Farófias
Tenho
receio de algumas vezes utilizar a palavra “simples” para classificar
confeções culinárias, como é o caso das farófias. Da sua aparência
simples poderão resultar preparações doceiras de invulgar qualidade. E,
felizmente, há uma nova geração de cozinheiros que está a dar a devida
importância a esta sobremesa.
Tentei
perceber a origem das farófias mas não consegui grandes resultados. A
receita mais antiga de uma preparação idêntica à das farófias é
originária do Convento de Nossa Senhora da Conceição, de Loulé, e que é
chamada de “Nuvens”. O processo de fabrico é semelhante. Depois de bater
claras em castelo, cozem-se à colherada em leite, com um pau de canela,
e depois retiram-se com uma escumadeira. Com o leite sobrante juntam-se
gemas de ovo e faz-se um creme que vai cobrir as claras cozidas.
Polvilha-se com nozes e amêndoas que se pisaram em almofariz. Nestas
receitas, que muitas vezes eram apenas ajudas de memória, falta um
produto fundamental que é o açúcar, que talvez não seja mencionado pela
evidência da sua utilização. Primeiro nas claras ao serem batidas,
depois no leite para ferver e cozer as claras. Não tendo encontrado
outras receitas anteriores parece-me que se poderá inferir que a
tradição da “farófias” ou “nuvens” não deverá ser anterior ao século
XVIII. Ou haveria tradição, e não seria obra de registos por ser
considerado um doce fácil, e de prática doméstica.
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