteiro feminino de Santa Maria de Coz que era das monjas cistercienses (chamadas bernardas), também foi extinto pelo tal “mata frades”, dos homens mais pitosgas da história de Portugal e assim, o órgão desse Mosteiro foi levado para o Santuário de Nossa Senhora da Nazaré, que fica nessa região. Quanto ao órgão do grande Mosteiro da Abadia de Alcobaça, foi desmantelado e destruído numa das piores manifestações de vandalismo.

O PROFESSOR JOSÉ RODRIGUES DIRECTOR ARTÍSTICO DESTE FESTIVAL E ALMA DO PROGRAMA
  Este Professor residiu, desde criança, nas proximidades da Paróquia da Sé e aí foi menino de coro”. Encantava-se com aquela música arrebatadora e passou a interessar-se pela maravilhosa arte dos entalhadores bracarenses que emolduraram os grandes órgãos da Sé em figuras míticas de sátiros, de anjos e de santos de onde se expandia uma sonoridade inexcedível comandada por aquelas série de teclas brancas e pretas! Ele mesmo, no esplendor do Coro Alto da Sé, explicou como funcionam aqueles maravilhosos órgãos e guiou os participantes (em pequenos grupos) para visitarem o interior do órgão esquerdo subindo aí vários andares, ficando todos maravilhados com esses engenhosos maquinismos. Estudou “Orientação de Grupos Corais” em Braga e em Lisboa e tem contactado com os grandes organistas da actualidade. É membro da Cappella Bracarensis que interpreta, exclusivamente, músicos naturais de Braga. Este grupo foi fundado pelo Professor Duque, Reitor da Universidade Católica de Braga, e ainda há pouco actuou num grande concerto na Igreja da Lapa, no Porto. Sendo assim, o Decano da Sé convidou-o a organizar este festival, iniciativa liderada pela Arquidiocese (Cabido Primacial), Santa Casa da Misericórdia, Município, com o patrocínio de um bom grupo de mecenas e Associações de Freguesias.
CÓNEGO JOSÉ ABREU CONGRATULOU-SE COM O ÊXITO DESTE EMPREENDIMENTO CULTURAL
   No final das actuações, na Igreja do Hospital de São Marcos, a que já nos referimos, após as palavras do Provedor da Santa Casa, Dr. Bernardo Reis, o Cónego José AbreuVigário Geral da Arquidiocese — congratulou-se com o bom êxito deste festival prometendo que a iniciativa seria continuada nos anos posteriores e pediu aos assistentes que participassem num inquérito que era distribuído com o Guião dos Concertos.
  Tenho que terminar esta Crónica, embora prometa que hei-de voltar a este assunto e dedicar um trabalho especial sobre o órgão da Igreja de Santa Cruz e os órgãos da Sé. Não estive nalguns concertos por incompatibilidade com outros afazeres. Já me tenho deslocado, expressamente, da Póvoa de Varzim, para participar em actividades artísticas e culturais na cidade de Braga e fiquei muitíssimo contente quando encontrei, no Concerto de São Marcos, uma família vinda de Figueira da Foz e que eu já tinha visto também em concertos do órgão ibérico em Guimarães… Esperamos que Braga explore este património valiosíssimo integrando-o também no turismo religioso. Como é meu costume, inseri algumas notas de circunstância referentes ao assunto em epígrafe, mas localizadas, por exemplo, em Alcobaça... É mais uma estaca para firmar melhor o grande tabernáculo da nossa cultura histórica, musical e até geográfica!... A música continua a ser essa arte divina dos sons e, como dizia o grande filósofo Platão “para educar plenamente um homem, são indispensáveis a música e o exercício físico (desporto). A música para alimentar a alma e o exercício para dinamizar o corpo!”... Adeus, até à próxima.

Pe. Manuel Oliveira Couto    –    “ CADERNOS NOVA EVANGELIZAÇÃO ”
(O amigo leitor/a, pode ouvir-me na Rádio Canção Nova / Fátima – 103.7 e pela NET- radio.cancaonova.pt
no programa “ Notas para uma Nova Vida”-  às Quintas Feiras pelas  9h15com repetição aos Sábados às 9h20.)
Pode consultar o meu facebook aonde também encontra afirmações e propostas do Papa Francisco

                * Se pretender receber os escritos sobre a epígrafe “Cadernos Nova Evangelização“,  ENVIE-ME UM EMAIL


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