21 de Agosto, 2013
Uma equipa de
investigadores do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP)
descobriu que o gás que envolve algumas galáxias pode deixar passar 90% da
radiação ionizante, considerado um avanço na investigação da captação de luz
pelos buracos negros.
"Existe um mistério
bastante antigo sobre a luz que recebemos das estrelas, que defende que o gás
devia absorver a radiação ionizante do núcleo de algumas galáxias",
referiu à agência Lusa Filipe Pires, da unidade de divulgação do CAUP.
Esta descoberta tem
consequências importantes na compreensão de um dos fenómenos mais energéticos
do Universo, os núcleos activos das galáxias (buracos negros supermassivos que
crescem com o material que os rodeia - essencialmente gás).
A equipa liderada pelos
investigadores da CAUP Polychronis Papaderos e Jean Michel Gomes explicou que
90% da radiação ionizante - provocada pelas ondas cósmicas emitidas pelas
rochas espaciais - consegue escapar à absorção pelo meio interestelar.
"Os meus colegas
descobriram que o gás à volta das galáxias pode não bloquear completamente a
radiação ionizante, deixando-a escapar como se fosse uma esponja", referiu
Filipe Pires.
Os astrónomos
conseguiram verificar que a disparidade entre as observações se deve à elevada
porosidade do meio interestelar em algumas galáxias, que é incapaz de absorver
radiação ionizante de forma eficiente.
As galáxias tornam-se
também incapazes de emitir energia suficiente sob a forma de luz visível,
resultando em "radiação que os nossos olhos não vêem" (infravermelho,
rádio, radiação ultravioleta e radiações ionizantes).
A equipa conseguiu
verificar que a radiação ionizante só consegue escapar em algumas galáxias,
sendo que grande parte é absorvida pelo gás do meio interestelar e depois é
reemitida em riscas na banda do visível.
A investigação
constituiu um passo decisivo na investigação e compreensão dos núcleos activos
das galáxias.
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