in memoriam
Como
todos os “retornados”, o Tó Roque também foi marcado para a vida com a tragédia
da África portuguesa. Em Lagoaça (ah, quantos anos já lá vão!) apanhei um dos
primeiros grandes “cagaços” quando, numa tarde quente de Verão, tive a ousadia de me
sentar na sua moto, uma Honda 360 CB. “Vamos dar uma volta”, disse-me. Enfiámos
em direcção à recta de Fornos. Quando dei conta, estávamos no cruzamento de
Freixo. A meu pedido, “a tremer como varas verdes” (quase mijado), lá me fez a
vontade. E na volta, em vez dos quase 200 à hora, rolámos a 50.
O
Tó era meu primo, tinha três irmãs (a Mimi, a Fati, e a Nanda). Duas ainda são
vivas (a Fati, e a Nanda) e a minha ligação com eles foi sempre de uma
incomensurável Amizade. Os motivos foram (e continuam a ser) muitos e vários.
O
Homem tem a particularidade (como os animais) de se não esquecer de quem lhe
fez mal, mas as pessoas com princípios (de bem, como sois dizer-se), guardam
sobretudo na memória (para a eternidade), aqueles (ou aquelas) que lhes fizeram
bem. E o Tó fez-nos bem, assim como as irmãs e os respectivos maridos (O César,
o Victor e o Octávio).
Acabámos
a viver juntos durante largos anos, até que a vida nos separou. Há cerca de
meia dúzia de anos, tornámos a encontrar-nos (antes de falecer a Mimi). Estive
em casa do Tó (e da Fati e da Nanda) onde fui recebido como antigamente.
Era
um grande Amigo.
Como
os homens decentes, o Tó (daquilo que me recordo da juventude), da mesma forma
que Mircea Cãrtãrescu, também se interrogava “porque gostamos de mulheres”.
in aeternum, Tó.
Mandocas
Sem comentários:
Enviar um comentário