terça-feira, 17 de julho de 2012

Nadir Afonso Expõe em Roma

                                            Kuala Lumpur. 2008. Acrílico sobre tela. 88,5 x 138 cm.

 
O Museu Carlo Bilotti, em Roma, inaugura, a 18 de Julho, a exposição Nadir Afonso. Architetto, pittore e collezionista. A mostra, com curadoria de Stefano Cecchetto, ficará patente até 30 de Setembro e conta com o Alto Patrocínio de Sua Excelência o Presidente da República, Prof. Doutor Aníbal Cavaco Silva, e o apoio da Embaixada de Portugal em Roma.
Além da produção pictórica de Nadir Afonso, a mostra italiana integra também obras de amigos artistas com quem o pintor português trabalhou. Entre eles figuram nomes como Pablo Picasso, Max Ernst, Cândido Portinari, Giorgio de Chirico, Max Jacob ou Fernand Léger. Assim, a exposição revela Nadir como um artista amigo de artistas, focando um período da segunda metade do século XX em que a confluência entre os géneros e o intercâmbio cultural constituiu o motor de uma renovada vitalidade na arte. As obras seleccionadas, ligadas ao clima da cidade barroca e da poesia metafísica, pretendem aprofundar a lição de Chirico que muito influenciou o expressionismo do artista.
Esta homenagem insere-se num conjunto de iniciativas da Fundação Nadir Afonso, no sentido de comemorar os 90 anos do Mestre com uma série de exposições de nível internacional. Depois de Lisboa, e antes de Paris e Rio de Janeiro, é agora a vez de Roma prestar homenagem ao extraordinário artista português. Seguir-se-á, em Veneza, uma segunda mostra italiana, por ocasião da Bienal de Arquitectura, que dará destaque à figura de Nadir Afonso como arquitecto e artista e à sua colaboração com dois grandes arquitectos: Le Corbusier e Oscar Niemeyer.
No entanto, o principal objetivo desta exposição em Roma é colocar em evidência a produção mais recente do artista. Nos últimos dez anos, a obra de Nadir Afonso assume uma força inovadora que vai além dos esquemas dos movimentos artísticos para explorar uma nova linguagem de formas. As cidades de Nadir Afonso apresentam-se com uma arquitectura transmutável. Uma arquitectura que parece emergir de uma realidade aparentemente estática e assente em esquemas de estruturas diagonais, linhas rectas e formas suavemente onduladas de diferentes cromatismos, mas na qual a intimidade inerente ao olhar se expande, em busca de um espaço novo, mais amplo e organizado1.
1 (1) Sobre esta mesma ideia elabora José Augusto França, no catálogo da exposição:
«O que à pintura de Nadir Afonso não aconteceu porque, dentro do sistema que inventou, organizando-lhe e dirigindo a produção, ela liricamente para sempre se libertou. Dai que, posto perante repetições aparentes, o espectador seja sempre surpreendido pelo variado poder idílico das proposições pictóricas. Ei-lo então fascinado pelos percursos aleatórios de composições cujas formas a todo o momento e infinitamente dançam numa cidade-espaço imaginária e feliz… que deveria ser modelo ético para um urbanismo de humana (e social) responsabilidade, futuramente acordado com as necessidades maiores do imaginário.
… E que sejam lembrados aqui os grandes painéis pintados em azulejos que, na mais importante das estações de metropolitano de Lisboa, nos Restauradores, das entranhas do solo da cidade desafiam, em alegra consciência, o que sobre ele tristemente se vai construindo…
Sabendo-se que sempre ‘Fata viam invenient’».
Das numerosas obras da última década serão mostradas, entre outras cidades: Florença (2006), que aparece imersa em tons de vermelho e parece construída sobre uma hipérbole; Kuala Lumpur (2008), que emerge, como uma aparição, de um jogo de vorticismos cromáticos; Toronto (2007), em que a estrutura da composição é suspensa no espaço; e Cidade Incerta (2010), em que o signo poético parece ser construído na perspetiva de uma geometria evanescente.
São precisamente estas obras recentes que revelam a força e a determinação do artista em continuar uma pesquisa pessoal sobre a descoberta e aplicação de uma nova linguagem metafísica.
FICHA DA EXPOSIÇÃO
Local: Museo Carlo Bilotti Aranciera di Villa Borghese
Viale Fiorello La Guardia – 00197 Roma
Patente ao público de 19 de Julho a 30 de Setembro de 2012
Catálogo: Editora Carlo Cambi
Horário: De terça a domingo, das 9.00 às 19.00

NOTA BIOGRÁFICA
Pintor, arquitecto e filósofo, Nadir Afonso nasce em Chaves a 4 de Dezembro de 1920. Estuda Arquitetura na Escola de Belas Artes do Porto e, terminado o curso, ruma a Paris, onde se torna amigo e colaborador de Le Corbusier, com quem trabalha entre 1946 a 48 e em 1951. Conhece o pintor italo-brasileiro Cândido Portinari, com quem priva a nível pessoal e artístico. Muda-se depois para o Rio de Janeiro, onde trabalha três anos com Oscar Niemeyer.
Em 1954 retorna a Paris, onde participa em várias exposições de pintura na galeria Denise René, então templo de exposições de arte abstracta. Em Paris conheceu muitos outros artistas, entre os quais Pablo Picasso, Magnelli, Poliakoff, Max Ernst, Giorgio de Chirico, Max Jacob e Fernand Léger, que o acolhe por alguns meses no seu ateliê e com quem desenvolve uma longa amizade. Até 1965, a sua carreira desenvolve-se principalmente no campo da arquitectura. No entanto, depois de uma grande exposição individual na Maison des Beaux-Arts em Paris, em 1959, o artista português passa a realizar inúmeras exposições em galerias e museus em todo o mundo.
Partindo da experiência surrealista, e após um período barroco, Nadir interessa-se pela investigação pictórica do seu amigo Giorgio de Chirico e embarca rumo ao abstracionismo. Daí em diante, fixa a sua investigação nas construções geométricas espaciais e construtivista, convergindo com artistas como Victor Vasarel, Mortensen, Herbin e Bloc.
O interesse de Nadir pela disciplina estética e pelos estudos filosóficos aproxima-o de filósofos franceses seus contemporâneos: Roger Garaudy, Paul Ricoeur, Léon Degand, Jean Paul Sartre. Publica livros muito importantes para a estética da arte: Les Mécanismes de la Création Artistique (1970), O Sentido da Arte (1999), O Universo e o Pensamento (2000), As Artes: Erradas Crenças e Falsas Críticas (2005), Nadir, face a Face com Einstein (2008), entre outros.
Para mais informações, imagens em alta resolução ou pedidos de entrevista, contactar:
Fátima Fonseca
Assessoria de Imprensa
Telefone: 21 59 03 430 / Telemóvel: 96 37 88 731
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