Kuala Lumpur. 2008. Acrílico sobre tela. 88,5 x
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O
Museu Carlo Bilotti, em Roma, inaugura, a 18 de Julho, a
exposição Nadir Afonso. Architetto, pittore e collezionista. A mostra,
com curadoria de Stefano Cecchetto, ficará patente até 30 de Setembro e conta
com o Alto Patrocínio de Sua Excelência o Presidente da República, Prof. Doutor
Aníbal Cavaco Silva, e o apoio da Embaixada de Portugal em Roma.
Além
da produção pictórica de Nadir Afonso, a mostra italiana integra também obras
de amigos artistas com quem o pintor português trabalhou. Entre eles figuram
nomes como Pablo Picasso, Max Ernst, Cândido Portinari, Giorgio de Chirico, Max
Jacob ou Fernand Léger. Assim, a exposição revela Nadir como um artista amigo
de artistas, focando um período da segunda metade do século XX em que a
confluência entre os géneros e o intercâmbio cultural constituiu o motor de uma
renovada vitalidade na arte. As obras seleccionadas, ligadas ao clima da cidade
barroca e da poesia metafísica, pretendem aprofundar a lição de Chirico que
muito influenciou o expressionismo do artista.
Esta homenagem insere-se num
conjunto de iniciativas da Fundação Nadir Afonso, no sentido de comemorar os 90
anos do Mestre com uma série de exposições de nível internacional. Depois de
Lisboa, e antes de Paris e Rio de Janeiro, é agora a vez de Roma prestar
homenagem ao extraordinário artista português. Seguir-se-á, em Veneza, uma
segunda mostra italiana, por ocasião da Bienal de Arquitectura, que dará
destaque à figura de Nadir Afonso como arquitecto e artista e à sua colaboração
com dois grandes arquitectos: Le Corbusier e Oscar Niemeyer.
No
entanto, o principal objetivo desta exposição em Roma é colocar em evidência a
produção mais recente do artista. Nos últimos dez anos, a obra de Nadir Afonso
assume uma força inovadora que vai além dos esquemas dos movimentos artísticos
para explorar uma nova linguagem de formas. As cidades de Nadir Afonso
apresentam-se com uma arquitectura transmutável. Uma arquitectura que parece
emergir de uma realidade aparentemente estática e assente em esquemas de
estruturas diagonais, linhas rectas e formas suavemente onduladas de diferentes
cromatismos, mas na qual a intimidade inerente ao olhar se expande, em busca de
um espaço novo, mais amplo e organizado1.
1
(1) Sobre esta mesma ideia elabora José Augusto França, no catálogo
da exposição:
«O
que à pintura de Nadir Afonso não aconteceu porque, dentro do sistema que
inventou, organizando-lhe e dirigindo a produção, ela liricamente para sempre
se libertou. Dai que, posto perante repetições aparentes, o espectador seja
sempre surpreendido pelo variado poder idílico das proposições pictóricas.
Ei-lo então fascinado pelos percursos aleatórios de composições cujas formas a
todo o momento e infinitamente dançam numa cidade-espaço imaginária e feliz…
que deveria ser modelo ético para um urbanismo de humana (e social)
responsabilidade, futuramente acordado com as necessidades maiores do
imaginário.
…
E que sejam lembrados aqui os grandes painéis pintados em azulejos que, na mais
importante das estações de metropolitano de Lisboa, nos Restauradores, das
entranhas do solo da cidade desafiam, em alegra consciência, o que sobre ele
tristemente se vai construindo…
Sabendo-se
que sempre ‘Fata viam invenient’».
Das
numerosas obras da última década serão mostradas, entre outras cidades: Florença
(2006), que aparece imersa em tons de vermelho e parece construída sobre
uma hipérbole; Kuala Lumpur (2008), que emerge, como uma aparição, de um
jogo de vorticismos cromáticos; Toronto (2007), em que a estrutura da
composição é suspensa no espaço; e Cidade Incerta (2010), em que o signo
poético parece ser construído na perspetiva de uma geometria evanescente.
São
precisamente estas obras recentes que revelam a força e a determinação do
artista em continuar uma pesquisa pessoal sobre a descoberta e aplicação de uma
nova linguagem metafísica.
FICHA
DA EXPOSIÇÃO
Local:
Museo Carlo
Bilotti Aranciera di Villa Borghese
Viale
Fiorello La Guardia
– 00197 Roma
Patente
ao público de 19
de Julho a 30 de Setembro de 2012
Catálogo:
Editora Carlo
Cambi
Horário:
De terça a
domingo, das 9.00 às 19.00
Pintor,
arquitecto e filósofo, Nadir Afonso nasce em Chaves a 4 de Dezembro de 1920.
Estuda Arquitetura na Escola de Belas Artes do Porto e, terminado o curso, ruma
a Paris, onde se torna amigo e colaborador de Le Corbusier, com quem trabalha
entre 1946 a
48 e em 1951. Conhece o pintor italo-brasileiro Cândido Portinari, com quem
priva a nível pessoal e artístico. Muda-se depois para o Rio de Janeiro, onde
trabalha três anos com Oscar Niemeyer.
Em
1954 retorna a Paris, onde participa em várias exposições de pintura na galeria
Denise René, então templo de exposições de arte abstracta. Em Paris conheceu muitos
outros artistas, entre os quais Pablo Picasso, Magnelli, Poliakoff, Max Ernst,
Giorgio de Chirico, Max Jacob e Fernand Léger, que o acolhe por alguns meses no
seu ateliê e com quem desenvolve uma longa amizade. Até 1965, a sua carreira
desenvolve-se principalmente no campo da arquitectura. No entanto, depois de
uma grande exposição individual na Maison des Beaux-Arts em Paris, em 1959, o
artista português passa a realizar inúmeras exposições em galerias e museus em
todo o mundo.
Partindo
da experiência surrealista, e após um período barroco, Nadir interessa-se pela
investigação pictórica do seu amigo Giorgio de Chirico e embarca rumo ao
abstracionismo. Daí em diante, fixa a sua investigação nas construções
geométricas espaciais e construtivista, convergindo com artistas como Victor
Vasarel, Mortensen, Herbin e Bloc.
O
interesse de Nadir pela disciplina estética e pelos estudos filosóficos
aproxima-o de filósofos franceses seus contemporâneos: Roger Garaudy, Paul
Ricoeur, Léon Degand, Jean Paul Sartre. Publica livros muito importantes para a
estética da arte: Les Mécanismes de la Création Artistique
(1970), O Sentido da Arte (1999), O Universo e o Pensamento (2000),
As Artes: Erradas Crenças e Falsas Críticas (2005), Nadir, face a
Face com Einstein (2008), entre outros.
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