Por: Costa Pereira
Portugal, minha terra.
É um espaço de sonho que para repouso e contacto com a floresta
africana e o que no seu interior cresce e morre leva a palma entre os melhores
do género. Pena que a língua ali mais falada seja o inglês, e não venham agora…
os nossos ditos progressistas culpar o Salazar, que já morreu há 40 anos! Nós
somos iguais aos africanos: só governados por outros, sabemos trabalhar. Mas
nem por isso deixo de dar os meus parabéns à “TCTDalmann”.
Local ideal para o ecoturismo, pesquisa cientifica e centro de um
ambicioso programa com base comunitária, este acampamento está situado 32km a
sul do rio Zambeze e da cidade de Caia, na Estrada Principal nº1, posto
administrativo de Inhmitanga. O Catapú M'phingwe, além do restaurante e
dormitórios tem para oferta aos seus clientes passeios guiados que incluem
visita à serração, onde é cortada a madeira que fornece à fábrica da Beira, e
caminhadas através da mata concessionada que permitem ver e ficar a conhecer
muitas das espécies da flora e fauna existentes.
Fiquei por exemplo a saber que a famosa madeira de
"Pau-Preto" também é conhecida em certas zonas de Moçambique pela
designação de m'phingwe (=pau-preto), e logo daí revelado o significado do
termo que dá o nome ao restaurante. Para além do abate de árvores com destino
exclusivo à fabricação de mobiliário, se encarrega de paralelamente zelar e
manter o equilíbrio ambiental através da reflorestação e proteção da flora e
fauna originais da zona onde tem a exploração. Nos termos contratuais, entre o
governo e o operador James White, consta a obrigação de "proteger todos os aspetos do meio
ambiente incluindo florestas e animais. Animais, passarinhos, insetos,
população, ar e água formam o meio ambiente, sendo que uma suporta a
sobrevivência de outra espécie". - são palavras de White.
Os bebedouros são uma das atrações do Catapú M'phingwe, aonde uma
variedade infinita de passarinhos vão matar a
sede e em bando se retiram para dar a vez ao bando seguinte. Uma lição
que os humanos deviam aprender com estas aves da floresta africana, sobretudo a
classe política que uma vez no “bebedouro” só quer a água e tempo para si.
Como os pássaros, e os demais habitantes da fauna local, dispõem
de bebedouros; também, as abelhas tem particular tratamento sendo honradas com
hospedagem em colmeias de fina madeira, onde constroem seus favos e produzem o
delicioso mel.
Mas nos passeios e safaris através dos carreiros e trilhos da
exploração onde entre os antílopes predomina a gazela vermelha e nyala, pode
acontecer também encontrar outras espécies como leopardo, búfalo, crocodilo
pois são animais desta região. Passeios e safaris com uma forte vertente
cultural, já que são ofertados, aos clientes, com a vantagem de serem
enriquecidos por um guia explicativo, onde constam os nomes e os números de
algumas espécies, sobretudo da flora por ser ali, a madeira, o principal ramo
de exploração. No regresso de um passeio ou safari um almoço ou jantar de
carnes servido à casa faz parte do programa, e para o efeito aguardar pela hora
das refeições ou antes de recolher ás casinhas é muito reconfortante este
acolhedor espaço; junto da lareira, onde
nas noites mais frescas se fica em conversa ou a contemplar o luar africano.
As casinhas são muito simples mas confortáveis, com duas camas, um
armário e mesa de cabeceira. Quarto de banho e um salinha de estar. Não têm
cozinha porque não é permitido aos clientes cozinhar em Catapú. O restaurante,
como as casinhas de madeira sem paredes, onde à noite, centenas de borboletas
negras, lindas, voam à volta das luzes e das mesas são motivo de admiração. As
peças são feitas exclusivamente de madeiras duras como Panga-Panga e Mutondo, e
os desenhos das coleções são inspirados nos rios de Moçambique. Dispõe ainda de
uma pequena loja de artesanato em madeira feito pelas comunidades locais,
resultado do empenho da TCT Dalmann na formação dos membros das comunidades,
ensinando-os a tornear madeira derrubada espalhada pela mata e machambas que tem
valor e não deve ser queimada. Alguns dos muitos exemplares da floresta que os
anos se encarregaram de encarquilhar, antes de abatidos em tempos remotos e
agora sob totela da TCT Dalmann. Empresa de quem diz John Burrows : " Se
todas as operadoras florestais pudessem ser tão seletivas e cuidadosas com o
ambiente como em Catapú, talvez então houvesse um futuro para as poucas
florestas tropicais remanescentes". Elogio que neste ramo poucas
operadoras em Moçambique são merecedoras de receber, e também de mim o não
recebem.
Sem comentários:
Enviar um comentário