segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Virgilio Gomes - Pão-de-ló de Alfeizerão

(Casa do Pão-de-ló)

Virgilio Gomes
Pão-de-ló de Alfeizerão                        

De volta aos doces! E a pensar na minha amiga Alexandra Prado Coelho, por quem tenho estima e admiração. Já fiz anteriormente uma descrição dos diferentes pães-de-ló que ainda se fazem em Portugal. Recebi algumas mensagens lembrando-me que em determinadas localidades também se fazem pães-de-ló mas, depois de verificar bem, apenas muda o nome da localidade mas a receita é idêntica a alguma das apresentadas.

Desta vez vou escrever sobre o Pão-de-ló de Alfeizerão, e sobre o qual já ouvi algumas informações menos corretas. Este pão-de-ló terá nascido em Cós, no Mosteiro Cisterciense de Santa Maria de Cós, e não em Alcobaça como alguns pretendem. Até por razões históricas e de disciplina monástica tal não parece plausível, pois a doçaria conventual desenvolveu-se em ambientes femininos e aos homens por interdito trabalhar o açúcar durante muitos anos, conhecendo-se a primeira proibição desde D. João II que reinou entre 1481 e 1495. O Mosteiro de Cós esteve durante muito tempo abandonado e hoje deve visitar-se a sua Igreja. Este mosteiro, cuja fundação remonta quase à fundação da nacionalidade, viveu um pouco à sombra do grande Mosteiro de Alcobaça e seriam as monjas de Cós que abasteceriam Alcobaça. Para os mais interessados recomendo a leitura do livro “Intimidade e Encanto”, da autoria de Cristina Maria André de Pina e Sousa e Saul António Gomes, editado por Edições Magno, 1998, onde encontra toda a história do Mosteiro de Santa Maria de Cós.

Não tem sido fácil identificar a data de nascimento deste pão-de-ló. Parece ter, de facto, nascido no Mosteiro de Cós, não se sabendo se era confecionado como hoje o conhecemos. Depois da extinção das ordens religiosas em 1834, muito do receituário, ou melhor, da prática de fazer doces, saiu dos conventos e muitas vezes deu origem à instalação de negócios próprios. O Mosteiro de Cós encerrou as suas portas, após inventário, no mês de Julho desse ano. As monjas deslocar-se-iam para o Mosteiro de Odivelas que tinha formas de sustento, mas outras terão recebido assistência em Alfeizerão. Uma forma de agradecer o abrigo seria a confeção de doces a que estavam habituadas no Mosteiro, e algumas senhoras terão aprendido a confecionar o receituário que não viria escrito mas transmitido por via oral, e pela observação da confeção.

Os doces sempre souberam tão bem:




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