CASA DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO
(BRAGA)
Pessoa Colectiva de Utilidade Pública
Fundada em 11 de Julho de 1986
Cont. 510 803 602
Rua Simões de Almeida, 95, Salas 16 B/C, Apartado 571
4715-105 BRAGA
Tel. / Fax 253 216 038
PROGRAMA
15:00 H – VISIONAMENTO DE FILMES SOBRE FREIXO DE ESPADA À CINTA
17:00 H – HINO DE LAGOAÇA E APRESENTAÇÃO DA OBRA
19:00 H – MERENDA TRANSMONTANA
20:00 H – INTERVENÇÕES MUSICA
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(GRUPO DE CAVAQUINHOS DA CASA DE TRÁS-OS-MONTES
ASSOCIAÇÃO CULTURAL E FESTIVA «OS SINOS DA SÉ» DE BRAGA)
José Machado (Vice-Presidente da Casa de Trás-os-Montes de Braga) |
Sobre o livro: síntese
Trata-se de uma colectânea de textos de autores oriundos de Trás-os-Montes, mandada fazer neste ano de 2011 pela Comissão de Festas de Nossa Senhora das Graças de Lagoaça, freguesia do distrito de Bragança e do concelho de Freixo de Espada à Cinta, sob a direcção de António Neto e de Armando Palavras, o primeiro empresário e presidente da festa da padroeira, o segundo professor, ambos com umbilical e sentimental ligação à freguesia promotora desta iniciativa que serviu para celebrar os 725 anos de atribuição do Foral pelo Rei D. Dinis.
Ambos os promotores e autores de textos se explicam: Neto considera esta colectânea uma acção simbólica de concretização do dever de honrar pai e mãe, ou seja, uma aplicação do dever que um indivíduo tem de se superar, honrando o orgulho de ser descendente de outros que tudo fizeram para vencerem dificuldades maiores, com menos meios e menos recursos. Armando Palavras considera que os 74 autores cumpriram a missão de testemunhar a reflexão, esta prática intervencionista da cidadania que se opõe à indiferença ou ao sossego da boa vida, sobre uma região que está encriptada no imaginário português de forma singular.
Trata-se de um mosaico de conhecimento, sintetizando as dimensões da ciência e da cultura, com aberturas temáticas multidisciplinares: literatura variada, desde o conto à poesia, passando pelas viagens e pela descrição de pendor etno e antropológico, política e segurança, do país e do mundo, personalidades, mercado de trabalho, costumes e tradições, arte, música, museus, gastronomia, ciência, crítica social, programação sentimental e pessoal, para referir aquele tipo de textos incontornáveis de amor próprio e razão cega.
Trata-se de uma iniciativa original por parte de uma Comissão de Festas a Nossa Senhora das Graças, entidade já por si angariadora de fundos para cumprimento de razões de fé, mas expansiva dos seus projectos e objectivos: uma devoção fortalece-se quando busca mais conhecimento de nós, dos nossos e dos outros. Bem podem dar graças à Senhora das Graças que os compensou com obra de substância, boa para leitura regular, podendo o leitor intervalar, saltar, variar e escrever à margem ou em espaços disponíveis, que os tem.
Ao fim e ao cabo, todos os autores quiseram perspectivar Trás-os-Montes a partir de uma reflexão, como se um lugar pudesse ser o centro do universo, coisa que todos temos por certa: de onde estou penso o mundo, por onde andar penso a minha terra. Há no livro o pensamento local e o pensamento global, há o quixotismo dos moinhos de vento serem exércitos inimigos, e há o vicentismo de introduzir as novidades mal elas se cheiram no ar, há a preocupação didáctica e há a crítica acesa, há a viagem e há o regresso, há a nostalgia e há a fuga, há uma estética geral de vontade. Toda a gente quis fazer algo sobre nós, os transmontanos, os portugueses, os cidadãos da Europa e do mundo.
O primeiro conselho ao leitor é o de que abra o livro na página 351 e passe os olhos pelos autores, verificará personalidades incontornáveis do nosso destino desde antes do 25 de Abril, os mais velhos nasceram nos anos 20 do século XX, nem todos são de Trás-os-Montes mas todos foram tocados pelas vicissitudes da região ou do «reino maravilhoso, para usar uma expressão de Miguel Torga, também ele «presente» na poética da obra. Neste presente histórico marcado pela crise e pelos apelos à mudança de paradigma de desenvolvimento, há no livro muitas pedras de toque, umas geradoras de incómodo e de apreensão, outras apaziguadoras.
A imagem de Nossa Senhora das Graças tem nela própria a sugestão do livro e da escrita: saem-lhe das mãos resplendores de influência, linhas de água para rega de terras, linhas de imaginação para alimento de sonhos, sugestão de ideias para reflexão. Agora diga o leitor se este profundo arreigamento antropológico ao poder fecundante da mãe não é a chave de todo o encantamento que um livro deseja possuir.
José Machado, professor, vice presidente da CTMAD em Braga, Outubro 2011.
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