Primeiro-Ministro de Portugal Dr. Pedro Passos Coelho |
"Aproveitemos
esta quadra natalícia para recobrar o fôlego para as grandes tarefas que nos
aguardam."
Do princípio ao
fim da tradicional comunicação ao País, a tónica do chefe de Governo foi sempre
a das reformas. Com a promessa de que "2012 será um ano de grandes
mudanças e transformações", que "incidirão com profundidade nas
nossas estruturas económicas". O objectivo é o de "libertar" o
País dessas estruturas, explicou. Porque são elas "que muitas vezes não permitem aos portugueses realizar todo o seu
potencial, que reprimem as suas oportunidades, que protegem núcleos de
privilégio injustificado, que preservam injustiças e iniquidades, que não
recompensam o esforço, a criatividade, o trabalho e a dedicação. São estruturas
que têm de ser mudadas", para o que Passos disse ser uma
"democratização da economia. Até porque, reincide, "as nossas
estruturas e as nossas instituições, tanto políticas como económicas, nem
sempre estão à altura do serviço que têm de prestar".
O Governo,
assim, aposta que a mensagem do novo ano seja menos concentrada na ideia de
austeridade e mais na de mudança do País. E em várias frentes: "Para
construir a sociedade de confiança que queremos temos de reformar a Justiça,
temos de tornar muito mais transparentes a máquina administrativa e as decisões
públicas, temos de abrir a concorrência, agilizar a regulação e acelerar a
difusão de uma cultura de responsabilidade no Estado, na economia e na
sociedade", diz Passos Num registo que tem marcado estes seis meses de
governação, o primeiro-ministro abriu a mensagem natalícia abordando as
dificuldades que o País atravessa. Passos disse ter ouvido "muita gente em
todo o País". Que com ele partilharam "ansiedades",
"frustrações" e preocupações com o presente e futuro, mas também
"coragem, tenacidade e esperança".
Para todos,
deixou ontem a sua ideia de sociedade futura: "Queremos que o crescimento, a inovação social e a renovação da
sociedade portuguesa venha de todas as pessoas, e não só de quem tem acesso
privilegiado ao poder ou de quem teve a boa fortuna de nascer na protecção do
conforto económico."
Nem militares,
nem emigrantes
Uma tradição
destas mensagens de Natal que cai nesta de 2011 é a referência aos emigrantes
portugueses espalhados pelo mundo, assim como aos militares em missões no
estrangeiro.
Nos últimos
anos, nem José Sócrates, nem Santana Lopes (em 2004), nem Durão Barroso
esqueceram a referência nas últimas linhas das respectivas mensagens para os
portugueses espalhados pelo mundo. O Governo de Passos, refira-se, está sob
fortes críticas nessas duas frentes, devido às fortes restrições impostas pela
situação financeira e orçamental do País. Os militares fizeram já um desfile em
Novembro e uma vigília junto ao Palácio de Belém, motivados pelos cortes
impostos no Orçamento para 2012.
Quanto à
emigração, tem subido de tom a contestação ao fecho de sete embaixadas e cinco
vice-consulados, decretados pelo MNE de Paulo Portas, com movimentos activos
para travar até o envio de remessas para o País.
"País
precisa de todos"
Na última
semana, Passos foi mesmo criticado por ter defendido que os professores sem
emprego em Portugal procurassem trabalho em países de língua oficial
portuguesa, como Angola e o Brasil.
Ontem, na
mensagem gravada em S. Bento, o primeiro-ministro arrefeceu a polémica com
declarações integradoras: "Estou bem consciente dos problemas que tantos
enfrentam, sobretudo o dos jovens que querem começar a realizar os seus sonhos
e o daqueles mais velhos que, apesar do capital acumulado de saber e de experiência,
se vêem afastados do mercado de trabalho. Uma sociedade que se preza não pode
desperdiçar nem os seus jovens nem as pessoas que se encontram na fase mais
avançada da sua vida activa."
D.N. Politica
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