EUA
Felix Baumgartner pode ter ultrapassado
barreira do som em queda livre
Por Hugo Torres
A ideia de ver um
homem a ultrapassar a barreira do som em queda livre colou milhões de pessoas
aos ecrãs, neste domingo, quando Felix Baumgartner subiu 39 mil metros e se
lançou num espectacular mergulho na estratosfera. O austríaco bateu pelo menos
três recordes e assegurou que o seu nome fica na História. Mais do que isso,
chegou ileso à terra.
Baumgartner, de 43
anos, é um skydiver experiente. Começou a praticar aos 16 anos e, entre cerca
de 2500 saltos, já se tinha lançado dos 29.600 metros . Nos
últimos cinco anos, dedicou-se ao seu mais ambicioso projecto: bater de uma só
vez quatro recordes em queda livre.
Um deles vinha de 1960 e pertencia a Joe Kittinger, que
então saltou de uma altura de um 31.333 metros . O antigo militar
norte-americano, hoje com 83 anos, integrava a equipa de Felix Baumgartner e
viu o austríaco ultrapassar em cerca de sete mil metros a sua marca.
O enorme balão de hélio que transportou a cápsula de
Baumgartner passou os 39 mil metros de altitude e fez do austríaco o homem que
mais alto voou à boleia de um balão. Esse foi o primeiro recorde que bateu,
duas horas e meia após o lançamento da cápsula. O segundo e o terceiro
decorriam do primeiro: o mais alto e mais rápido mergulho em queda livre de
sempre.
Baumgartner dentro da cápsula nos preparativos para a primeira tentativa, na terça-feira (AFP) |
Falta saber se a barreira do som chegou a ser batida.
“Parece que sim”, disse Bob Hager, a relatar a queda em directo. Os números
não oficiais dizem que Baumgartner atingiu os 1126 quilómetros
por hora, mais 26 do que a velocidade Mach na estratosfera.
A descida demorou aproximadamente 15 minutos, sobre o
deserto do Novo México, nos EUA. O pára-quedas só foi aberto após quatro
minutos e meio de queda livre, os mais delicados para a sobrevivência do
aventureiro, dado o risco de danificar os olhos, o cérebro e o sistema
cardiovascular.
O salto tinha sido abortado por três vezes ao longo da
última semana, por falta de condições meteorológicas. O projecto Red Bull
Stratos foi financiado pela marca de bebida energética com o mesmo nome e, além
de uma tentativa de bater recordes, tinha como objectivo servir de programa de
testes de voo e de contribuir para a investigação em fatos especiais.
Baumgartner usou um fato pressurizado, que permitiu o
salto estratosférico sem que a sua pele entrasse em ebulição. Desenvolvido
para suportar temperaturas entre os 68ºC negativos e os 38ºC positivos, o fato
serviu para proteger o saltador das baixas pressões e do frio extremo – àquela
altura, as temperaturas podem ser tão baixas quanto 57ºC negativos.
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