quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Na Floresta Africana (Moçambique)

Por: Costa Pereira
Portugal, minha terra.
 

É um espaço de sonho que para repouso e contacto com a floresta africana e o que no seu interior cresce e morre leva a palma entre os melhores do género. Pena que a língua ali mais falada seja o inglês, e não venham agora… os nossos ditos progressistas culpar o Salazar, que já morreu há 40 anos! Nós somos iguais aos africanos: só governados por outros, sabemos trabalhar. Mas nem por isso deixo de dar os meus parabéns à “TCTDalmann”.



Local ideal para o ecoturismo, pesquisa cientifica e centro de um ambicioso programa com base comunitária, este acampamento está situado 32km a sul do rio Zambeze e da cidade de Caia, na Estrada Principal nº1, posto administrativo de Inhmitanga. O Catapú M'phingwe, além do restaurante e dormitórios tem para oferta aos seus clientes passeios guiados que incluem visita à serração, onde é cortada a madeira que fornece à fábrica da Beira, e caminhadas através da mata concessionada que permitem ver e ficar a conhecer muitas das espécies da flora e fauna existentes.


Fiquei por exemplo a saber que a famosa madeira de "Pau-Preto" também é conhecida em certas zonas de Moçambique pela designação de m'phingwe (=pau-preto), e logo daí revelado o significado do termo que dá o nome ao restaurante. Para além do abate de árvores com destino exclusivo à fabricação de mobiliário, se encarrega de paralelamente zelar e manter o equilíbrio ambiental através da reflorestação e proteção da flora e fauna originais da zona onde tem a exploração. Nos termos contratuais, entre o governo e o operador James White, consta a obrigação de "proteger todos os aspetos do meio ambiente incluindo florestas e animais. Animais, passarinhos, insetos, população, ar e água formam o meio ambiente, sendo que uma suporta a sobrevivência de outra espécie". - são palavras de White.

 


Os bebedouros são uma das atrações do Catapú M'phingwe, aonde uma variedade infinita de passarinhos vão matar a  sede e em bando se retiram para dar a vez ao bando seguinte. Uma lição que os humanos deviam aprender com estas aves da floresta africana, sobretudo a classe política que uma vez no “bebedouro” só quer a água e tempo para si.


 

Como os pássaros, e os demais habitantes da fauna local, dispõem de bebedouros; também, as abelhas tem particular tratamento sendo honradas com hospedagem em colmeias de fina madeira, onde constroem seus favos e produzem o delicioso mel.

 
 
 
 

Mas nos passeios e safaris através dos carreiros e trilhos da exploração onde entre os antílopes predomina a gazela vermelha e nyala, pode acontecer também encontrar outras espécies como leopardo, búfalo, crocodilo pois são animais desta região. Passeios e safaris com uma forte vertente cultural, já que são ofertados, aos clientes, com a vantagem de serem enriquecidos por um guia explicativo, onde constam os nomes e os números de algumas espécies, sobretudo da flora por ser ali, a madeira, o principal ramo de exploração. No regresso de um passeio ou safari um almoço ou jantar de carnes servido à casa faz parte do programa, e para o efeito aguardar pela hora das refeições ou antes de recolher ás casinhas é muito reconfortante este acolhedor espaço; junto da  lareira, onde nas noites mais frescas se fica em conversa ou a contemplar o luar africano.

As casinhas são muito simples mas confortáveis, com duas camas, um armário e mesa de cabeceira. Quarto de banho e um salinha de estar. Não têm cozinha porque não é permitido aos clientes cozinhar em Catapú. O restaurante, como as casinhas de madeira sem paredes, onde à noite, centenas de borboletas negras, lindas, voam à volta das luzes e das mesas são motivo de admiração. As peças são feitas exclusivamente de madeiras duras como Panga-Panga e Mutondo, e os desenhos das coleções são inspirados nos rios de Moçambique. Dispõe ainda de uma pequena loja de artesanato em madeira feito pelas comunidades locais, resultado do empenho da TCT Dalmann na formação dos membros das comunidades, ensinando-os a tornear madeira derrubada espalhada pela mata e machambas que tem valor e não deve ser queimada. Alguns dos muitos exemplares da floresta que os anos se encarregaram de encarquilhar, antes de abatidos em tempos remotos e agora sob totela da TCT Dalmann. Empresa de quem diz John Burrows : " Se todas as operadoras florestais pudessem ser tão seletivas e cuidadosas com o ambiente como em Catapú, talvez então houvesse um futuro para as poucas florestas tropicais remanescentes". Elogio que neste ramo poucas operadoras em Moçambique são merecedoras de receber, e também de mim o não recebem.
 
 
 

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