Banda de Música de Freixo de Espada à Cinta |
Em meados do século XIX surgiu,
por todo o país, um enorme interesse pelas bandas de música. Foram
influenciadas pelas bandas militares, ou marciais, como era costume serem
desiganadas. Normalmente eram fundadas como sociedades filarmónicas. Vila Real
não foi excepção. A cidade e o termo, ou mesmo concelhos limítrofes. Em livro
coordenado por Elísio Neves e por A. M. Pires Cabral[1], a
que já neste blogue fizemos referência, este aspecto é abordado. Paulo Vaz de
Carvalho discorre sobre Otílio Figueiredo, músico amador, já no século XX.
Ângelo do Carmo Minhava lembra a famosa Marcha
de Vila Real, composta por Monsenhor Minhava, na primeira metade do século
XX, e Elísio Neves depois de nos informar que a Tuna Académica Vila-Realense
foi fundada em 1895[2], elabora uma síntese sobre
as filarmónicas da Vila e do termo em artigo intitulado A Música Em Vila Real, Algumas Achegas Para A Sua História.
O quadro que se segue dá conta
desses elementos[3]:
Banda de Música
|
Ano de Fundação
|
Banda de Música de Mateus
|
1810
|
Banda de Música da Portela
|
1840
|
Banda de Música de Nogueira
|
1850
|
Música Instrumental de Vila
Real
|
1861
|
Música de Arroios
|
1862
|
Banda de Música de Arroios
|
1864
|
Música de Arroios
|
1866
|
Música de Guiães
|
1864
|
Sociedade Musical de Vila Meã
|
1871
|
Sociedade Musical e
Instrumental de Vila Meã
|
1873
|
Banda de Música Mosteirozense,
de Mosteirô
|
1871
|
Banda de Música Marcial da
Portela, Folhadela
|
1877, 1883,
|
Banda de Música da Portela,
Folhadela
|
1896
|
Banda Marcial de Folhadela
|
1878
|
Música Instrumental e Igreja de
Sabroso, Folhadela
|
1882
|
Banda Marcial de Sabroso,
Folhadela
|
1888
|
Fragmento do documento |
Foi fundada em 1865[5], como
se observa no início do documento: “Saibão
Quantos este publico Instrumento de Escritura de ensino de Muzica ou como em
Direito melhor lugar haja virem que no anno do Nascimento de Nosso Senhor Jezus
Cristo de mil oitocentos sessenta e cinco aos doze dias do mes de Novembro
neste lugar de Fontes Julgado de Santa Martha de Penaguião e Caza da Morada de
João Ferreira da Costa” (…).
Como segundo outorgante apresentava-se
“o professor da Corpuração Rafael do
Nascimento Guedes Bonito do lugar da Cumieira”.
Perante as testemunhas e o
tabelião, todos acordaram “em criar e
estabelecer hũa corporação da Muzica com sede Neste lugar de Fontes, tomando
como Mestre e Professor da mesma o segundo Outorgante Raphael do Nascimento
Guedes Bonito para ensinar a cada um dos outorgantes alunos e filhos dos
outorgantes pais o instrumento que escolherem”.
O contrato baseava-se nas
seguintes condições: “Que haverá tres
ensaios por semana sendo segundas, quartas e sextas-feiras, sendo estes durante
a estação invernoza, de noute, e nas Mais quadras do ano, de dia e a hora que
combinarem particolarmente segundo a melhor conveniencia dos alunos e do
Mestre. Que as musicas são da obrigação e a custas dos alunos, salvo aquellas
que o Mestre lhe querer prestar e fornecer – Que cada um dos alunos fica obrigado
e sujeito ao Regolamento de conduta que for accordado entre todos, alunos e
Mestre. Que este contrato de ensino durará tres annos desta data e em todo este
tempo o Mestre acompanhará sempre a corporação em todos e quaisqueres funções a
que forem = Que assim cada um dos outorgantes alunos pagará ao Mestre por seu
ensino a quantia de seis Mil reis annuaes, pagos mensalmente em todo o tempo
dos referidos tres anos” (…)[6]
[1] Vila Real, História ao Café (2008).
[2] Idem, p. 415.
[3] Fizemos referência ao
essencial.
[4] Cf. Os
tectos durienses: a iconografia religiosa setecentista nas pinturas dos templos
da região demarcada (Tese de
Doutoramento), Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Lusíada de Lisboa, Área científica: História
da Arte, Orientador: Prof. Doutor Luís Manuel Aguiar de Morais Teixeira;
Coo-orientadora: Professora Doutora Isabel Mendonça.
[5] No
texto da tese, publicada neste blogue, sobre este documento aparece uma lacuna
(situação frequente em teses deste género). Em vez de 1865, aparece 1765. O dia
e o mês estão correctos. No índice documental também não aparece a referência,
mas sabe-se a fonte. À cota perdemos-lhe o rasto nos oito anos de investigação.
Contudo, quando assim é, quando surge uma dúvida, recorre-se ao anexo
documental. E aí está tudo correcto.
A propósito desta lacuna
lembramos um episódio de há mais de 20 anos com um grupo de Amigos antigos. Num
repasto bem regado, falava-se de Literatura. Veio à conversa Jorge Amado.
Lembrei-lhes que “Nenhuma obra é perfeita sem gralhas”. E lembrei-lhes, a
propósito, que o primeiro grande sucesso de Jorge Amado (tinha vendido mais de UM MILHÃO de exemplares) tinha, na sua
primeira edição, mais de duas mil
gralhas. E nesse mais de um milhão, nnguém havia notado!
[6]
Transcrevemos o essencial do documento.
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