segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Virgilio Gomes - Farófias

 Logótipo Beez, três pequenas abelhas

 

altFarófias



Tenho receio de algumas vezes utilizar a palavra “simples” para classificar confeções culinárias, como é o caso das farófias. Da sua aparência simples poderão resultar preparações doceiras de invulgar qualidade. E, felizmente, há uma nova geração de cozinheiros que está a dar a devida importância a esta sobremesa.
Tentei perceber a origem das farófias mas não consegui grandes resultados. A receita mais antiga de uma preparação idêntica à das farófias é originária do Convento de Nossa Senhora da Conceição, de Loulé, e que é chamada de “Nuvens”. O processo de fabrico é semelhante. Depois de bater claras em castelo, cozem-se à colherada em leite, com um pau de canela, e depois retiram-se com uma escumadeira. Com o leite sobrante juntam-se gemas de ovo e faz-se um creme que vai cobrir as claras cozidas. Polvilha-se com nozes e amêndoas que se pisaram em almofariz. Nestas receitas, que muitas vezes eram apenas ajudas de memória, falta um produto fundamental que é o açúcar, que talvez não seja mencionado pela evidência da sua utilização. Primeiro nas claras ao serem batidas, depois no leite para ferver e cozer as claras. Não tendo encontrado outras receitas anteriores parece-me que se poderá inferir que a tradição da “farófias” ou “nuvens” não deverá ser anterior ao século XVIII. Ou haveria tradição, e não seria obra de registos por ser considerado um doce fácil, e de prática doméstica.



 

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