Presidente da República Professor Anibal Cavaco Silva |
Sua Excelência o Presidente da República, professor Aníbal Cavaco Silva, ontem (Quarta Feira), ao contrário do que uma certa camada ideológica disseminava (com algum “enxovalho”) pelos mais incautos, além de coerente[1], mostrou ser um homem culto e, sobretudo decente. O que para nós não foi novidade alguma.
A propósito do Orçamento apresentado pelo actual Executivo, foi muito claro. Para o Presidente, Professor Catedrático de Economia (não é demais lembrá-lo), o corte nos subsídios (de Natal e de Férias – para quem as tem!) viola um princípio básico da equidade fiscal. Porque o corte em pensões ou vencimentos a grupos específicos é um imposto. “Está nos livros”, disse.
Mas disse mais. Que era absolutamente necessário evitar que se instalasse na sociedade portuguesa a ideia de que existe injustiça no pedido de sacrifícios. Que se instale a ideia de que se exige relativamente menos aos que têm maior capacidade retributiva, e mais aos que menos capacidade têm.
E acrescentou que há limites para os sacrifícios que se podem exigir ao cidadão comum.
Para quem o chamou de fascista, apenas diremos que é um verdadeiro social – democrata. E mais não diremos. “Para bom entendedor, meia palavra basta”, como diz o Povo.
Esta intervenção do Presidente, justa e adequada, vem na linha dos grandes pensadores (a economia não é tudo, a dignidade humana deve estar a cima desta). E já citamos (de memória) neste local, frase com cerca de 2500 anos, de Confúcio:” Não é a riqueza que torna um Estado próspero, mas sim a justiça”. Confúcio foi um homem sábio que teve o grande mérito de ter reunido nos seus livros[2] a sabedoria (as criações doutrinárias) dos antigos.
Confúcio pôs na prática as suas teorias, que resultaram. O príncipe de Lu entregou-lhe a administração da cidade de Chung-tu que, sob o seu governo, atingiu a maior prosperidade. O mesmo aconteceu quando lhe entregaram a administração do principado. O governo deste homem sábio tornou Lu num Estado modelo e conquistou o amor e a admiração do povo.
Sobre a doutrina deste homem enorme havemos de nos debruçar noutro escrito. Hoje basta-nos o que redigimos em síntese.
É claro que o actual Executivo encontrou um País em emergência. Desgraçadamente falido pelo consulado de José Sócrates e sua comandita. E não podendo debruçar-se sobre o que é importante, tem de agarrar o que é urgente. Mas mesmo agarrando o que é urgente, não se pode esquecer do que é importante, do que é justo. As palavras do Presidente vêm em boa altura.
Porque razão antigos titulares políticos auferem subvenções vitalícias, assim que deixam de exercer os seus cargos? Não seria mais justo auferi-las na idade de reforma como todos os cidadãos?
Será justo que um doutor, em circunstâncias semelhantes, aufira um vencimento menor que um licenciado?
Armando Palavras
[1] Pois, como disse, “mudou o Governo mas não mudei de opinião”.
[2] A Grande Doutrina; Os Cinco Kings; O Livro da Piedade Filial; Os Analectos (ou Conversas de Confúcio, coligidas após a sua morte). Não há desculpa para o seu desconhecimento, porque existem traduções em inglês e francês. Algumas em português.
Sem comentários:
Enviar um comentário