segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Mensaige - Lançamento na Casa Fernando Pessoa


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Fernando Castro Branco, editor da Zéfiro,
Amadeu Ferreira

No passado dia 14, a Mensagem de Fernando Pessoa, vertida para mirandês por Amadeu Ferreira[1], com prefácio de Fernando Castro Branco (que ainda não tivemos oportunidade de ler), foi lançada na Casa Fernando Pessoa, ao Campo de Ourique, em Lisboa, com a participação do seu editor (ed. Zéfiro). A sua apresentação foi da responsabilidade do grande poeta transmontano, Fernando Castro Branco. Não possuímos os textos, tanto do apresentador como do autor (lido em mirandês), duas verdadeiras lições sobre o mundo mirandês e o mundo pessoano. Por essa razão, limitamo-nos a elaborar uma síntese da obra de Pessoa, ilustrando-a com algumas fotografias do evento.
Estaremos sempre perto das minorias culturais. Porque só elas diferenciam o indivíduo e transmitem a diversidade necessária para o ser humano poder respirar a liberdade!


A Mensagem tornou-se, há muito, um livro de culto à semelhança de O Auto da Alma[2], Os Lusíadas[3], A Paixão do Jovem Werther[4], Á espera do Centeio[5], ou O lobo das Estepes[6]. Apenas para citarmos alguns.
Por exigência de Pessoa, Mensagem saiu a público a um de Dezembro de 1934. E com ele concorreu ao prémio literário do Secretariado da Propaganda Nacional. Que foi atribuído a Romaria, obra um tanto obscura de um missionário franciscano, Vasco Reis.
Por não ter cem páginas, como mandavam os regulamentos, a obra de Pessoa foi desclassificada, originando, por parte dos críticos do regime, uma onda de simpatia pelo poeta. O jornal O Diabo, em Janeiro desse ano, bem como o ultra-salazarista Tomás Ribeiro são favoráveis na crítica. Nacionalista mas não patrioteiro, Pessoa, em 1935 explica-se: “ Há três realidades sociais – o Individuo, a Nação, a Humanidade. Tudo o mais é fictício. São ficções a Família, a Religião, a Classe. É ficção o Estado. É ficção a Civilização”. E contínua, “ O Individuo, a Nação, a Humanidade são realidades porque são perfeitamente definidas. Têm contorno e forma O Individuo é a realidade de suprema porque tem um contorno material e mental – é um corpo vivo e uma alma viva. A Nação é também uma realidade, pois a definem o Território, ou o idioma, ou a continuidade histórica – um desses elementos, ou todos (…) A Humanidade é outra realidade social, tão forte como o individuo, mais forte ainda do que a Nação, porque mais definida do que ela”.
Pessoa desfaz, com esta descrição, a perplexidade dos que o viam enquadrado no regime, com a Mensagem. Nesse mesmo ano, o poeta escreve um libelo no Diário de Lisboa, contra a lei que havia de ilegalizar a Maçonaria.
Pessoa mostrou simpatia pelas ditaduras. As quais seriam um estado de transição. Ainda em 35 renegou o Interregno, lançando o lema “tudo pela Humanidade, nada contra a Nação”. Bem diferente do lema salazarista, “tudo pela Nação, nada contra a Nação”.
Na verdade, a Mensagem deve ser lida à luz deste turbilhão de sonho e razão, com múltiplos olhares.
Todo o poema nos seus quarenta e quatro braços, é um libelo contra a “alma pequena” (Mar Português). Mas o “Quinto Império” exige mais para ser construído. A Mensagem é, sem dúvida, um enorme brado contra o medíocre e o conformado. É, pois, a busca de um Sebastião redentor dentro de cada um de nós.
Foi disto que Fernando Castro Branco e Amadeu Ferreira nos falaram. Disto e de muito mais sobre o mundo mirandês.
Bem hajam!

Armando Palavras



[1] Talvez o maior investigador da língua mirandesa da actualidade.
[2] Gil Vicente.
[3] Luís de Camões.
[4] Johann Wolfgang Goethe.
[5] J.D. Salinger.
[6] Hermann Hesse.

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